A exchange Coinbase listada na NASDAQ está sendo acusada na internet de praticar Insider Trading, o que é bem grave para a legislação norte-americana.
Veja todas as evidências e outras bandeiras vermelhas sobre a empresa que está querendo entrar no brasil.
O que é Insider Trading
Insider Trading é uma prática considerada criminosa no mercado financeiro e constitui o uso de informação privilegiada para compra e venda de ativos mobiliários (como ações ou criptomoedas).
A informação privilegiada se dá quando uma empresa, político ou pessoa física, utiliza de informações relevantes ainda não divulgadas ao público – conseguidas pela natureza de seu trabalho ou rede de relacionamentos – para tomar decisões de investimentos que o restante da população não conseguiria tomar, adquirindo vantagem temporária.
Por exemplo, um político vai aprovar uma lei que retira todos os impostos de um setor específico (o que é positivo para o setor) e, antes de executar a ação, ele compra ações do setor em grande quantidade e avisa amigos e familiares para que façam o mesmo.
Quando a lei é aprovada, o mercado toma a decisão lógica de compra, mas neste momento o político e outros que foram beneficiados com a informação privilegiada já se posicionaram em um preço muito mais baixo, garantindo maior participação acionária ou podendo despejar (dump) parte das ações no mercado que está comprando depois, auferindo grande lucro graças a corrupção.
No Brasil, a prática de insider trading é considerada crime.
A Lei 6.385/1976 com a redação dada pela Lei 10.303/2001, previu o artigo 27-D, que tipifica a conduta de:
“Utilizar informação relevante ainda não divulgada ao mercado, de que tenha conhecimento e da qual deva manter sigilo, capaz de propiciar, para si ou para outrem, vantagem indevida, mediante negociação, em nome próprio ou de terceiro, com valores mobiliários: Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa de até 3 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do crime.”
Nos Estados Unidos a punição é ainda pior, podendo chegar até 20 anos de prisão e multas de US $5 milhões para pessoas físicas e US $20 milhões para pessoas jurídicas.
Bandeiras vermelhas (red flags) na Coinbase
Algumas páginas de influenciadores, produtores de conteúdo e entusiastas de criptomoedas começaram a relatar uma movimentação estranha por parte da Coinbase, no que se refere à listagem de novos ativos na plataforma.
O apresentador Cobie apontou três escolhas de projetos duvidosos que estavam “mortos” e foram envolvidos com sérios problemas que poderiam até mesmo indicar golpe por parte dos desenvolvedores, como é o caso do Big Data Protocol que, acidentalmente, congelou os fundos das pessoas, por terem “escrito o contrato inteligente errado”.
Coinbase back at it with the great listing suggestions of “Polkamon”, “Big Data Protocol” and “StudentCoin”.
— Cobie (@cobie) April 12, 2022
Let’s take a look at these highly desirable assets.
Outro projeto que @Cobie trouxe na thread foi o Polkamon, que ficou conhecido quando os investidores privados do token despejaram tudo logo na primeira semana de lançamento, fazendo o ativo perder cerca de 95% de seu valor neste curto espaço de tempo, podendo ser considerado um rug pull (puxão de tapete).

Cobie também trouxe em sua página um tweet de março, onde ele brinca dizendo que a Coinbase em breve deve lançar um “token estúpido” chamado StudentCoin, porque “eles já não ligam mais”.
Um mês depois, após anúncio de listagem de 50 novos ativos, o Student Coin (STC) acabou se mostrando uma das escolhas da equipe.
O mercado e os acionistas já vêm se mostrando preocupados com as escolhas de listagens da Coinbase, o que é de se esperar de uma empresa de capital aberto que deliberadamente ignora dezenas de projetos sérios, bem estabelecidos, com liquidez, bom volume e demanda; para listar dezenas de meme tokens recém lançados e outros ativos com passados duvidosos, pouca liquidez ou desconhecidos.
Esta preocupação se reflete também na queda de valor das ações, desde sua listagem na NASDAQ em 2020.

Em 2017-2018, a empresa também foi acusada de realizar wash trading da criptomoeda Litecoin (LTC) em parceria com seu criador, Charlie Lee. As acusações foram comprovadas em júri.
O wash trading consiste na listagem de um ativo sem liquidez e na injeção de volume de negociação artificial, onde a mesma pessoa compra e vende seus próprios ativos, usando contas diferentes, para inflar o preço (pagando mais caro para ele mesmo) e leva outros investidores ao erro – com a criação de indicadores enganosos.
Coinbase acusada de usar informação privilegiada
A mais recente acusação foi consolidada em uma postagem no reddit /r/cryptocurrency e trás algumas evidências da prática de insider trading por parte da Coinbase, realizada a partir do último anúncio de listagem, criticado anteriormente por Cobie.

O @AlanStacked, comentou que uma “insiders” fizeram uma compra de US $10 mil antes do anúncio da listagem, dos tokens que estavam com “volume morto” e após o anúncio a compra já vale mais de US $131 mil, acumulando 1.200% (13x) de valorização em duas horas.
Cobie relatou algumas horas depois de Alan que encontrou um endereço de ETH com movimentações suspeitas que também adquiriram diversos tokens presentes na lista da Coinbase horas antes do anúncio ao público.

As contas no twitter @zachxbt e @scruffur também encontraram outros endereços com os mesmos padrões.


Estes casos colocam ainda mais em dúvida a integridade e as escolhas de listagens na empresa, que a cada novo evento vai perdendo credibilidade.
As listagens da Coinbase normalmente causam aumento de preço dos tokens listados, por se tratar da primeira exchange que decidiu abrir seu capital no mercado de ações, o que – até o momento – ainda passava uma sensação de segurança e legitimidade para os investidores sobre as escolhas dos ativos negociados em sua plataforma.
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