A história pode nos ensinar muitas coisas e uma das mais importantes é que ela se repete. Um exemplo comum disso encontra-se na moda, quem diria que as pochetes viraram tendência entre os jovens em 2021. Quiçá, que uma tendência que começou em 1602 voltaria trazendo inovações inacreditáveis para o mercado financeiro global.
Mas antes de falarmos de 1602, do comércio global e de uma inovação que pode impactar o mercado em trilhões de dólares nos próximos anos, preciso relembrar o conceito matemático de moda e tendência.
A moda é uma medida de tendência cujo objetivo é identificar o valor mais frequente em determinado conjunto. Isso pode se aplicar a coisas prosaicas como roupas até análises de comportamento em mercados financeiros.
Em 1602, um grupo de comerciantes se uniu para criar o que hoje é uma moda entre praticamente todo investidor. Naquela época, o comércio intercontinental na Europa crescia baseado em iguarias importadas de diversos locais, principalmente da Índia.
Mas para fazer as viagens era necessário uma grande quantidade de capital e também coordenação entre comerciantes para que eles não tivessem prejuízos na já arriscada tarefa comercial.
O primeiro IPO do mundo
Pensando nisso, foi criada a Vereenigde Oost-Indische Compagnie (VOC), mais conhecida como Companhia das Índias Ocidentais e lembrada até hoje como a primeira a vender partes de si para o público; no que mais tarde seria chamado de IPO (Oferta Pública Inicial, do inglês ‘Initial Public Offering’).

A ideia de dividir em pedaços parte da propriedade da VOC foi revolucionária e deu origem à primeira bolsa de valores, a Amsterdam Stock Exchange.
Em seu auge a VOC empregou 10 mil soldados profissionais, 40 navios de guerra e 150 navios mercantes, tornando-se a primeira empresa multinacional a criar uma subsidiária na Ásia.
Ao longo dos quase cem anos de sua existência a empresa emitiu títulos de dívida, participou de guerras e até mesmo criou uma moeda própria, a “VOC Coin”.

A história se repete: da VOC à Gucci
Desde 1602 o mercado financeiro avançou absurdamente criando novos instrumentos financeiros, grande diversificação de empresas e finalmente virando eletrônico entre o final da década de 90 e os anos 2000.
Essas inovações foram apenas incrementais, mas recentemente vimos surgir uma inovação radical, o Bitcoin. Com ele, descobrimos que podemos criar consenso e escassez limitada no mundo digital.
Isso abriu as portas para um processo de digitalização com potencial de engolir a economia global. Como assim? Com o uso do blockchain é possível criar tokens digitais que representam ou são os próprios ativos, por exemplo, podemos “tokenizar” uma obra de arte.
Para isso, criamos um token que representa tal obra, então dividimos o token em quantos pedaços quisermos. Dessa forma, uma obra que custaria R$1 milhão pode ser parcialmente adquirida por um cidadão comum – basta dividi-la em 1 milhão de pedaços de R$1.
Esse processo de digitalizar e dividir ativos chamamos de tokenização. Esse conceito já está sendo aplicado em diversas corretoras como Foxbit, Coinext, Novadax e Binance; dentro dentre dessas, qualquer brasileiro já pode investir em títulos de dívidas antes apenas disponíveis para os mais ricos ou em outros ativos de altíssima qualidade.
Nos Estados Unidos, a SEC já aprovou diversas emissões de tokens que representam empresas como a da carteira Exodus, que conseguiu levantar US$75 milhões com um ativo próprio.
O fenômeno de dividir empreendimentos ganha muita flexibilidade quando adicionamos a tecnologia do blockchain. O surgimento de ICOs (Ofertas Iniciais de Moedas) e STOs (Ofertas de Valores Mobiliários) movimentou bilhões de dólares entre 2014 e 2021.
Agora, a “moda” que surgiu da ideia de navegadores em 1602 está quebrando a barreira das empresas e chegando para o mundo das artes com os NFTs, das dívidas com os precatórios em blockchain, da dívida pública de El Salvador e até mesmo das bolsas Gucci.
Sim, a Gucci já utiliza a tecnologia de blockchain para tokenizar suas bolsas e dar mais uma garantia da autenticidade dos seus produtos.
Metaverso, games e oportunidades
E não são apenas itens físicos que estão sendo tokenizados em blockchain, os itens virtuais estão sendo as primeiras vítimas desse processo. Segundo o relatório “The Metaverse”, da Grayscale, o mercado de games está pronto para a tokenização de itens “in-game” no blockchain e o potencial deste mercado é gigantesco:

A tokenização do mercado de criptomoedas veio para ajudar a democratizar os investimentos por meio dessa revolução que começou há mais de 400 anos e está sendo aprimorada graças ao bitcoin.
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