No último dia 24, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu o financiamento do BNDES para ampliar o gasoduto Néstor Kirchner em Vaca Muerta, na Argentina. A ideia é escoar o gás para o Brasil, que poderia aproveitá-lo a um menor custo – segundo divulgou o atual governo.
Para Sergio Massa, ministro da economia do país vizinho, serão aportados US$ 820 milhões (R$ 4,2 bilhões) do banco brasileiro nesse projeto, mas ainda não foram definidas quaisquer garantias, prazos e sistema de taxas. Esse assunto, inclusive, será melhor debatido em sua próxima viagem ao Brasil, que acontece na primeira semana de fevereiro.
Com esse financiamento a indústria do xisto ganha força em Vaca Muerta, mas do ponto de vista ambiental essa técnica de extração (fracking) é considerada altamente poluente. De maneira resumida, nessas operações são feitas perfurações nas rochas e depois se injeta água, areia e produtos químicos para separar o gás e o óleo, da formação. No final, o solo e o lençol freático ficam comprometidos.
Em termos de saúde pública, já existem estudos que correlacionam o fracking a casos de câncer, problemas cardíacos e desordens neurológicas nas comunidades do entorno. Não é à toa que diversos países do mundo proíbem a sua utilização.
Pelo menos 14 dos 300 poços que estão sendo explorados estão localizados em territórios de povos originários, e os indígenas são os mais impactados, segundo Jorge Anhuel, autoridade política da comunidade Mapuche.
O apoio do BNDES a esse projeto anda na contramão da agenda verde que a instituição tem se dedicado nos últimos anos, e o Brasil tampouco tem regulamentação para a exploração do gás de xisto.
Mas para o economista Adriano Pires, esse financiamento seria sim proveitoso ao Brasil e quem deve se preocupar com essa questão ambiental são os argentinos.
“Hoje, o Brasil tem um problema que é aumentar a oferta de gás. Aliás, não apenas o Brasil, pois, a Europa também sofre com essa questão. Trazer gás da Argentina é bom, mas o problema é a questão da oferta de gás brasileiro. Não podemos ficar reféns dos importadores. É necessário aumentar a oferta de gás natural”, conclui.
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