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MP acusa empresários ligados ao MBL de lavagem de dinheiro com criptoativos

Preso empresário ligado ao mbl

O Ministério Público de São Paulo realizou na manhã de hoje a operação Juno Moneta, contra pessoas com “estreitas ligações” ao MBL (Movimento Brasil Livre), para investigar suspeitas de lavagem de dinheiro que poderiam envolver até mesmo o uso de criptoativos como o Bitcoin.

A operação foi efetuada pelo Gedec (Grupo Especial de repressão a Delitos Econômicos) com apoio da Polícia Civil e Federal em 6 endereços, inclusive em uma sede do Movimento Renovação Liberal (MRL) – a pessoa jurídica responsável pela marca MBL.

“As evidências já obtidas indicam que estes envolvidos, entre outros, construíram efetiva blindagem patrimonial composta por um número significativo de pessoas jurídicas, tornando o fluxo de recursos extremamente difícil de ser rastreado, inclusive utilizando-se de criptoativos e interpostas pessoas”, indicou o MP-SP em nota.

Das investigações realizadas, diversos aparelhos como celulares, computadores, HDs e pendrives foram apreendidos, além de documentos pessoais e dinheiro.

Além disso, foi apurada uma dita “confusão empresarial” entre o MRL e o MBL, e o “recebimento suspeito de doações online” através da plataforma Google Pagamentos, que costuma retirar 30% do valor como taxa, ao invés de doações diretas aos grupos.

Foi alegado pelos promotores que houve utilização irregular, “especialmente fiscais”, de diversas empresas: “A família Ferreira dos Santos, criadora do MBL, adquiriu/criou duas dezenas de empresas – que hoje se encontram – todas – inoperantes e, somente em relação ao Fisco Federal, devem tributos, já inscritos em dívida ativa da União, cujos montantes atingem cerca de R$ 400 milhões”.

Segundo o Gedec, Alessander Monaco Ferreira teria levantado suspeitas a si após realizar “movimentação financeira extraordinária e incompatível” utilizando da “criação/sociedade em duas empresas de fachada”.

Por fim, Ferreira já teria feito mais de 50 viagens à Brasília, para visitar o Ministério da Educação, entre julho de 2016 e 2018, com finalidade não justificada.

Carlos Augusto de Moraes Afonso, (outro investigado pela procuradoria), foi apontado pelo MP-SP por “ameaçar pessoas que questionaram as finanças do MBL, além da disseminação de fake news e a criação e sociedade de ao menos quatro empresas de fachada”, usando “contas de passagem, indícios de movimentação financeira incompatível perante do fisco federal”.

Onde estão os bitcoins do MBL?

A carteira de Bitcoins do MBL, na qual já foi noticiada em matéria anterior do Cointimes, aberta a receber doações públicas, fica no endereço 3PcsFMpPbg5toAnidzmhdsmBxqgrYCdCNX da rede.

Porém, segundo o site de consultas da rede Blockchain.com, a carteira recebeu um total de 0.07546364 BTC, um total equivalente a menos de R$ 3.800. Além disso, todas as doações recebidas no endereço foram reencaminhadas para outras carteiras pouco tempo depois de serem recebidas, ainda segundo informações do site.

As carteiras para quais as doações do site eram encaminhadas já carregaram milhares de bitcoins, indicando que possivelmente são endereços de bitcoin de exchanges ou serviços similares.

Várias transações foram realizadas pela carteira, mas até agora, a única coisa que se sabe é que o endereço publicamente divulgado pelo grupo MBL se encontra atualmente quase esvaziada, com menos de 1 dólar.

MBL nega todas as acusações

Em postagem do portal do MBL, uma nota de esclarecimento foi emitida sobre as prisões vinculadas ao nome do grupo. Além do grupo negar a ligação com Alessander Monaco Ferreira e Carlos Augusto de Moraes Afonso (Luciano Ayan), a mensagem abaixo:

“Em que pese as alegações amplamente difundidas pela imprensa e até mesmo pelo Ministério Público quanto a ligação dos senhores Alessander Monaco Ferreira e Carlos Augusto de Moraes Afonso, vulgo Luciano Ayan com o MBL, inicialmente cumpre esclarecer que ambos jamais fizeram parte do Movimento.

Importa destacar que não existe confusão empresarial entre Movimento Brasil Livre e Movimento Renovação Liberal, haja vista que o MBL não é uma empresa, mas sim uma marca, sob gestão e responsabilidade do Movimento Renovação Liberal – única pessoa jurídica do Movimento – o que é fato público e notório, inclusive posto publicamente em inúmeros litígios onde a entidade figura como autora e até mesmo Requerida.

Chega a ser risível o apontamento de ocultação por doações na plataforma Google Pagamentos, haja vista que todas as doações recebidas na plataforma são públicas, oriundas do Youtube e vulgarmente conhecidas como “superchats”, significando quantias irrisórias, feitas por uma vasta gama de indivíduos de forma espontânea. Sob o aspecto lógico, seria impossível realizar qualquer espécie de ocultação e simulação fiscal por uma plataforma pública e com quantias pífias.

Por fim, cumpre esclarecer que as atividades empresariais e familiares dos fundadores do MBL são anteriores ao próprio Movimento e não possuem qualquer vinculação, haja vista que não possuem qualquer conexão ou convergência de finalidade.

Com o respeito e acato ao órgão ministerial, importa esclarecer que as assertivas apontadas quanto ao MBL são completamente distantes da realidade, tratando-se de um devaneio tolo, totalmente despido de sustentação fática e legal com a única finalidade de macular a honra de um movimento pautado nos pilares da ética, da moral e da liberdade”

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