Um relatório recente da Arcane Research estudou a saúde financeira das maiores mineradoras de bitcoin e tirou algumas conclusões interessantes sobre as mais prováveis vencedoras e perdedoras neste bear market.
No inverno cripto, a luta é pela sobrevivência
O inverno cripto chegou forte, levando empresas à falência, inadimplência, corridas bancárias, projetos que estão morrendo, escândalos sendo revelados e centenas de milhares de investidores realizando perdas recordes. Nestas últimas semanas estivemos cobrindo o caos trazido pelo bear market (mercado de baixa).
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Nestes momentos de crash, como em um inverno agressivo, os investidores, projetos e companhias que se prepararam melhor durante o período de fartura são aqueles que têm maior probabilidade de sobreviver – da mesma forma como o urso que se alimentou corretamente antes de hibernar, ou a família que juntou mantimentos antes da tempestade.
Durante este inverno, pudemos observar o momento histórico em que mineradores venderam todos os BTCs minerados no mês, mais parte do acumulado nos meses anteriores, por valores abaixo do que no momento de mineração do bloco.
O analista da Arcane Research, Jaran Mellerud, resolveu olhar para as mineradoras de bitcoin públicas e tentar entender quais destas companhias se prepararam melhor para enfrentar o inverno, quais possuem mais chance de sobreviver quando o mau tempo passar e quais são aquelas que correm sérios riscos de morrer, junto de inúmeros outros projetos e empresas.
Mineradoras de Bitcoin – Vencedoras e Perdedoras
Para isso, Jaran diz ter analisado o fluxo de caixa e as planilhas de balanço financeiro das principais mineradoras de bitcoin de capital aberto ou com informações públicas.
Custo direto de produção por cada 1 BTC
Dos diversos dados levantados, o que ele chama de “Custo direto de produção de BTC” pode ter um forte impacto no fluxo de caixa operacional das mineradoras de bitcoin, pois ele mostra em que momento a empresa precisa desligar suas máquinas, ou levantar capital de alguma outra forma, para cobrir estes custos.

Stronghold e Argo têm os menores custos diretos de produção de bitcoin, enquanto Bitfarms e Hut 8 têm os mais altos. Com um custo de US $3.468,00 por BTC produzido, em uma cotação de $20k USD, a Stronghold lucra (bruto) US $13.304 por bitcoin; enquanto a Bitfarms apresenta lucro bruto de apenas US $3.534 (o custo da mineradora de bitcoin mais lucrativa), com custo superior a oito mil e quinhentos dólares.
Fluxo de caixa vs Custos de receita
Apenas ter o maior lucro bruto sobre a produção individual de BTC não é suficiente para poder ser considerada uma mineradora de bitcoin saudável, já que existem outras variáveis como, por exemplo, a quantidade destes valores que ficam destinadas ao fluxo de caixa da companhia (não retiradas como dividendos para os acionistas ou destinadas à outras despesas).
Mesmo com o menor custo e maior lucro bruto, a Stronghold possui um dos menores fluxos de caixa, o que pode indicar uma produção baixa, altos custos diversos ou altas retiradas para pagamentos de dividendos.

Apesar disso, a relação ‘fluxo de caixa’:’custos de receita’ de 3:1 ($4,8M:$1,5M) da Stronghold é bem positiva, se comparada, por exemplo, com a Core, que possui relação de 1:1 e o maior fluxo de caixa de US $16,6 milhões.
Um bom fluxo de caixa significa boa capacidade de pagar por entregas de equipamentos, ou quitar suas dívidas. E uma boa relação fluxo:custo significa melhor “gordura para queimar” em casos extremos, como o inverno cripto. Oferecendo uma boa margem que mantenha a empresa saudável antes de precisar cortar custos.
Entre estes custos, por exemplo, estão os equipamentos que ainda não foram pagos, com vencimento para 2022. A Marathon é, de longe, a mineradora de bitcoin mais endividada entre todas analisadas – com US $260 milhões de pagamentos a vencer até o final deste ano. Argo é a mineradora com menor risco de inadimplência.

Conclusão sobre as mineradoras de bitcoin vencedoras e perdedoras
Quando cruzamos estes dados, vemos que a marathon possui 6,2 vezes mais pagamentos pendentes do que o seu atual fluxo de caixa operacional acumulado até o final do ano, caso a situação se mantenha a mesma.

Isso pode fazer com que toda sua liquidez seja drenada mês após mês, até sua possível insolvência. A governança desta mineradora de bitcoin tem uma série de importantes decisões para serem tomadas nos próximos dias. Parte deste acúmulo de dívidas é justificado por um aumento de mais de 400% na produção de hashrate da companhia.
A Marathon fez uma aposta arriscada, de aumentar a produção de Bitcoin durante um momento de incerteza e apenas o futuro dirá se foi uma aposta vencedora ou perdedora. No momento, a empresa não parece saudável, mas tudo pode mudar com uma mudança no cenário de preços BTC/USD.
Argo é a única mineradora de bitcoin com maior fluxo de caixa operacional que dívidas, em uma relação de 0,8, com resultados positivos esperados até o final do ano e, portanto, a mais saudável entre as oito companhias públicas analisadas.
Leia a thread original:
Which public #bitcoin miners will be the winners and losers of the bear market?
— Jaran Mellerud (@JMellerud) June 27, 2022
I analyzed their cash flows and balance sheets to find out.
A thread🧵