O governo de El Salvador anunciou no LABITCONF, a última conferência de Bitcoin da América Latina, a criação de uma cidade totalmente ‘hiperbitcoinizada’.
Chamada de Bitcoin City, a cidade é um projeto turístico e residencial integrado com Bitcoin, como anunciou o jornal local Diario El Salvador no domingo (21):
De acordo com A Casa Presidencial, a nova cidade será construída entre as cidades de La Unión e Conchagua. A localização será próxima de um vulcão, que abastecerá a ‘Cidade Bitcoin’ com energia geotérmica, por isso a propaganda diz “0% de emissão de CO2”.
Mas além de zero emissões de carbono, está nos planos de Nayib Bukele, o presidente do país, a isenção de vários impostos.
A cidade pretende se manter com 10% de impostos sobre produtos e serviços, enquanto isenta os cidadãos de imposto de renda, sobre ganho de capital, sobre propriedade e o imposto municipal.
Como citamos anteriormente no último episódio do podcast Bits Semanais, há uma semelhança entre a Bitcoin City e o pequeno país de Mônaco, que funciona com uma estrutura de impostos parecida. O principal incentivo é atrair pessoas ricas para morar lá.
“Bitcoin City será a cidade mais avançada de seu tipo, mais famosa do que as maiores cidades e metrópoles do mundo. É o início do que será chamado de ‘Área Metropolitana da Cidade Bitcoin’”, disse o governo de El Salvador em comunicado.
De acordo com a Casa Presidencial, a Bitcoin City terá em seu centro uma praça com o “B” de Bitcoin esculpido nela, além de um museu dedicado à criptomoeda. No museu, “as pessoas aprenderão sobre a evolução do dinheiro: das pedras à perfeição do blockchain”, publicou o governo no Twitter.
US$1 bilhão em “Bitcoin Bonds”
Além de ter o BTC como sua moeda oficial, a cidade do Bitcoin será financiada por títulos baseados em Bitcoin, que serão vendidos na sidechain Liquid, desenvolvida pela Blockstream.
A Blockstream é uma empresa fundada por antigos desenvolvedores do Bitcoin e conta com Adam Back como o CEO, um dos únicos nomes citados no whitepaper da criptomoeda. Conhecido como Dr. Back, ele é o criador do conceito de Proof-of-Work, que deu vida à mineração de Bitcoin.
A mineração de BTC com energia vulcânica é uma das coisas que os títulos do país devem financiar. Os Bitcoin Bonds serão usados para comprar bitcoin, investir em mineração e infraestrutura.
Samson Mow, o CSO da Blockstream, comentou sobre o uso da Liquid para a emissão dos bonds:
“Estamos em negociações com El Salvador há meses e nos esforçamos muito para projetar e modelar os títulos. Essa oferta de títulos é algo que acreditamos ser atraente para uma ampla gama de investidores, desde investidores em criptomoedas, investidores em busca de rendimento, HODLers e pessoas comuns. Acreditamos que esse título tem potencial para acelerar a ‘hiperbitcoinização’ e criar um novo sistema financeiro baseado no Bitcoin.”
Segundo Mow, o dinheiro arrecadado com o título será dividido pela metade, com US$ 500 milhões sendo alocados para o Bitcoin e outros US$ 500M para a construção de energia e infraestrutura de mineração de Bitcoin na região.
El Salvador está confiante de que o projeto será um sucesso, e conta com o auxílio de outra gigante da indústria de ativos digitais, a iFinex. A controladora da Bitfinex e da Tether ajudará o governo a desenvolver um ambiente propício para o crescimento do setor de criptomoedas em El Salvador.
El Salvador deu curso legal ao Bitcoin pela primeira vez em setembro e tem acumulado BTC periodicamente em seu tesouro.
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