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Zimbábue – O Bitcoin mais caro do mundo

Homem no Zimbábue olhando para uma fruta

O Zimbábue é um país que representa um marco importante na história do Bitcoin. Lá foi o primeiro lugar onde a cotação da criptomoeda alcançou US$ 10.000 (dez mil dólares), em 22 de outubro de 2017.

O que mais chamou atenção nesse caso foi o fato de que o preço do Bitcoin no Zimbábue era quase duas vezes maior que no resto do mundo. Para termos uma ideia, no dia 22 de outubro de 2017, o Coinmarketcap registrava o preço BTC/USD em US$ 6.036,66. Diante desses dados, quais fatos são responsáveis pela disparidade tão alta da cotação do Bitcoin no Zimbábue?

Economia do Zimbábue

A inflação é um problema muito comum entre a maioria dos países africanos, mas no Zimbábue o cenário foi catastrófico. A hiperinflação do Zimbábue é um fenômeno econômico mundialmente conhecido e tomado como parâmetro do que não deve ser feito numa economia.

O que é inflação?

Esse período de instabilidade cambial no Zimbábue começou no final dos anos 90, logo após o confisco de fazendas privadas de proprietários de terras estrangeiros. Naturalmente, essa ação idealizada pelo governo do país teve repercussões negativas. Diversas empresas e fazendas estrangeiras fecharam suas portas e saíram do país, deixando o Banco de Reservas do Zimbábue sem dinheiro.

A solução dada pelo presidente Robert Mugabe foi simplesmente imprimir dinheiro. O resultado desta medida foi a criação de notas na casa dos trilhões de dólares zimbabuanos (Z$), por causa da inflação.

Nota de dez trilhões de dólares zimbabuano
Nota de dez trilhões de dólares Zimbabuano (Z$)

A lógica por trás deste fenômeno é simples. Quanto mais dinheiro for impresso, mais dinheiro terão os agentes econômicos e, portanto, estarão dispostos a pagar mais caro pelos recursos escassos. Do outro lado da balança, os produtores demandarão mais dinheiro para abrir mão daquela mercadoria, já que possuem mais dinheiro do que anteriormente.

Gasolina e Bitcoin: Efeitos da escassez

É importante destacar que além dos graves problemas econômicos, o Zimbábue conta com severa instabilidade política. O ex-presidente do país, Robert Mugabe, é o responsável direto pela hiperinflação. Ele ficou no poder por 37 anos e só saiu no fim de 2017. Nas últimas 4 décadas, o Zimbábue se envolveu em 3 grandes conflitos africanos, o que prejudicou ainda mais sua economia.

Gráfico da inflação do Zimbábue
Gráfico representando a inflação do Zimbábue – 1 dólar americano chegou a equivaler, em 2009, cerca de 10³¹ dólares Zimbabuanos. Fonte: Economicshelp.

Bitcoin: Uma alternativa

Devido às más medidas adotadas por seus governantes, muitos africanos começaram a buscar alternativas para suas moedas locais. Na Somalilândia, devido à inflação, a população utiliza créditos de celulares como meio de troca.

Homem utilizando créditos de celular para realizar pagamentos na Somalilândia
Homem utilizando créditos de celular para realizar pagamentos na Somalilândia – Fonte: BBC.

As moedas fiduciárias são emitidas e controladas pelos governos locais. Como o próprio nome já diz, o que garante o valor intrínseco das notas que temos em nossa carteira é apenas a fidúcia/confiança que temos em que as emite (governo). Muitos ainda contestam o Bitcoin perguntando qual seria o lastro do mesmo, enquanto desconhecem que o dinheiro que guardam nos bancos não possui lastro algum.

Diante disto, quão dignos de confiança realmente nossos governos são? Isso é uma resposta extremamente pessoal que você deve se responder. Racionalmente, o excesso de poder nas mãos destes poucos que compõem o Estado, que têm carta branca para fazer o que quiserem com o dinheiro da população, fornece incentivos perversos: manutenção de privilégios, inflação, corrupção, etc. Nosso mercado financeiro é monopolizado nas mãos do governo, que assumem serem os mais responsáveis para cuidar do seu dinheiro, até mesmo mais que você.

Será que realmente são? Quantas vezes não já vimos e ouvimos relatos a respeito de cenários de hiperinflação como o do Zimbábue, até mesmo aqui no Brasil, Venezuela e países mais desenvolvidos, como foi o caso da Alemanha. Por não haver competição, os governos simplesmente não possuem incentivos para serem responsáveis com o dinheiro da população. Muito pelo contrário, o incentivo o Estado possui é de aumentar cada vez mais seus privilégios, utilizando de tributações indiretas, a exemplo da inflação, para bancar seus gastos cada vez maiores.

Milton Friedman, prêmio nobel de Economia, explica neste vídeo quais os incentivos para o governo gerar inflação. Você pode ativar as legendas em português.

As criptomoedas oferecem uma alternativa muito mais viável do que créditos de celular. Foi onde a população do Zimbábue encontrou um sistema financeiro independente de seu governo, protegendo-os em caso de novas instabilidades. Diferentemente de sua moeda local, o Bitcoin é escasso e possui sua curva de inflação previamente definida pelo protocolo. Você sabe exatamente quanto será a inflação do Bitcoin em cada ano, e é totalmente independente de qualquer governo ou interesse – a rede é neutra – todos podem opinar e decidir seu caminho. Isso só é permitido via descentralização.

gráfico curva de inflação do bitcoin
Gráfico representando a oferta de Bitcoins no mercado e sua curva de inflação.

O reflexo disso é o preço do Bitcoin no Zimbábue ser mais alto do que no resto do mundo. Num cenário ideal isso nunca aconteceria por causa das arbitragens, mas o Zimbábue só conta com uma única corretora de Bitcoins, a Golix. Além do baixo volume de negociação, a retirada de capital do país é complicada, dificultando a atuação de arbitradores.

Esse é apenas um dos casos que mostra a importância do Bitcoin, a verdadeira motivação de Satoshi Nakamoto na hora de criar o protocolo. Alternativas são essenciais para incentivar a competição e eficiência.

Por que alocar parte do seu capital em bitcoin?

Uma alternativa ao sistema financeiro tradicional, que até então tem sido um monopólio estatal, é algo inédito. Com certeza estimulará a mudança de comportamento por parte de governos com relação ao dinheiro de terceiros. Agora, caso eles não andem na linha, temos a quem recorrer.

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