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Por que acredito na Nano?

Confesso que ouvi falar de Nano quando ela ainda era chamada de Raiblocks. O antigo e estranho nome remetia aos tempos do antigo sistema monetário das ilhas Yap, que utilizavam pedras de Rai para realizar transações. Quanto maior fosse a pedra, maior era o seu poder de compra, porque seria impossível roubá-la ou falsicá-la. Um nome exótico para uma criptomoeda diferente.

pedras de yap, que inspiraram a raiblocks agora conhecida como nano
Pedras de Rai da ilha de Yap.

O auge do preço

Em dezembro de 2017, a Nano, ou ainda Raiblocks, havia alcançado uma valorização recorde, saindo de US$1 e chegando a valer US$34 em Janeiro de 2018. A moeda causou um alvoroço no mercado porque possuía transações instantâneas e gratuitas, o que resolveria o problema pelo qual o Bitcoin estava passando na época: transações caras e extremamente demoradas.

Gráfico com a evolução do preço da Nano

Obviamente fiquei desconfiado, afinal, era bom demais para ser verdade. Até por conta da arrogância e agressividade de alguns poucos membros da comunidade da Raiblocks na época, acabei tomando raiva da moeda.

Muitos diziam que ela seria o novo Bitcoin teria nascido e que a criação de Satoshi Nakamoto seria superada pelo até então Raiblocks. Particulamente não acredito nisso, porque o Bitcoin em termos de robustez e confiabilidade é uma obra prima e, dificilmente alguma moeda o superará nisso um dia.

Como uma moeda poderia se sustentar com transações gratuitas, sem mineração? Ainda teve o Hack da Bitgrail, onde muitas moedas foram roubadas, o que fez seu preço despencar. Esses fatos fizeram a criptomoeda em questão ser acusada de Scam, o que prejudicou muito sua imagem.

Análise da Nano

Em fevereiro, todo mercado havia despencado e a Raiblocks fez um rebranding para Nano. A essa altura, a moeda estava desvalorizada e o preço vinha caindo muito com o passar dos meses. Apesar de estar funcionando, a Nano mal tinha uma carteira, o que tornava seu acesso um pouco mais restrito.

Quando fui escrever um texto para entender como a Nano funcionava, decidi estudá-la e comprá-la. Tenho um texto onde explico com mais detalhes o funcionamento da Nano. Não vou entrar neles aqui, mas se você quiser aprender mais sobre ela, veja aqui: Análise da Criptomoeda Nano.

Antes de escrevê-lo, entrei nas comunidades, li o whitepaper e fiz perguntas para esclarecer algumas dúvidas, que foram prontamente respondidas pelo Bruno Ely, Community Manager da Nano aqui no Brasil. Sua convicção e boa vontade me convenceram a comprá-la e testá-la, naquele momento.

Comunidade engajada

Além disso, a comunidade em torno da Nano é extremamente engajada e ativa. São pessoas bem fiéis à moeda que acompanham o projeto de perto, sempre sugerindo melhorias no Github, que é bastante ativo. O Colin, criador da moeda, é extremamente atencioso com os membros da Nano Brasil, principal comunidade aqui no Brasil.

Um dos casos de uso mais legais da ocorreu na Venezuela: uma pessoa estava pedindo doações em Nano para comprar comida para sua vizinhança. Prontamente, a comunidade da Nano no Reddit havia feito um grande número de doações, o equivalente a 29.1 NANO, o que dava o equivalente a US$77.

O usuário Windows 7733 conseguiu comprar cerca de 77kg de comida, além de remédios, principalmente antibióticos. Isso foi o suficiente para alimentar uma boa parte das pessoas que conviviam em seu bairro.

comunidade da nano

Quando vi que não se trava de uma fraude ou algum esquema de pirâmide, como era acusada injustamente por muitas pessoas, decidi comprar. Entendi que a Nano foi só uma moeda que apresentou uma valorização absurda porque teoricamente resolvia um problema do Bitcoin, mas que por conta de alguns problemas, havia desvalorizado junto com todo mercado.

