Quando a sua opinião incomoda profundamente um amigo no Facebook, é esperado que essa pessoa se afaste de você, mas quando sua opinião incomoda o Zuckerberg, você pode esperar ser “zuckado“. Ser censurado de uma rede social pode ser um incômodo, mas o problema é ainda mais grave quando pensamos em plataformas financeiras.
Os canais mais conservadores da internet costumam reclamar de censura, enquanto outros argumentam que remoção de conteúdo é legítima, pois a plataforma é privada e possui regras privadas. Da mesma forma já vimos discussões sobre liberdade de expressão na comunidade de Bitcoin.
Essa questão também afetou a Prager University, um canal de centro-direita que moveu uma ação contra o YouTube, e o principal advogado explica o argumento utilizado no processo neste vídeo legendado:
Censura Financeira
Agora imagine que você trabalha na internet e sua fonte de renda depende de uma plataforma centralizada como o Patreon. Então se de repente os donos da plataforma queiram te boicotar, essa decisão impacta você e sua família na hora. Pois por incrível que pareça, isso não é algo distante da realidade, por exemplo o próprio CEO do Paypal admitiu estar inclinado contra os conservadores.
Porém o Bitcoin é uma rede de pagamentos descentralizada, e é possível recorrer a ele se você sofre ou teme por censura financeira. E foi exatamente isso que algumas pessoas fizeram e acabaram se dando bem.

Foi o caso de Julian Assange, jornalista ativista e fundador do Wikileaks, um site que vazava dados sigilosos a fim de denunciar crimes do governo. E ao ter sua conta no PayPal bloqueada, passou a aceitar Bitcoin para doações. Isso aconteceu em 2010, quando o bitcoin era mais barato, e o site arrecadou cerca de 4025 bitcoins, fazendo com que Assange acabasse agradecendo pela censura.
Apesar de não ser conservador, o trabalho de Assange acabou por beneficiar Donald Trump nas eleições de 2016. E ele é um grande exemplo de como Bitcoin pode proporcionar liberdade financeira para vítimas de censura.
Futuro distópico
Agora imagine que a ideia do dinheiro descentralizado perdeu força, “sem controle por trás não funciona, qualquer um faria o que quiser e não teríamos segurança” diziam eles, e então o Bitcoin morreu.
Mesmo sem Bitcoin, a digitalização do dinheiro continuaria sendo uma tendência, e sem as preocupações com a descentralização, teríamos provavelmente transações mais rápidas e baratas, além de algumas seguranças, como a do reembolso em caso de fraudes. No entanto, não teríamos um dinheiro à prova de censura, trocaríamos liberdade por comodidade.

Não é que a Libra do Facebook com certeza vai fazer esse tipo de coisa, mas é certo que a centralização permite mais facilmente a censura. Esse não é um risco seguro pra se tomar, ainda mais quando você torna pública a sua opinião política, podendo desagradar muita gente.
Jordan Peterson anuncia uma alternativa ao Patreon

Peterson, um professor canadense que ficou conhecido por lutar contra o politicamente correto, percebeu as dificuldades que conservadores tinham com plataformas de crowdfunding. E então prometeu uma plataforma análoga ao Patreon, com algumas funcionalidades a mais, mas a principal será a liberdade de expressão.
A plataforma se chamará Thinkspot e promete um ambiente livre de censura, onde ela própria não indicará uma inclinação política que diferencie o tratamento dos usuários pelo conteúdo publicado. A primeira previsão de lançamento foi para o Natal de 2018 e não saiu, mas em junho deste ano Jordan mostrou que continua trabalhando no projeto, mas preferiu deixar a estreia sem data.