Segundo relatório publicado no dia 30 de novembro, mais da metade da energia que alimenta a mineração da principal criptomoeda provém de fontes renováveis.
A pesquisa foi realizada por Daniel Batten, que é ambientalista, empresário e analista ESG (sigla em inglês que se refere à sustentabilidade de uma corporação a partir de critérios ambientais, sociais e de governança). Ele se baseou na metodologia de um estudo realizado pela CCAF (Centro de Cambridge para Finanças Alternativas, na sigla em ingês), organização da Universidade de Cambridge, que havia chegado ao valor consideravelmente menor de 37,6%.
Segundo Batten, o principal problema da pesquisa anterior foi não levar em consideração os mineradores que utilizam energia off grid, ou seja, isolada da rede elétrica. A própria CCAF admite isso, alegando falta de dados confiáveis sobre o assunto, e promete incluí-los em atualizações. O empresário, então, se propôs a fazer uma pesquisa de campo que durou mais de 6 meses, coletando dados de 42 empresas da área.
A partir da sua pesquisa, ele chegou à conclusão de que apenas um terço da mineração conectada à rede elétrica utiliza energia renovável. A energia renovável utilizada na mineração off grid, por outro lado, chega a quase dois terços do total. Juntando ambos, o resultado é de 52,2%. O pesquisador fez a ressalva de que escolhia a estimativa mais desfavorável para a indústria sempre que encontrava dados inconclusivos, sugerindo que ela pode ser ainda mais verde do que seu estudo pôde atestar.

A pesquisa também chegou à conclusão de que é falso que a principal fonte de energia utilizada pelo Bitcoin seja o carvão, resultado que os pesquisadores de Cambridge haviam encontrado.
“Quando consideramos a mineração off grid, a hipótese de que carvão é a principal fonte de energia para a rede Bitcoin é falseada. Estudos anteriores provavelmente chegaram a essa conclusão porque a mineração de Bitcoin na rede elétrica utiliza porcentagens muito próximas da distribuição de energia global”, disse Batten.
“Graças à sua mobilidade, a mineração de Bitcoin é uma das poucas indústrias que podem utilizar a maior parte de sua energia a partir de fontes off grid. Por essa razão, parece que, ao contrário das conclusões do relatório da CCAF, a mineração de Bitcoin é uma das pouquíssimas indústrias que não utilizam carvão como sua principal fonte de energia”, completa.
Pesquisas como essa qualificam o debate acerca dos impactos ambientais da mineração, fortalecendo os argumentos dos defensores da prática. Recentemente, a Casa Branca divulgou um relatório que chegou a recomendar o banimento de mineração à base de prova de trabalho, que é utilizada por criptomoedas como Bitcoin, Monero, Litecoin e Dogecoin. Entre suas fontes estava a pesquisa de Cambridge, além das infames pesquisas feitas pelo blog Digiconomist, do bancário central Alex DeVries, cujos erros já foram extensivamente expostos por especialistas.
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