Recentemente, diversas empresas criaram seus próprios tokens que representam dólares, são as chamadas stablecoins no jargão do mercado.
Ou seja, para cada 1 token é necessário 1 dólar na conta bancária do emissor.
Nesse post vamos falar sobre algumas dessas moedas, suas vantagens, desvantagens e qual a melhor stablecoin para você.
Leia o texto abaixo para entender mais sobre o conceito de stablecoins:
Por que usar um “token dólar”?
As vantagens de utilizar um token no lugar de dólares são muitas, a primeira delas é a velocidade de transmissão dos ativos.
Em poucos segundos você pode mandar um token do Brasil para o Japão. Além do tempo de transmissão, as taxas de transação também são absurdamente ridículas. Enquanto eu escrevo, o custo de enviar um token no blockchain da Ethereum é de 0,05 centavos de dólar.
Um ponto pouco citado, mas de real importância, é a segurança dos tokens. É muito mais seguro utilizar um token criptografado do que uma nota de dólar ou até mesmo cartão de crédito/débito.
O cartão de crédito está ficando obsoleto?
Quem são os grandes competidores do mercado?
Em 2018, os 4 grandes tokens pareados com o dólar eram: Tether USD, TrueUSD, GUSD e PAX. Atualmente, outros surgiram dominando o mercado, como USD Coin, Binance USD e DAI. Cada um desses tokens têm sua peculiaridade, iremos explorar cada um deles de forma resumida.
Por respeito, começaremos pelos mais velhos.
Tether USD (USDT)
O TetherUSD é o token mais antigo nessa categoria. Atualmente é o 3° token mais negociado no mercado de criptomoedas, atrás apenas do BTC e do ETH.
Sua importância é tanta que muitos especialistas dizem que ele foi fundamental para a última grande alta no preço do bitcoin.
O TetherUSD funciona utilizando a tecnologia OmniLayer, que utiliza o blockchain do Bitcoin e do Litecoin para dar maior transparência as transações de Tether.
Apesar de ser o mais antigo dessa lista, o TetherUSD tem vários problemas. O maior deles é a falta de auditoria, sem ela não é possível saber se a relação de 1:1 entre tokens e dólares é real.
No início, a Tether Inc teve problemas com transferências internacionais, o que abriu espaço para grandes especulações.
Mais recentemente, a Tether abriu a carteira e mostrou do que é composta a sua carteira. No entanto, ainda não se trata de uma auditoria completa feita por terceiros de confiança.
O saque somente é possível para players com mais de 100 mil dólares em Tether.
TrueUSD (TUSD)
O TUSD surgiu com algumas diferenças notáveis para o Tether. A maior delas é o fato de ser auditado por empresas de renome no mercado financeiro mundial. Uma das auditorias foi realizada pela Cohen&Co.
Outra grande vantagem é que, diferente do Tether, a empresa por trás do True USD não cria ou destrói dólares, quem faz isso são os bancos e instituições associadas.
Para sacar o valor em dólares é preciso ter pelo menos 10 mil TUSD, passar por um processo de KYC/AML e aguardar a transação ser realizada.
Gemini Dólar (GUSD)
O Gemini Dólar (GUSD), é a moeda criada pelos irmãos Winklevoss (co-criadores do Facebook) e donos de uma grande exchange norte-americana.
O GUSD também é auditado por autoridades externas. Todos os dólares ficam em um banco, legalmente registrado e localizado em Nova York (State Street Bank and Trust Company). Ele foi criado utilizando diversos contratos inteligentes na rede Ethereum, possibilitando a ação da empresa em caso de ordens judiciais.
É possível comprá-lo em várias corretoras, entretanto para sacar diretamente para dólar é preciso fazer usando a Gemini Exchange.
PAX
Paxos Standard foi em 2018 o terceiro em quantidade de dólares criados, quando chegou a 131 milhões segundo o CoinMarketcap. Hoje, o token é chamado de Pax Dollar (USDP).
Assim como GUSD e o TUSD, a Paxos Trust Company é uma companhia legalmente registrada em Nova York. Todos os dólares depositados ficam em um banco sob a jurisdição norte-americana.
O modo de funcionamento do Paxos é bem mais simples do que o utilizado pelo GUSD, contendo apenas um contrato inteligente e um sistema de saque simples.
Aliás, para sacar PAX você precisa se cadastrar na itBit ou na página oficial do token. Para conseguir sacar, é preciso também passar por um processo de KYC/AML que pode demorar até 5 dias.
USD Coin (USDC)
Criada no final de 2018 pela Circle, empresa irmã da exchange Coinbase, a USDC se tornou uma das maiores stablecoins da atualidade. Em 2020, ela recebeu diversas atualizações no protocolo e smart contracts patrocinadas pela Coinbase para servir melhor como método de pagamento no dia a dia.
Além das empresas terem uma relevante aproximação dos reguladores americanos, considerando que a Coinbase é uma exchange de capital aberto, a USD Coin até agora nunca foi investigada por supostos escândalos.
Hoje conta com US $43 bilhões em capitalização de mercado, apesar de ter um volume inferior ao da Binance USD.
Binance USD (BUSD)
O “dólar Binance”. Também uma stablecoin de corretora, mas dessa vez emitida pela maior exchange do mundo, Binance, em parceria com a Paxos.
Ela foi aprovada e regulada pelo Departamento de Serviços Financeiros de Nova York (NYDFS) e tem reportagem de reservas mensalmente em site oficial. Foi lançada em setembro de 2019 e alcançou o seu lugar no top 3 em market cap rapidamente, ficando atrás somente da USDT em volume.
No mercado DeFi, é dominante quando o assunto é o ambiente provido pela BNB Smart Chain.
DAI
A única stablecoin entre as maiores do mercado que mira um futuro mais descentralizado, embora falhe nesse aspecto atualmente. A emissora da DAI é a Organização Autônoma Descentralizada MakerDAO.
Ela funciona de forma que, cada usuário que queira emitir novas unidades de DAI precisam deixar um colateral em criptomoedas para que segurem o valor daquele dólar. Mas, como as criptomoedas são voláteis, a DAI na verdade é sobre colateralizada para funcionar de forma suave.
Em teoria, o colateral é liquidado automaticamente por um smart contract antes de chegarem ao valor de US $1 por DAI, em caso de desvalorização das criptos. Para evitar esse cenário, a maior parte do lastro da DAI é composta por outras stablecoins como USDC.
Ou seja, o ecossistema da DAI acaba sujeito aos mesmos riscos de centralização oferecidos pelo ecossistema da USD Coin.
Conclusão
Quando for utilizar alguma dessas stablecoins, pense na transparência, segurança e respaldo jurídico, além claro da liquidez e histórico de paridade com o dólar.
No dia 30 de novembro de 2022, esse era o ranking das principais stablecoins e seus dados de mercado:

Importante: evite as stablecoins menores, especialmente se não tiverem lastro e optarem pelo caminho da paridade através de arbitragem incentivada, como a falida TerraUSD (UST).