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Safemoon, o golpe de US$1 bilhão que hipnotizou brasileiros

Imagem de capa do documentário sobre Safemoon por coffeezilla

Esta é a história de Safemoon, um projeto que alimentou o sonho de milhares de pessoas, mas que se provou ser um grande esquema de fraude financeira, em um rug pull bilionário.

Nesta segunda-feira, dia 18 de abril, o canal do youtube Coffeezilla (1 milhão de inscritos), vinculado à conta no twitter @coffeebreak_YT, subiu um documentário de 40 minutos onde apresenta uma investigação realizada por ele e por sua equipe sobre o projeto SafeMoon (SAFEMOON).

A investigação durou mais de um ano, segundo relatado pelo apresentador e as evidências são bastante conclusivas. Tão conclusivas, que o FBI está investigando o caso e já existem processos legais no ministério público norte-americano contra a equipe acusada de fraude.

Vale a pena assistir o documentário completo (em inglês) para conhecer todos os detalhes.

Safemoon no Brasil

O token construído na Binance Smart Chain fez muito sucesso no Brasil e frequentemente era visto em conversas sobre o mercado e grupos de criptomoedas em diversas redes sociais.

No telegram, o grupo para Brasil e Portugal hoje ainda conta com mais de 10 mil membros, mesmo após diversas evidências de fraude no decorrer deste ano e após a publicação do documentário.

Grupo SafeMoon PT/BR 10431 membros

No facebook o grupo oficial brasileiro também ainda mantém mais de 7 mil membros apoiando o projeto que está se confirmando como um dos maiores rug pulls do mercado até hoje e a quantidade de participantes tanto no telegram, quanto no facebook, era muito maior.

SafeMoon Brasil (Oficial) no facebook 7400 membros.

De acordo com Coingolive, mesmo após toda essa exposição negativa durante um ano, o token SAFEMOON ainda mantém a posição #187 no ranking por capitalização de mercado, com mais de R$1,80 bilhões em marketcap. 

Fonte: Coingolive

Superando projetos legítimos como a nano, por exemplo, que atualmente ocupa o rank #223, com menos de R$1bi de capitalização.

Safemoon, não tão safe assim

De acordo com o documentário, o projeto nasceu como um fork do Bee Token (BEE), que provou se tratar de um rug pull. Inclusive a própria equipe da Safemoon admitiu no passado que eles haviam copiado o código de um projeto fraudulento.

Resumidamente, o BEE criava um sistema de pools de liquidez em AMM (Automated Market Makers), onde o token podia ser trocado por BNB de forma automática, recompensando os investidores com parte das taxas – como acontece com a maioria dos projetos DeFi.

A diferença do Bee Token, é que eram cobradas taxas de 5% sobre as transações, das quais 3% eram destinados ao pool de liquidez (algo normal), mas 2% eram distribuídos em forma de airdrop para todos os holders de BEE. Incentivando o hold, com um rendimento passivo simplesmente por ter o token em carteira.

A forma como Safemoon se destacou, foi que, ao invés de 5%, eles “inovaram” e “evoluíram” (conforme descrito pela própria equipe), cobrando 10% de taxas sobre todas as transações.

O nome safemoon, foi estrategicamente pensado para criar uma noção de segurança e ganhos extraordinários garantidos dentro deste sistema insustentável.

Kyle e o token “Me Dê Seu Dinheiro”

O criador da Safemoon é um desenvolvedor anônimo que atende pelo nome de Kyle e já havia feito algumas tentativas de lançar tokens cujo intuito era puramente de “money grab” (pegador de dinheiro).

Uma de suas invenções foi o token chamado Give Me Your Money (GMYM), que literalmente significa: “Me Dê Seu Dinheiro”.

Contrato do token GMYM

Equipe Safemoon

Conforme testemunhado por um dos Community Managers (CM) do projeto, em entrevista, Kyle nunca imaginou que este empreendimento iria tão longe e não estava preparado para o que aconteceu.

Foi então que ele montou uma equipe, que se provou dedicada em manter a fraude e enganar a comunidade.

Foto dos membros da equipe safemoon.

Entre os protagonistas no golpe, além de Kyle, está John Karony, o CEO da Safemoon e porta-voz do projeto. Karony já trabalhou no departamento de segurança pública dos Estados Unidos, em carreira militar e seus pais eram ambos ex-agentes da CIA.

John Karony é quem continua a frente da equipe atualmente e ainda possui uma legião de fãs que o defendem, mesmo apesar das provas para seu crime.

Existem relatos de que o CEO, com o tempo, comprou a saída dos outros membros, conforme as atitudes maliciosas de cada um deles era exposta publicamente.

Isso aconteceu com Kyle, que foi descoberto sacando fundos das pools de liquidez da Safemoon/BNB, mesmo quando o whitepaper afirmava que os fundos em LP estavam automaticamente travados por contrato inteligente e que era impossível serem retirados.

O que, em teoria, deveria impossibilitar um rug pull, como o que aconteceu.

Em seguida, foi “Papa” – Thomas Smith – quem foi pego roubando os fundos dos contratos, sob a desculpa de estar transferindo fundos da pool v1, para a pool v2.

O que aconteceu na verdade, foi que ele retirou BNB e SAFEMOON da v1, mas injetou apenas BNB na v2, mantendo o token safemoon em sua própria carteira.

Isso fez o preço de Safemoon em relação ao BNB subir muito, já que a cotação em um AMM é definido pela quantidade e relação entre os dois tokens do swap. Quanto mais BNB em relação a SAFE era injetado, mais safemoon subia no mercado através de arbitragem.

Ilustração da pool de liquidez safemoon BNB

Então mesmo quando Papa foi descoberto em sua manipulação de preço, a comunidade o apoiou, pois isso estava criando uma falsa impressão de lucro, que se provou errada quando os tokens foram despejados no mercado, fazendo o preço cair.

Papa saiu do projeto alguns dias depois, sem dar explicações e depois admitiu que sua saída foi comprada pelo ex-militar John Karony.

Safemoon Army segue combatendo o “FUD”

A comunidade defensora do projeto se auto batizou “Safemoon Army” e durante muito tempo foi liderada por Ryan Arriaga, conhecido como “FUD HOUND” (o guardião do FUD).

Ele sempre demonstrava um comportamento agressivo e hostil contra qualquer pessoa que levantasse red flags ou questionamentos sobre o projeto e era apoiado pelo exército da comunidade.

Muitas mentiras foram e continuam sendo contadas e, mesmo com a recente saída de Arriaga (também comprada pelo CEO, conforme relatos), o Safemoon Army continua forte e ativo.

Além do exército orgânico, o projeto foi muito impulsionado pela atuação de influenciadores nas redes sociais, que foram pagos em acordos publicitários para divulgar o projeto que levou milhares de pessoas que confiavam neles a perder seu dinheiro para a equipe de ladrões.

De acordo com o processo liderado pelo FBI, estes influenciadores também estão sendo acusados e investigados por cumplicidade na fraude.

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