A chamada “escassez global” de suprimentos é um problema que tem atingido uma série de países e diversos setores da economia em 2021. Como consequência deste fenômeno, os preços sobem, segundo dizem os economistas que explicam a alta da inflação sob a ótica da demanda.
Contudo, as reais causas da inflação global não se encontram necessariamente em gargalos de cadeia de suprimentos, mas sim no choque monetário que gerou um enorme descompasso entre a demanda agregada e a oferta agregada.
Sendo mais claro, a inflação é um sinal de alerta que soa dentro da casa da moeda quando as impressoras estão super-aquecidas e para se proteger financeiramente deste fenômeno, você precisará entendê-lo.
Choque de demanda é a causa da inflação?
Os preços mundiais dos alimentos subiram pelo quarto mês consecutivo em novembro, permanecendo nas máximas de dez anos, liderados pela forte demanda por trigo e produtos lácteos, informou a agência de alimentos das Nações Unidas ontem (2).
Somado à elevação de preços, a “escassez global” de suprimentos é também outro problema que tem atingido o mundo todo entre os anos de 2020 e 2021.
O diretor de política monetária do Banco Central, assim como outros economistas que recentemente têm dado explicações sobre a inflação de preços no mundo todo, afirmou que o principal “driver” global “é um choque de demanda”.
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Ele ainda alerta que esse impacto da pandemia “sobre a economia global tende a perdurar por mais tempo”. “Não estou desmerecendo os choques de oferta, mas o principal ‘driver’ é um choque de demanda”, disse em evento virtual organizado pela Upon Global Capital.
Segundo ele, esse choque é “temporário, mas muito forte.” E ainda disse que o impacto da pandemia “sobre a economia global tende a perdurar por mais tempo”.
A verdade sobre a inflação
Contudo, as reais causas da inflação global não se encontram necessariamente em gargalos de cadeia de suprimentos, mas sim no choque monetário que gerou um enorme descompasso entre a demanda agregada e a oferta agregada
Segundo o economista Fernando Ulrich, “Depois que governos e BCs descarregaram munições pesadas, tanto pelo lado fiscal, quanto pelo lado monetário na economia, essas políticas geraram uma série de efeitos cujas consequências estamos ainda sentindo especialmente agora em 2021”.
“Mas o que amplamente se ignora, é esse brutal choque monetário que nós tivemos a partir do ano passado. O mais evidente foi a impressão massiva de dinheiro pelo FED, mais outros BCs, assim como no Brasil . E essa expansão monetária ela tem uma causa claramente fiscal, e isso difere do que aconteceu lá em 2008.
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“Sim, houve um problema de oferta, principalmente em setores que, durante a pandemia, tiveram que parar suas produções por dias ou semanas. Mas o que estamos vendo agora é mais reflexo do choque monetário”, conclui.
Demanda que surgiu do nada
O raciocínio por trás desta tese é bastante simples. “Se as pessoas foram mandadas embora, muita gente perdeu o emprego por aquela incerteza no início da pandemia” – nos EUA foram quase 20 milhões de desempregados em poucos dias e no Brasil são agora 13,5 milhões – “como essa demanda surgiu do nada?”.
A demanda foi artificialmente sustentada através da criação de trilhões de dólares para distribuir à população para que eles continuassem consumindo e mantendo algum nível de renda.
“Essa é uma demanda nominal concedida pela mera impressão de dinheiro, com a ajuda do tesouro gastando e do BC acomodando esses brutais déficits do tesouro”, continuou.
A criação de políticas monetárias expansionistas foi o principal combustível inflacionário, segundo o economista Fernando Ulrich. Pois o real motivo das políticas de assistencialismo durante a pandemia era manter a demanda agregada nos mesmos patamares.
Os Bancos Centrais ao redor do mundo não queriam de nenhuma forma que a demanda caísse, e nesse sentido eles conseguiram. Porém, como resultado das suas políticas monetárias, a conta que o contribuinte tem que pagar ficou maior.
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