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Criptomoedas: libertando pessoas do complexo bancário-estatal

Uma das primeiras coisas que você aprende quando começa a lutar Jiu-Jitsu, a suave arte de estrangular pessoas no chão, é que praticamente qualquer fuga ou movimento relevante envolve mexer seu quadril de alguma maneira. Segue-se que se você quer controlar seu adversário e grampeá-lo no chão sem qualquer chance de fuga, para então torcer um de seus membros de uma forma estudada, técnica e dolorosa, é praticamente imprescindível controlar os quadris dele.

Juros e crédito são como os quadris da economia. Claro, é possível operar uma grande empresa sem tomar nenhum crédito, mas isso é algo muito raro de se encontrar. Todos os setores, da mineração até a venda de uma geladeira, da agricultura até o restaurante, usam crédito de uma forma ou outra.

E é justamente por isso que é tão perigoso que o estado controle o sistema bancário.

E que grande controle de quadril ele tem. Todos os bancos de fomento do Brasil somados possuem 950 bilhões de reais em ativos. O Banco do Brasil possui mais 1,5 trilhões em ativos, e a Caixa Econômica Federal mais 1,3 trilhões. Somando tudo, isso dá 56% do PIB do Brasil. Claro, nem todos os ativos são diretamente crédito, mas de qualquer forma são números muito impressionantes, e totalmente sob controle político.

Este controle pode ser utilizado de várias formas, mas vamos nos ater a duas delas.

Como o governo usa créditos e juros?

temer e o uso de juros

A primeira forma lógica de usar o crédito e o juro como uma forma de controle é conceder crédito a aliados e negá-lo a inimigos. Basta ver as empresas envolvidas na Operação Lava-Jato e outros escândalos recentes e compará-las a lista de empresas que mais tomam crédito de bancos estatais no país.

A foto do apartamento de Geddel Vieira Lima é internacionalmente famosa, porém muitos esquecem como aquele dinheiro veio a estar encaixotado naquele apartamento: de 2011 a 2013 Geddel foi Vice-Presidente de Pessoa Jurídica na Caixa Econômica Federal. Geddel e seu parceiro Eduardo Cunha, ambos nomeados no governo de Dilma Rousseff, são acusados de cobrar propina para liberar empréstimos na Caixa. Cunha, diga-se de passagem, já está condenado a 24 anos de cadeia.

Poderíamos também entrar no mérito da enorme lista de empreendimentos extremamente questionáveis financiados pelo BNDES, ou dos escândalos de corrupção no Minha Casa Minha Vida, financiado pela Caixa Econômica, e tantos casos mais, mas creio que o leitor já entendeu o ponto geral da coisa. Quem joga o jogo ganha crédito, muitas vezes subsidiado, e quem não está no time fica a ver navios.

O que não se vê

geddel vieira

Mas um segundo custo oculto também acontece: quem não recebeu o crédito e o que deixou de ser feito. É o que Bastiat chamou de “o que se vê e o que não se vê”.

É impossível “desver” as malas de Geddel, porém nunca veremos todas as inovações, empregos e prosperidade que teriam sido alcançados se essas centenas de bilhões de reais não tivessem sido desviados.

E mesmo o pouco que restou é afetado, afinal de contas ao sugar o crédito do mercado para direciona-lo aos amigos e colegas, o governo aumenta os juros para as migalhas restantes no setor privado. Oferta e demanda.

Apenas os que podem pagar os altíssimos juros nos bancos privados, que conseguem acessar fundos de investimento ou mercados internacionais de crédito, sobrevivendo a todos os impostos, burocracias e restrições no meio do caminho, irão prosperar. O resto, os pequenos empreendedores, estarão condenados a uma sentença de eterna pequeneza. O carcereiro tem várias faces: controles de capital, barreiras de investimento, regulações que cartelizam o mercado e tantas outras coisas que destroem o mercado privado de crédito.

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Viciados em benefícios

Dinheiro e governo

A segunda forma de usar esse crédito para fins políticos é um pouco mais disfarçada e muito mais viciante. É o crédito direcionado, subsidiado, especial, estratégico, ou qualquer que seja o nome fantasioso que o governo der naquele momento.

