A pandemia de coronavírus chegou ao seu ápice: mais de 110 mil casos confirmados ao redor do globo. Começando na província de Hubei, o vírus que se iniciou na China já chegou ao Brasil, e causou estragos enormes em diversas bolsas ao redor do mundo; em especial, o Ibovespa.
A recessão econômica em regiões cruciais como EUA, Japão e Europa, além da grave desaceleração da economia na China, amontoam a uma perda de quase US$3 trilhões, o que equivale ao GDP do Reino Unido. Isso, por sua vez, também consideraria as perdas em cadeias de suprimentos globais.
Na China, vendas de automóveis caíram em 80%, tráfico de passageiros recuaram 85% das médias convencionais, e pesquisas de negócios estão afundando em tempo recorde; tudo isso contribui para o congelamento do crescimento econômico do país.
Um futuro em pandemia global?
O site Bloomberg fez uma pesquisa, detalhadamente explorando quatro cenários do que poderia acontecer em futuros hipotéticos na economia e saúde mundiais. Dentre eles, o quarto cenário consiste de uma “Pandemia Global”.
Todos os países se encontrariam presos aos impactos da doença, economicamente e socialmente falando, em escala máxima. Também experimentariam a mesma queda que a China sofreu neste quadrimestre.
Se isso acontecer, o crescimento econômico mundial iria à zero. Os EUA se juntaria ao Japão e à Euro-área em contração, potencialmente mudando a dinâmica das eleições presidenciais.
A economia da China expandiria em 3,5% – o menor número registrado desde 1980, quando Deng Xiaoping aplicou reformas na agricultura, indústria, comércio, ciência, tecnologia e na área militar, transformando o país no de maior crescimento econômico da modernidade.
GDP da China
Outras previsões também estão em alarme. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) diminuiu sua expectativa de crescimento global de 2.9% a 2.4%, e avisou que isso poderia cair até 1.5%.
O grupo financeiro Goldman Sachs tem expectativa de contração global econômica no primeiro semestre de 2020; outras previsões de crescimento de GDP da China no primeiro quadrimestre vão de 5.8% a -0.5%, mostrando o altíssimo nível de incerteza na economia mundial.
Pesquisas de políticas pré-datando a pandemia de coronavírus sugere que há um risco negativo para até mesmo a mais pessimista das previsões. Em 2006, um documento criado pelo Banco Mundial dizia que os custos de uma pandemia severa de gripe chegariam a 4.8% do GDP mundial.
O Futuro e a Reserva Federal dos EUA
As ações resultantes pela Reserva Federal seriam: corte de taxas de juros emergenciais, gastos públicos elevados, ou ambos. Em um encontro no dia 3 de março, a Reserva Federal diminuiu taxas em 50 pontos, e os mercados esperam por mais.
Enquanto isso, o Banco do Povo da China realizou ações em velocidade reduzida, apenas cortando as taxas em 10 pontos base, e instruindo os credores a agirem com tranquilidade contra os tomadores de negócios estressados ao invés de acrescentar ao problema com empréstimos ruins.
Já na Coreia do Sul, o banco central age com cautela, convocando encontros emergenciais mas sem entregar cortes de taxas esperadas. O governador Lee Ju-yeol disse que viu limites ao que políticas econômicas poderiam fazer para conter o estrago do vírus.
Os efeitos do vírus são, predominantemente, derivados de conflitos nas correntes de suprimentos – fábricas fechadas e trabalhadores em casa. Não é algo que possa ser resolvido efetivamente com políticas, além de cortar taxas e aumentar gastos públicos para sustentar o frágil cenário econômico atual.