El Salvador anunciou que emitirá títulos de dívida atrelados ao Bitcoin.
E como isso será feito? Através da utilização de uma solução de segunda camada (Liquid Network), desenvolvida pela Blockstream.
Contexto da operação
O presidente Bukele anunciou que construirá a primeira Bitcoin City (“cidade Bitcoin”) do mundo, com 0% de imposto sobre renda, ganhos de capital, propriedades ou folha de pagamento.
Para financiar a construção, serão emitidos inicialmente duas classes de Bonds, totalizando US$ 1 bilhões (cerca de R$ 5,6 bilhões, na cotação de hoje).
Esse montante bilionário será dividido em 2 classes distintas, como explicado a seguir:
- Primeira classe de Bonds: será um título de dívida lastreado em BTC, onde o país comprará 500 milhões de dólares em ₿ (Bitcoin) a vista, ou “spot”, como é chamado em inglês.
- Segunda classe de Bonds: será um título atrelado a construção de uma segunda usina geotérmica, que servirá tanto para alimentar a Bitcoin City quanto para alimentar novas fazendas de mineração.
O tipo de investimento envolvido na operação dessa segunda classe é um pouco não usual para investidores de bitcoin, que não estão acostumados a esse tipo de operação atrelada a ativos físicos, no geral.
Entretanto, é um tipo de operação bem comum no mercado tradicional. Com ela, é possível levantar fundos para construção de algum ativo futuro, sem precisar recorrer a empréstimos bancários.
O que são “bonds”?
“Bonds” podem ser traduzidos como “Títulos” ou “Obrigações” (no sentido de obrigação de pagamento).
Nesse caso, um título é um instrumento de renda fixa (ou até variável, que é menos comum) que representa um empréstimo feito por um investidor (geralmente emprestado de um empresa ou governo), com características semelhantes às de empréstimos comuns (como juros e prazo para pagamento definido), e que podem ser negociados, como um ativo qualquer que paga juros.
Os preços dos títulos são inversamente correlacionados com as taxas de juros que prometem:
Quando as taxas sobem, os preços dos títulos caem, e vice-versa.
Default x Bitcoin
Sobre o prazo de pagamento definido, quando ele não ocorre na data de vencimento acordada, acontece o chamado “Default” (inadimplência), que é quando a empresa ou o governo não conseguem pagar as dívidas anteriores.
Muitas vezes, no caso de Default dos governos, mais moeda é emitida para pagar dívidas antigas. A partir dessa emissão, surge um efeito colateral bastante temido: começa a aumentar a inflação da moeda no país, e a população passa a perder poder de compra dia após dia.
O problema aí é quando esse processo fica fora de controle, e a inflação vira um ciclo negativo e vicioso de emitir novas dívidas para pagar dívidas anteriores, e aumentar a inflação.
Obviamente, esse é um risco que o Bitcoin não vai correr. Isso porque, dado o algoritmo, existe um número limitado de bitcoins a serem minerados no mundo.
Atualmente, existem 18.880.493 BTC em circulação, o que representa 90% do total de Bitcoins que existirá no mundo daqui a algumas décadas (21.000.000).
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