Um enorme exemplo disso no Brasil é o Plano Safra. São mais de 200 bilhões de reais, muitos deles a juros controlados e condições facilitadas, direcionados pelo governo para o setor agrícola. Não é inovação deste governo atual, é só uma repaginação do governo do PT, que por sua vez repaginou outros programas, e por aí vamos.

Uma vez que este crédito é conjurado e entra na economia, os tomadores ficam “viciados” nele. Isso ocorre porque o crédito é sempre necessário, e tão logo uma taxa mais baixa de juros é oferecida, empreendedores investem usando este preço como base em seus cálculos. Em cima desses investimentos são criados empregos, famílias e vidas, permanentemente atreladas ao governo tomar de outras pessoas para subsidiar um juro.

Este bloco de pessoas não é formado só de agricultores, mas também de suas famílias, funcionários e clientes. Essas pessoas tem um interesse direto na manutenção desse juro favorável, e gostem ou não terão que apoiar quem prometer mantê-lo.

Num cenário de aperto fiscal como o que temos atualmente no país, este bloco precisará lutar duramente para manter seu benefício especial, e terá que se jogar aos pés de políticos, pagando altos preços, para que seu estilo de vida atual seja protegido. Quanto maior o benefício agora, maior o vício e a dor que será sentida depois, quando este benefício for revisto ou removido.

Ao espalhar esses créditos subsidiados por toda a economia, o governo nos transforma num bando de viciados. Pessoas de boa fé, que jamais desejariam mal a outros, são reduzidos a pedir mais impostos em outros grupos, só que como praticamente qualquer setor está ganhando um juro amigável, resulta que todos começam a se odiar. Enquanto isso o culpado pela coisa toda, o governo que ofereceu o presente de grego, chega então como salvador da pátria e promete uma solução mágica.

A solução sempre envolve algum outro grupo pagando uma enorme conta. E mesmo que isso seja percebido, aqueles que foram levados a depender do crédito conseguem relativizar mais facilmente a situação, já que seu bem-estar está em jogo.

Libertando pessoas, vire seu próprio banco

Esse é um dos motivos porque o Bitcoin e tantas outras moedas são maravilhosas. Elas permitem que pessoas desbancarizadas, sem acesso a crédito e investidores ou sem conexões políticas se tornem seus próprios bancos, ou sejam bancos para outras pessoas.

Não só oferecendo uma moeda que possui valor, mas também criando um ambiente de reputação e resolução de disputas, as criptomoedas oferecem uma alternativa ao sistema bancário convencional. Isto permite que pessoas de outros países possam conceder crédito de maneira rápida, fácil e segura para pessoas que nunca conheceram e talvez nunca venham a conhecer.

Ao libertar as pessoas da necessidade de usar bancos, e ao permitir que transações sejam feitas de maneira descentralizada, ignorando fronteiras, barreiras e propinas, o Bitcoin permite a todos, mas especialmente aos pequenos, que se libertem da prisão financeira e política que os impede de crescer.

Hoje a infraestrutura digital que permite essas conexões ainda é jovem, e ainda comete erros que são naturais da juventude, mas definitivamente estamos vendo evolução.

Em 2008 tínhamos nada além de algemas. Em 2009 nasceu o Bitcoin, em 2013 vimos a explosão de novas plataformas, como a Xapo ou a Uphold, em 2015 nasceu o Ethereum, facilitando a formação de jurisdições e contratos inteligentes, e hoje em 2018 vários concorrentes do Ethereum existem.

Uma das cerejas do bolo é a Bitnation, que criou uma plataforma imune a censuras, onde via um simples chat você pode criar uma nação inteira com pessoas que nunca conheceu, transacionar valores e formar contratos.

E sem dúvidas estaremos daqui alguns anos olhando para 2018 e pensando: naquela época era tudo mato.

Ainda existe muito a fazer, mas hoje quem precisa de acesso ao sistema financeiro e a crédito, especialmente o pequeno crédito, está muito mais livre do que era dez anos atrás, e a tendência é apenas de melhora. O controle político do crédito está cada vez mais fraco, e em vias de tomar uma chave de braço.

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