Brian Armstrong, CEO da Coinbase, disse acreditar que Sam Bankman-Fried roubou fundos de clientes, o que acabou levando ao colapso da FTX no início do mês passado. Isto contrasta fortemente com o que SBF tem argumentado na recente série de entrevistas.
No final de novembro, James Bromley, advogado da nova administração da FTX, disse durante uma audiência de falência que uma “quantia substancial” dos ativos da FTX ou está desaparecida ou foi roubada.
De acordo com Bromley, a antiga liderança demonstrou uma “total falta de profissionalismo” na administração de bilhões de dólares em cripto ativos de usuários. “O que temos aqui é uma organização mundial, internacional, mas que foi dirigida como um feudo pessoal de Sam Bankman-Fried,” afirmou ele.
Depois de um breve período de silêncio, o ex-CEO da FTX conduziu várias entrevistas para explicar o que havia acontecido com a exchange e com os fundos dos clientes, mas suas explicações têm atraído críticas da comunidade cripto, que entendem o discurso como uma tentativa fraca de contenção de danos.
Armstrong parece concordar fortemente com a comunidade:
“Dinheiro roubado dos clientes e usado em fundo de hedge, simples assim.”
Implicando que o dinheiro foi usado para preencher um buraco no balanço da empresa irmã da FTX, a Alameda Research. Enquanto isso, a Fortune publicou no domingo, 4 de dezembro, que Armstrong está “desconcertado com a liberdade de SBF” que, na sua opinião, deveria estar preso.
Mais aparições de SBF na mídia
Após reaparecer em público, Bankman-Fried culpou erros de contabilidade e “enormes falhas de gestão” não apenas pelo fracasso da empresa, mas pelos US $8 bilhões transferidos da FTX para a Alameda. A relação entre estas duas empresas continua a ser investigada.
Em entrevista ao The New York Times, o ex-CEO declarou que ele “nunca tentou cometer fraude,” que ele “não misturou os fundos intencionalmente,” que ele “ficou francamente surpreso com a grande posição da Alameda,” e que houve “uma falha de supervisão da gestão de risco.”
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As aparições midiáticas estão sendo tão frequentes, e tão questionáveis, que até mesmo Sorkin, advogado do mentor da maior fraude financeira do mundo, sugeriu que Bankman-Fried “cale a boca” enquanto a investigação sobre o colapso continua. Um dos exemplos que melhor ilustram as aparições de SBF são as salas de bate-papo por áudio no Twitter, o Spaces.
O modus operandi tem sido: se dispor a responder perguntas e ser “honesto sobre o que aconteceu,” falar de maneira evasiva como tentativa de corroborar a ideia de que é inocente e está com vergonha dos “erros bobos;” fazer uso constante de respostas como “não tenho certeza,” “foi um grande engano,” “eu sabia muito pouco sobre isso,” “não me recordo,” e “não foi culpa minha;” e, finalmente, fugir quando as perguntas levariam a respostas que o incriminam.
Por exemplo, uma das desculpas usadas por SBF sobre “permitir que o erro que causou o colapso da FTX acontecesse” é que ele “estava sobrecarregado,” mas ex-funcionários vieram a público afirmando que o haviam avisado previamente dos possíveis riscos.
Mas quando esse fato foi apontado pelo YouTuber Coffeezilla, que estava participando ativamente da entrevista e registrou tudo em seu canal, Bankman-Fried afirmou que estava apenas “mais ou menos ciente dos sistemas” que acarretaram na falência e então saiu do Space. Além disso, ainda que Coffeezilla pareça ser uma das únicas pessoas dispostas a fazer perguntas mais objetivas a Bankman-Fried, as respostas não mudam.
Como mencionado no começo deste artigo, a comunidade parece estar em consenso sobre as falas de SBF. Citando um dos comentários no vídeo de Coffeezilla, ouvir Bankman-Fried se defendendo “é como escutar um adolescente tentando explicar como ter batido o carro ‘emprestado’ do próprio pai foi culpa de outra pessoa.”
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