Instalei uma carteira de Nano em meu celular (finalmente haviam desenvolvido) e comprei minhas primeiras unidades através de um vendedor no p2p. A partir desse momento, comecei a realizar meus primeiros testes com a Nano e, na primeira transação, decidi que ela seria minha segunda moeda favorita, atrás do bitcoin,

Transações instantâneas e gratuitas

Por mais que eu fale bem da Nano aqui nesse texto, você só vai se convencer de que ela é uma criptomoeda fantástica quando realizar sua primeira transação. Levei 15 segundos até escanear o QR Code de uma carteira, inserir a quantia que desejava enviar e a transação ser confirmada. Veja no vídeo abaixo.

Naquela ocasião, eu havia enviado 0,00001 NANO, o que são centavos insignificantes de dólar. A minha surpresa se deu quando chegou a mesma quantia que enviei. Isso a torna uma excelente alternativa para ser adotada em comércios e micropagamentos. Não é atoa que ela é a moeda mais utilizada para gateways de pagamentos.

Como isso é possível?

Isso se torna possível por conta de sua tecnologia chamada Block-lattice, na qual, cada carteira possui sua própria blockchain e minera seus próprios blocos de transações de forma assíncrona ao restante de toda a rede.

Tudo isso ocorre de forma descentralizada na rede da Nano. Ela torna a rede capaz de processar até 7 mil transações por segundo, o que a torna adequada para ser adotada como meio de pagamento por comércios ou gateways.

Sua tecnologia até agora se mostrou segura e eficiente para seus propósitos. Ela utiliza a mesma prova de trabalho do Bitcoin para evitar gastos duplos e ataques na rede com microtransações.

O gasto duplo, isto é, gastar duas vezes a mesma moeda, é evitado com o Proof of Stake. Ou seja: a “mineração” dos blocos é feita pelos usuários com maior número de moedas.

O incentivo econômico para não trapacear o sistema é a penalidade que esses usuários vão receber: ou a moeda vai desvalorizar porque a rede não é mais segura, ou os participantes perdem suas moedas. Dessa forma, existirá a tendência para que o sistema se mantenha honesto. Veja abaixo uma visualização da block-lattice:

Não espero ficar rico do dia para a noite

Compro Nano porque acredito no seu potencial de ser utilizada e adotada no cotidiano para pequenas transações. Nada mais, nada menos que isso.

Junto com o Bitcoin, ela pode se tornar de fato uma moeda para todas as transações. Quem sabe ela possa se tornar o que a Ripple está tentando fazer, uma alternativa descentralizada ao Swift.

Quem espera ficar rico do dia para a noite, pode esquecer, porque isso não vai acontecer nem tão cedo. Geralmente, as pessoas que entram em várias moedas com esse pensamento acaba se dando mal porque são impacientes e vendem na primeira notícia ruim.

Para o bem dela, seu uso e adoção devem ser estimulados pelos seus detentores, como aconteceu no caso da Venezuela. A Nano não se beneficia em nada com uma histeria em massa, como foi ano passado com as criptomoedas, em geral.

Seu uso está ficando cada vez mais fácil, mas o maior desafio para o momento é fazer as pessoas confiarem nela e isso, nem o Bitcoin conseguiu ainda. Ou seja, ela ainda está muito longe de alcançar seu verdadeiro potencial.

De forma básica, são esses os motivos que me fazem comprar um pouco de Nano uma vez ou outra: Tecnologia com potencial para escalar um grande número de transações, custo baixo de transação, comunidade e potencial para ser adotada em larga escala.

Não leve isso como uma recomendação de investimento

Você chegou até aqui? Tenha meu agradecimento por ter lido todo o meu relato da minha experiência com a Nano. Mas não trate isso como uma recomendação de investimento.

As criptomoedas perderam uma média de 80% do seu valor desde o ano passado, então é preciso ter em mente o seu perfil de investidor e seus objetivos. Se você quiser ver a Nano como um investimento, diria que ela seria algo para o longo prazo, de 5 a 10 anos.

Se você está pensando em comprá-la, reflita e tenha muita calma. Investimento feito na euforia não é investimento, é aposta. Não troque todos os seus Bitcoins por ela, como muitos o fizeram no auge da sua valorização.

A Nano é algo para você comprar, jogar na gaveta e acompanhar uma vez ou outra. Quem sabe daqui a alguns anos não terá acontecido algo muito legal com ela?

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