O principal meio de transporte usado para chegar à COP 27 tem sido o jatinho particular. Diversos líderes têm feito essa escolha e Joaquim Leite, o atual ministro de Meio Ambiente, foi um dos primeiros a expor a distância entre o discurso ambiental e a realidade praticada no nível individual.
“Filantropos, líderes e empresários e seu sempre exagerado número de assessores vieram em jatos particulares ao luxuoso balneário do Mar Vermelho para cobrar metas de redução de emissões dos outros, sugerindo carros ultramodernos a hidrogênio ou 100% elétricos, completamente desconexos da realidade de diversas regiões do Brasil e do mundo”, declarou essa semana. Além disso, acrescentou que política ambiental se faz com empregos verdes, e não com combate a mudanças climáticas.
Um dos principais alvos dessa crítica foi o presidente recém-eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que foi à Cúpula do Clima em um jatinho do tipo Gulfstream G650. Esse modelo transporta 15 pessoas no máximo, e emite cerca de 130 toneladas de CO₂ entre Brasil e Egito.
Para a Federação Europeia para o Transporte e Meio Ambiente, as emissões oriundas dos jatos particulares são maiores (5-14x por pessoa, em média) que pelas vias tradicionais. Afinal, o combustível usado no deslocamento é dividido por um número menor de passageiros a bordo.
É importante destacar que os aviões de carreira precisam de 2 a 3 conexões para chegar a esse mesmo destino (Brasil x Egito), pois não existe voo direto partindo de Guarulhos. É necessário recorrer a escalas saindo do norte da África ou de algum país do Mediterrâneo (Itália), para chegar ao balneário.
De maneira geral, os voos internacionais levam até 250 passageiros a bordo, dependendo do modelo de aeronave usado pela companhia. Já nas conexões regionais são utilizados aviões menores, com capacidade para até 150 pessoas. Esses dados são uma média do que é feito pelo setor de aviação civil.
Por fim, é inevitável perceber o quanto as escolhas individuais têm reflexos sobre o meio ambiente e a COP tem sido um exemplo disso, pois um grande número de participantes do evento (mais de 400) vem escolhendo a alternativa mais poluente para efetuar seus deslocamentos até Sharm El Sheikh.
Fonte: Revista Oeste / Poder 360
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