Depois da extorsão feita pelo governo dos Estados Unidos com a Tether, chegou a vez das garras norte-americanas atacarem as exchanges de criptomoedas. A primeira vítima será um empreendedor afro-americano de sucesso, Arthur Hayes – ex-CEO da Bitmex.
Como o governo destruiu a Bitmex
No dia 01/10/2020 os fundadores e executivos da Bitmex foram acusados de violar a Lei de Sigilo Bancário por promotores nos Estados Unidos. Não que a Bitmex tenha invadido a conta de alguém, vendido dados sigilosos ilegalmente ou apontado uma arma para a cabeça dos clientes, nada disso. Eles foram acusados de “operar ilegalmente nos EUA” e conspirar para violar leis.
Vale lembrar que a Bitmex está sediada em Seychelles e todos sabemos das vantagens de abrir uma empresa por lá. Segundo a acusação, Hayes escolheu Seychelles “porque custou menos subornar as autoridades de Seychellois – apenas ‘um coco’ – do que custaria para subornar reguladores nos Estados Unidos e em outros lugares“
A diferença de um coco para os milhões gastos pela Coinbase, Ripple e FTX em lobby irritou Washington.
A Bitmex não é uma exchange de bitcoin perfeita. Quem operava por lá sofria com diversos problemas, isso é inegável. Mesmo assim, ela se tornou em poucos anos a favorita entre os investidores de criptoativos, não por que eles eram obrigados a negociar por lá, mas devido aos ótimos serviços prestados apesar de tudo.
Entretanto, você não pode criar um negócio fora dos Estados Unidos e deixar que norte-americanos usem-no sem molhar as mãos dos políticos locais. Quem não lembra do Bernard Madoff? Ele “enganou” a SEC, todos os reguladores e chegou a dar palestras para investidores a convite da organização governamental.
Mesmo com as acusações sólidas de Harry Markopolos, que afirmou sobre o fundo de Madoff: “em 5 minutos eu sabia que isso era totalmente falso. Demorou 4 horas para provar matematicamente”, o golpe continuou por anos.
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Reed, Hayes e o exemplo
Se a punição para Madoff demorou 30 anos, a da Bitmex foi rápida – apenas 6. Samule Reed, um dos executivos da corretora, foi preso em 2020 e solto após pagar uma fiança de US$5 milhões.
Já Arthur continuou soltou em Cingapura, contudo, documentos do tribunal sobre uma audiência com Reed apontam que essa situação não continuará por muito tempo. A procuradora dos EUA Jessica Greenwood disse ao tribunal que Hayes “discutiu uma data de rendição em 6 de abril de 2021 no Havaí”. Ela acrescentou que “o plano é notificar o Tribunal antes dessa aparição e discutir a logística para que ele se renda e seja apresentado no Havaí e, em seguida, apareçam remotamente diante de sua Excelência”. Jessica também disse que já estava discutindo uma fiança para o empreendedor.
Enquanto para a Bitmex, as consequências foram destruidoras. Bilhões de dólares em bitcoins saíram da exchange.
“A terra da liberdade”
Como “a terra dos livres” se tornou a terra dos que previnem a liberdade alheia? Hoje, grande parte dos ICOs e oportunidades no mercado de criptoativos excluem completamente os investidores norte-americanos.
Apesar de ainda ser o maior mercado do mundo, os custos e problemas envolvidos em fazer negócios nos EUA desincentivam diversos empreendedores. Vale muito mais excluir os norte-americanos que ter o maior império que o mundo já viu querendo te prender.