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Em entrevista, SBF tenta recuperar sua boa imagem

sbf - sam bankman fried ftx

Enquanto detalhes sobre o colapso da FTX permanecem um mistério para toda a comunidade cripto, SBF está fazendo o possível para limpar sua imagem, mas sem grande sucesso. 

Na última terça-feira, 29 de novembro, um canal no YouTube, chamado Coffeezilla, publicou um vídeo destrinchando uma entrevista exclusiva com SBF, concedida para Tiffany Fong e publicada na íntegra em seu canal, também no Youtube. 

Coffeezilla foi quem criou o documentário sobre: Safemoon, o golpe de US$1 bilhão que hipnotizou brasileiros.

Não se sabe ao certo porque Sam Bankman-Fried, ex-CEO e fundador da FTX, decidiu conversar com Fong dado que ele tem fugido de entrevistas, e ela mesma admitiu que não foi capaz de entender os motivos. 

Mas, de qualquer maneira, aproveitando esta oportunidade única, Fong deu continuidade a entrevista, que abrange temas como o pedido de falência, a suposta backdoor, o uso do FTT como garantia, os laços com o Partido Democrata dos EUA, os advogados e a batalha jurisdicional que estão por vir, bem como seus próximos passos de SBF.

Em seu vídeo, no entanto, o host do canal Coffeezilla tentou verificar as alegações trazidas por SBF, e desmentiu diversas delas. Vale pontuar que grande parte das afirmações contidas no vídeo carregam as opiniões pessoais do dono do canal, especialmente porque SBF não respondeu objetivamente nenhuma das perguntas analisadas e que ele “mente” muito, no sentido de que usa verdade rasas para disfarçar problemas,

O colapso da FTX, segundo SBF

Antes de entrar em assuntos que Bankman-Fried afirma odiar, tais quais sua vida pessoal e suas doações para políticos e jornalistas, alguns pontos podem ser feitos sobre como SBF responde às perguntas que ele considera interessantes. Ou seja, sobre a “verdade” a respeito do ocorrido, segundo ele. 

Fong fez perguntas bastante objetivas para SBF, mas abriu brechas para que ele escolhesse como responder. Por exemplo, sobre a backdoor da FTX, Fong fez sua pergunta baseando-se na matéria da Reuters, mas acabou confundindo alguns detalhes. O problema aqui é que Fong sugeriu que SBF é quem havia instalado a backdoor, por não se lembrar da matéria completa. A resposta de Bankman-Fried foi que “eu não sei escrever códigos, então não fui eu.” 

Esse padrão de comportamento pode ser observado durante toda a entrevista, como apontado por Coffeezilla. Fong faz questões que SBF não quer responder, e ele desvia do assunto, focando em pontos de pouca importância enquanto tenta pintar uma imagem de jovem ingênuo e injustiçado. 

Em outras palavras, para que nenhuma das suas atitudes pareçam suspeitas, SBF se faz de bobo. Sobre a backdoor, SBF diz que não sabe escrever código, como se isso impedisse que seus parceiros de negócios a fizessem em seu nome. 

Sobre a falência, Sam culpa os advogados da exchange, dizendo que sofreu pressão para que o processo fosse aberto mas que, caso contrário, já teria conseguido resolver tudo e devolver dinheiro aos clientes da FTX.

Sobre o que causou o problema de liquidez e então colapso da FTX, Sam diz que foi um acidente de contabilidade, em teoria, a conta para fundos de clientes foi aberta com um nome ambíguo, que parecia o nome da conta cujos fundos eram enviados para a Alameda. 

Em suma, nenhuma resposta foi dada. Infelizmente para Bankman-Fried, isso foi tão evidente que comentários em ambos os canais no Youtube, tanto de Fong quanto de Coffeezilla, perceberam o cinismo do ex-CEO:

“O problema com o argumento “sou estúpido e incompetente” é que Sam se formou no Instituto de Tecnologia de Massachusetts e conseguiu um emprego como quant na Jane Street Capital. Seus pais são professores da Faculdade de Direito de Stanford e seu irmão é um trader de Wall Street. Ele sabe o que está fazendo,” lembrou um dos comentários. 

Sam não gosta de jornalistas, nem de políticos

Como pontuado por Coffeezilla, SBF construiu uma imagem de si mesmo usando dinheiro para moldá-la. As doações de Bankman-Fried foram amplamente usadas para fazer com que ele fosse conhecido como um bilionário generoso. 

SBF fez a segunda maior doação para o partido democrata estadunidense em 2022. No entanto, na entrevista, Bankman admitiu que fez uma doação exatamente igual ao partido republicano, e que isso não chegou a público pois, segundo ele, “jornalistas são todos liberais e não falariam bem de mim por isso.” 

Vale lembrar que o termo “liberal” nos EUA está mais próximo do que consideramos como centro-esquerda no Brasil, enquanto aqui a mesma palavra é utilizada para centro-direta. 

Além disso, ele também fez doações bastante generosas para diversas empresas da imprensa. Talvez esse seja um dos motivos pelos quais a cobertura sobre todo o ocorrido tenha sido tão positiva nas mídias tradicionais. 

SBF alegou que evita falar com a imprensa pois ela não é neutra. Segundo ele, os jornais estão apenas em busca de cliques, e não em busca da “verdade.” Para Bankman-Fried, não vale a pena falar sobre o que se passou com a FTX em entrevistas pois a história é “simples e sem graça,” e jornais buscam apenas assuntos mais polêmicos, como seus relacionamentos amorosos e suas doações. 

Curiosamente, em todos os momentos no qual relacionamentos amorosos foram mencionados durante a entrevista com Fong, o assunto começou com falas de SBF. 

Como observado no vídeo de Coffeezilla, faz pouca diferença se o que Bankman disse na entrevista é verdade ou mentira. O resultado, quase de modo unânime nos comentários, é uma descrença de que ele serve a algum interesse que não os próprios e, ao que tudo indica, esses interesses não envolvem cripto, política e muito menos a verdade.

Assista ao vídeo de Coffeezilla na íntegra:

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