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Político é cortado do sistema bancário: “não posso existir”

Nigel Farage

Nigel Farage, ex-líder do Partido Brexit, conservador e figura polêmica na política britânica, está vivendo uma situação alarmante no Reino Unido. Farage viu suas contas bancárias serem abruptamente encerradas pelo sistema bancário.

Perseguição política?

Em uma declaração pública, Farage compartilhou o acontecido:

Estou no mesmo grupo bancário desde 1980…. Recebi um telefonema há alguns meses para dizer que estariam encerrando minhas contas.

Ele acredita que alegações falsas de um membro do Parlamento sobre possível recebimento de dinheiro russo ou apenas por ser uma Pessoa Politicamente Exposta (PPE) podem ter contribuído para o fechamento das contas.

Eu perguntei por que – nenhuma razão foi dada … Eu estive em seis, não sete, bancos na verdade e perguntei a todos eles se eu poderia ter uma conta pessoal e uma comercial e a resposta foi não em todos os casos.“, disse Farage.

O político conservador está excluído do sistema bancário, sendo incapaz de pegar dinheiro emprestado, fazer transferências bancárias ou usar qualquer serviço no Reino Unido.

Problema também chegou ao Brasil e se agrava no mundo

Se a situação de Farage parece vinda de uma distopia distante na Europa, infelizmente a situação no Brasil não é diferente.

Em novembro de 2022, o ministro Alexandre de Morais ordenou o congelamento de contas bancárias de possíveis pessoas e empresas envolvidas em atos políticos de oposição ao regime vigente.

O uso do sistema bancário como ferramenta de perseguição política parece uma tendência, que vem aumentando desde o começo da década passada. A lista é grande, alguns casos são memoráveis como:

  • Em 2010, a Operação Payback do governo dos EUA tentou calar o grupo jornalístico Wikileaks.
  • Em 2010, a Receita Federal dos Estados Unidos admitiu perseguir agressivamente grupos libertários e que tinham “patriotismo” no nome.
  • Em 2018, o político conservador Nicolaus Fest teve as contas fechadas pelo maior banco do país.
  • Em 2020, a jornalista sueca Fria Tiders teve as contas bancárias fechadas sem motivos.
  • Em 2022, caminhoneiros que protestavam contra medidas genocidas no Canadá tiveram as contas fechadas.

A lista é tão grande que o site Underorion conseguiu ordenar dezenas de casos semelhantes ao de Nigel.

Bitcoin é a solução ?

Ao expor o caso nas redes sociais, Nigel Farage recebeu uma enxurrada de comentários indicando que a solução seria o uso do bitcoin.

E de fato, a criptomoeda foi usada com sucesso para manter o Wikileaks funcionando em 2010 durante a Operação Payback.

Contudo, em 2022 o BTC foi usado para ajudar os protestos de caminhoneiros no Canadá, mas não foi tão efetiva. As doações de bitcoin foram rastreadas e confiscadas em corretoras.

Pelo seu carácter transparente, o bitcoin é facilmente rastreável. Todas as transações e valores transacionados na rede do bitcoin são visíveis. Por esse motivo, muitos jornalistas e ativistas estão aceitando cripotomoedas mais privadas, com os chamados “blockchains opacos” – onde os valores, destinatários e remetentes são ocultados.

Essas moedas privadas, como Monero e Zcash, são aceitas em organizações jornalísticas e jornalistas como Wikileaks, Freedom of the Press Foundation e Edward Snowden.

Um problema muito maior

A utilização do sistema bancário como uma arma política parece estar se tornando um alarmante fenômeno global, afetando personalidades controversas como Nigel Farage e se infiltrando em diversas partes do mundo, incluindo o Brasil.

A tendência crescente de perseguir indivíduos politicamente expostos através de suas atividades financeiras levanta sérias questões sobre o estado atual da democracia e da liberdade de expressão.

Diante desse cenário, criptomoedas surgem como uma possível solução, permitindo a manutenção de atividades financeiras, mesmo diante de bloqueios bancários. Entretanto, o uso de criptomoedas também apresenta desafios, especialmente em relação ao rastreamento e confisco de transações, como aconteceu nos protestos de caminhoneiros no Canadá.

Por essa razão, a aceitação de moedas criptográficas mais privadas, com blockchains opacos, como o Monero e o Zcash, tem crescido entre jornalistas e ativistas, indicando uma evolução na luta contra a perseguição política financeira.

No entanto, apesar das possíveis soluções tecnológicas, a questão central continua: a necessidade de proteção robusta e eficaz dos direitos individuais, incluindo a liberdade de expressão e o direito a uma vida financeira livre de interferências políticas. A medida em que as instituições financeiras são usadas como instrumentos de controle político é um alerta sobre a fragilidade das democracias contemporâneas e da liberdade individual.

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