O FMI advertiu que sanções financeiras à Rússia ameaçam minar o domínio do dólar americano e favorecem o estabelecimento de novos padrões monetários, como a adoção do Bitcoin.
Dólar poderia perder sua posição como padrão monetário global
“Sanções financeiras impostas à Rússia por sua invasão na Ucrânia podem resultar na redução do domínio da moeda dos EUA”, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). “O confronto pode levar à fragmentação do atual sistema monetário mundial”, alertou o principal representante da instituição.
De acordo com Gita Gopinath, primeira vice-diretora-gerente do FMI, as medidas de sanções financeiras sem precedentes podem diminuir gradualmente o domínio do dólar americano, com países e blocos econômicos buscando alternativas para manter ativas as cadeias de suprimento e as economias locais.
Falando ao Financial Times, a vice-diretora do FMI também alertou que as restrições, podem incentivar o surgimento de pequenos blocos monetários baseados no comércio entre grupos de nações.
“Já estamos vendo isso com alguns países renegociando a moeda em que são pagos pelo comércio.”
Monopólio ameaçado e adoção do bitcoin
A Federação Russa vem tentando reduzir sua dependência da moeda americana há anos, especialmente depois que os Estados Unidos impuseram sanções pela anexação da Crimeia em 2014. A Rússia está impulsionando a “desdolarização”, afirmou o vice-chanceler Alexander Pankin em um comunicado.
Com o endurecimento dos bloqueios após um ataque militar da Rússia à Ucrânia, autoridades em Moscou passaram a manifestar interesse em usar criptomoedas e estariam até prontas para aceitar bitcoin para exportação de energia, juntamente com o rublo russo.
A Rússia possuía aproximadamente um quinto de suas reservas em dólar, alocados em diversos países que hoje estão endossando as sanções comerciais e econômicas, fazendo com que as reservas sejam ameaçadas e buscando soluções mais criativas, como a adoção do bitcoin.
Gopinath observou que o uso crescente de outras moedas no comércio global levaria a uma maior diversificação dos ativos de reserva mantidos pelos bancos centrais. “Os países tendem a acumular reservas nas moedas com as quais negociam com o resto do mundo e nas quais tomam emprestado do resto do mundo, então você pode ver algumas tendências lentas em direção a outras moedas desempenhando um papel maior”, disse.
O FMI destacou que a participação do dólar nas reservas internacionais caiu em 10 pontos percentuais, para 60%, nas últimas duas décadas.
A vice-diretora acredita que a guerra também impulsionará os ativos financeiros digitais, de criptomoedas a stablecoins e moedas digitais do banco central (CBDCs). “Tudo isso ganhará ainda mais atenção após os episódios recentes, o que nos remete à questão da regulação internacional. Há uma lacuna a ser preenchida aí”, explicou.
Desta forma, o monopólio do dólar está ameaçado, o que poderá diminuir a importância dos Estados Unidos no cenário global, marcando uma nova era de relações internacionais.
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