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Risco de calote nos EUA pode obrigar Biden a agir, diz deputado

Os Estados Unidos não darão calote na dívida pública, mas o governo Biden pode ter que tomar medidas unilaterais para evitar uma crise, diz o deputado Ro Khanna, um democrata da Califórnia.

“A questão é se isso culminará em ações unilaterais por parte do executivo”, disse Khanna durante uma reunião com repórteres do Bloomberg News na segunda-feira (23).

“Eu espero que não”, adicionou Khanna, que enfatizou que os republicanos foram os responsáveis por uma grande parte do aumento da dívida americana ao longo das últimas várias décadas. “Eu acredito que nós passaremos por momentos difíceis, não é nada bom para o sistema político, mas, no final das contas, eu não acho que os Estados Unidos darão calote”.

As opções disponíveis para o presidente Joe Biden, segundo Khanna, incluem sustentar a tese jurídica de que as dotações do Congresso já aprovadas devem ser pagas independentemente do limite da dívida; aumentar a taxa de juros nos títulos do tesouro americano, uma estratégia contábil que artificialmente diminuiria o valor nominal dos ativos americanos, mas traria o risco de prejudicar a confiança do mercado por bastante tempo; ou emitir uma moeda de US $ 1 trilhão.

A Secretária do Tesouro, Janet Yellen, rejeitou a ideia da moeda, levantando dúvidas sobre a aceitação da medida por parte do FED (banco central americano).

Membros da bancada ultraconservadora Freedom Caucus e outros republicanos exigiram reduções radicais nos gastos do Governo, incluindo a Seguridade Social e o Medicare, em troca de aumentar o teto da dívida durante este ano.

O ex-presidente Donald Trump se manifestou contrariamente aos cortes no Medicare e na Seguridade Social, mas outros cortes possíveis, como nos gastos militares, não seriam do agrado da base republicana. 

Embora o Congresso nunca tenha permitido que os EUA dessem calote, a perspectiva para uma solução de curto prazo parece sombria no momento. Republicanos moderados, ao menos por ora, parecem apoiar o presidente da Câmara Kevin McCarthy e estão lutando por uma solução negociada, mas os deputados republicanos divergem sobre como ela poderia ser.

Khanna gostaria de estrategicamente cortar o orçamento da Defesa e cobrar impostos dos ultra-ricos — incluindo os bilionários do Vale do Silício, que fica no seu distrito eleitoral.

“Déficits orçamentários importam”, disse ele. “Eles importam porque eles aumentam os juros para o governo federal. Em última análise, eles importam quando eles são a causa da inflação ou afastam o investimento privado.”

No entanto, o último presidente a deixar um superávit orçamentário foi Bill Clinton, disse Khanna. Ele falou sobre os cortes de impostos que beneficiaram principalmente os ricos e as custosas guerras no Iraque e no Afeganistão durante o governo de George W. Bush — que alcançou um déficit de US $3,3 trilhões ao longo de seus dois mandatos; e os amplos cortes de impostos sob o Governo Trump, que viu um déficit de US $6,6 trilhões após quatro anos, em parte causado por gastos para combater a crise do coronavírus. 

Ele não mencionou Barack Obama, que trouxe um déficit de US $6,8 trilhões nos seus oito anos na Casa Branca. 

“Nós estamos procurando formas de pagar a dívida em grande parte causada pelos republicanos e eles estão dizendo ‘nós não queremos pagar a dívida que contraímos’”, disse Khanna. “Eu digo para não negociarmos se pagamos ou não nossas dívidas. É claro que pagamos nossas dívidas.”

Traduzido e adaptado da Bloomberg

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