Após cancelamento de Monark e onda de desmonetização no Youtube, podcasters discutem como será o futuro da criação de conteúdo livre na internet com plataformas descentralizadas.
Conversando sobre o algoritmo do Youtube supostamente prejudicando podcasts, Monark e Rogério Vilela, durante o segundo episódio do Monark Talks, chegaram ao tema de plataformas descentralizadas como uma alternativa à plataforma de vídeos do Google.
Após o cancelamento do Monark, fundador do Flow Podcast, Vilela disse que possivelmente o Youtube passou a ser mais rigoroso em relação a monetização dos vídeos de cortes. Supostamente o Youtube está percebendo uma tendência das marcas evitarem a associação com programas de conversas livres.
“Acho que por causa do que aconteceu contigo”, disse Vilela à Monark sobre a desmonetização de vários vídeos de clipes de podcasts. “Pode ser coincidência também, não sei, mas acho que os caras estão mais cuidadosos.”
Segundo Monark, o Youtube está em decadência por este motivo e a plataforma “um dia vai acabar.”. Bruno Aiub, nome verdadeiro de Monark, foi contratado pelo Rumble para montar o seu próprio podcast no site concorrente ao Youtube, que chegou ao Brasil com a estréia do Monark Talks.
No entanto, para Monark e Vilela, “o futuro” não está nem mesmo em plataformas como o Rumble que possuem um marketing relacionado a liberdade de expressão e regras menos rígidas. Plataformas descentralizadas, marcadas pela resistência à censura que serão capazes de mudar verdadeiramente a criação de conteúdo na internet.
A descentralização de redes P2P como o Bitcoin
“Eu não consigo imaginar para onde a gente vai, mas com certeza a nossa inteligência é tão limitada, que vai ter alguma coisa que está nos nossos olhos e a gente não enxerga, que daqui 5 anos, esquece! Não é rede social, é outra coisa que a gente nem imaginava agora.”, diz Vilela, dando o que poderia ser uma descrição do Bitcoin por um leigo há 20 anos quando o assunto fosse dinheiro.
Já para Monark, o futuro está em plataformas descentralizadas:
“Tem o Bitcoin, certo? O Bitcoin foi feito de um jeito que ninguém é dono. Não tem um cara que pode decidir ‘vou mudar o algoritmo do Bitcoin para privilegiar certas pessoas’. E tem algumas plataformas que estão surgindo que tem justamente essa dinâmica.”
Sobre o armazenamento de dados e quem iria arcar com os custos de servidores, Monark diz que a solução é peer-to-peer (P2P). O próprio usuário armazena, assim como funciona o BitTorrent antes mesmo da criação do Bitcoin.
“O Bitcoin é assim, onde ficam armazenadas [os dados das transações de Bitcoin]? [Ficam com] os próprios caras que estão [minerando] bitcoin.”, diz Monark.
Ou seja, uma plataforma de vídeos descentralizada para competir com o Youtube com total liberdade e resistência à censura precisaria de um sistema descentralizado e com incentivos alinhados para um grupo de pessoas enxergar que vale a pena arcar com os custos.
As plataformas mais conhecidas que já buscam este ideal são LBRY, Bitchute, PeerTube, BitTube e Dtube, embora não sejam completamente descentralizadas.
Analogia entre Deus e Satoshi
Em uma das demonstrações de genialidade questionável de Monark, ele finaliza o assunto comparando a dinâmica de redes descentralizadas (P2P) com o que Deus fez com o mundo.
“Ele botou algumas regras aqui, fez o algoritmo e falou: vai lá! Eu coloquei o negócio justo aqui! Agora eu não tenho mais influência nisso.”
Concluindo o assunto, em uma descrição muito semelhante ao que Satoshi Nakamoto, o criador do Bitcoin, fez ao lançar a criptomoeda, Vilela disse:
“As revoluções estão separadas e as pessoas vão começar a juntar tudo. Inteligência artificial, pesquisa em DNA, pesquisa em exoesqueleto, não sei o que… É tanto ramo separado, que vai chegar uns gênios e vão começar [a falar] ‘Epa! C**alho! Conecta isso aqui com isso, e tal’. […] Vai acontecer umas coisas absurdas, eu acho.”
O que Satoshi fez em 2008 ao publicar o seu whitepaper? Juntou inovações que já existiam como criptografia de curvas elípticas, redes P2P, o conceito de proof-of-work, etc. e chegou ao Bitcoin. Quantas ferramentas e tecnologias estão disponíveis por aí para alguém montar o melhor Youtube descentralizado? Deixe sua opinião em um comentário abaixo.
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