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Você é um libertário? O que é libertarianismo

libertários na rua

Você é libertário e nem sabia?

É bem possível que você seja libertário e não saiba disso. Tudo bem, acontece com muita gente. Vamos conferir umas coisas:

Você acredita que deveria poder decidir o que seus filhos estudarão? Você acha que não deveria ser obrigado a financiar uma manifestação cultural que não concorda pessoalmente? Você acredita que deveria poder se associar – e não se associar – com quem quiser? Você acredita que uma pessoa pode fazer o que quiser com o corpo dela, ou num quarto com outras pessoas, desde que todo mundo consinta? Você acredita que quem acha que tem a solução para tudo na verdade não tem a solução de coisa nenhuma? Se você respondeu vários “sim”, então eu estava correto: corre sério risco que você seja um libertário como eu.

Ou resumindo isso tudo isso em uma pergunta: Você concorda que as pessoas deveriam cuidar da própria vida, que não deveriam cuidar da vida dos outros sem autorização deles, e devem arcar com as consequências caso façam algo que causa dano para outras pessoas? Se sim, é, não tem jeito, você é um libertário.

O que os libertários defendem?

bandeira libertário com bitcoin

Libertarios defendem que você é dono de você mesmo. Seu corpo é seu, não dos outros. Sua mente é sua, não de outra pessoa. Você não possui uma dívida de existência com o resto da humanidade, e nenhuma obrigação de fazer o que os outros acham que você deve fazer. Sua vida é sua. Exclusivamente sua.

Isso não quer dizer viver numa ilha isolado, ou viver sem interagir, cooperar, ajudar e ser ajudado. De fato o ser humano vive melhor quando coopera e interage com outras pessoas. Mas a única forma que podemos todos interagir e cooperar é se cada um de nós respeitar que o outro é o outro, que ele não é uma coisa nossa e sim um outro ser humano, com os mesmos direitos que você ou eu.

A única forma que uma sociedade pode funcionar sem transformar alguns ou todos os humanos em objetos ou ferramentas é se for respeitado o chamado “princípio de não-agressão”, a ideia de que ninguém deve agredir ninguém, e quem for agredido possui o direito de se defender e de ser restituído em caso de dano. Não há outra forma de organizar as regras de uma sociedade sem implicitamente assumir que alguém é propriedade de alguém.

E como fica a ordem social?

Muitos dizem que isso significa bagunça, falta de ordem. Que se não existir uma organização que impõe regras quer você concorde ou não, o chamado estado, não existirá qualquer ordem.

Oras, a existência desse texto já desprova esse argumento. Esse texto segue uma ordem, regras gramaticais, acentuação, formação de palavras, e por aí vai. Alguém um dia passou uma lei dizendo como a linguagem seria? O congresso votou sobre isso? É claro que não. A linguagem se formou do comum acordo que surgiu entre nós, do que melhor comunicava ideias e mensagens, e hoje continua evoluindo conforme necessário.

A moeda segue a mesma lógica, a família segue a mesma lógica. Ela surgiu porque as pessoas precisavam negociar com mais facilidade. Alguém precisou passar uma lei? Ou mesmo as amizades, os clubes, as religiões e seus templos, surgiram porque um dia nós votamos e políticos criaram essas instituições?

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Obviamente não, elas surgiram porque nós precisávamos interagir de uma forma ou de outra, e para isso criamos regras, uma ordem que surgiu da necessidade e que se adapta aos indivíduos que participam dela. Cada uma terá suas regras, e participa quem quer. Não à toa essas instituições existem a tanto tempo e ninguém é obrigado a participar delas.

O problema é o estado. Não a governança. Governança toda empresa tem, toda fazenda tem, todo clube de figurinhas tem. O problema é a ideia de uma governança obrigatória, alguém que criou regras, obrigou você a segui-las sem lhe consultar e vai lhe tratar como um criminoso caso você não siga. O estado não surgiu porque precisamos dele, nem com consentimento de quem seguiu ele, e isso é muito bem documentado. Todo estado foi um dia uma organização criminosa, até que um belo dia ela se tornou grande e começou a usar roupas mais bonitas. Não há um caso documentado de um estado que tenha surgido com o expresso consentimento de todos os governados por ele.

Ordem, regras, governança, são um serviço tal como internet, telefonia ou entrega de pizza. Eles devem atender quem os usa, e caso não atendam, deve ser possível que sejam recusados. É apenas o mesmo princípio que usamos para casamentos, amizades, empresas e clubes.

Qual é o caminho?

E é libertando os indivíduos para que possam criar estruturas de governança e proteção como melhor atenderem seus interesses que produziremos essas estruturas. Não é coagindo outras pessoas a fazer o que não entendem, desejam ou concordam que conseguiremos resolver seus problemas.

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É assim que a família foi criada, que as amizades e que as empresas nascem e florescem. É assim que as melhores ideias e invenções são produzidas. Acima de tudo, é assim que o humano vive: em liberdade, em completo controle de seu corpo e mente, e com a possibilidade de usa-los livremente. É em liberdade, e apenas em liberdade, que a humanidade floresce. É isso que um libertário defende.

O problema é que isso hoje é considerado uma ideia radical. É por isso que criei minha empresa, que começou com um simples canal de YouTube para fazer vídeos explicando o que está nesse texto, para explicar como a liberdade produz bons resultados e como a coerção atrasa e corrói nossas vidas. A esperança é um dia mudar o nome da empresa para “Ideias Normais”.

Certamente será um longo caminho, mas creio que ele está mais andado do que imaginamos. O movimento pela liberdade no Brasil está muito mais avançado do que estava apenas alguns anos atrás, e mais e mais pessoas percebem que o libertarianismo não é uma ideia bizarra e diferente, mas sim em muitos casos a conclusão lógica daquilo que elas já defendiam. Além disso, cada vez mais pessoas que já entenderam a importância da liberdade estão criando estruturas que nos permitem interagir e criar organizações sem a necessidade de agredir outras pessoas. Uma delas é o Bitcoin. As outras são as futuras pautas dessa coluna e de tantas outras.

 

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