Visto que a ameaça do coronavírus ainda está em seu ápice, em boa parte do mundo, não é estranho perceber diversas figuras públicas comentando sobre o assunto e suas perspectivas. Desde economistas e políticos até médicos e biologistas, inúmeras opiniões passaram a preencher a internet nestes últimos dias.
Veja também: A Internet pode ser a próxima vítima da pandemia de coronavírus
Hoje, iremos expor brevemente dois dos principais lados/perspectivas/pontos de vista em relação à quarentena, na qual brasileiros se encontram confinados em suas casas por vários motivos: Deve-se prosseguir com a Quarentena, ou Abandoná-la e continuar a viver normalmente?
Parar a Quarentena: Jair Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta e Fernando Ulrich
Começando pelos pontos de vista contrários à quarentena, vamos falar do posicionamento do Presidente da República Jair Bolsonaro. Em pronunciamento publicado no canal do Planalto do Youtube, nesta terça-feira 24, o Presidente relembra operações ocorridas, e destaca ações do Ministério da Saúde e seu ministro, Luiz Henrique Mandetta.
Além de elogiar as ações do Ministro, explicita o seu foco principal no momento: “[…] Conter o pânico e a histeria, e […] salvar vidas e evitar o desemprego em massa”. O argumento destacado é considerado por muitos apoiadores o ponto mais forte das críticas de Bolsonaro à quarentena, chegando a entrar nos dois assuntos mais discutidos do Twitter: #BolsonaroTemRazão contra #ForaBolsonaro.
Em contrapartida, criticou a mídia por “espalhar a sensação de pavor […] tendo de carro chefe o anúncio do grande número de vítimas na Itália”, argumentando que a Itália “possui grande número de idosos e clima totalmente diferente do nosso”. Destaca que “parte da imprensa mudou seu editorial, pedindo calma e tranquilidade”, parabenizando a mesma.
Logo, Bolsonaro afirma que a “vida deve continuar, os empregos devem ser mantidos, e o sustento das famílias deve ser preservado. Devemos sim voltar à normalidade.” Posteriormente, diz que os comércios e transportes públicos devem retornar ao funcionamento convencional, encerrando o “confinamento em massa”.
Por fim, diz que “de acordo com o que se passa no mundo, o grupo de risco é de pessoas acima de 60 anos”. Consequentemente, questiona o fechamento de escolas, e diz serem raros os casos fatais para pessoas com menos de 40 anos.
“90% de nós não teremos qualquer manifestação caso se contamine.” Encerra seu discurso dizendo que o foco deveria ser em não continuar a transmissão, e, visto que Bolsonaro tem 65 anos de idade (o que o configura como parte do grupo de risco), diz “possuir histórico de atleta, e que caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria se preocupar”, pois “nada sentiria”, comparando o Coronavírus a “um resfriadinho e uma gripezinha”.
Vale relembrar que o Food and Drug Administration (FDA, EUA) e o Hospital Albert Einstein são duas de várias instituições buscando a comprovação de eficácia de tratamentos com um composto derivado de Cloroquina, utilizada também para malária, lúpus e artrite.
Fernando Ulrich – Conselheiro da Casa da Moeda
Qual foi a necessidade do pronunciamento do PR? Vou te explicar:
— Fernando Ulrich (@fernandoulrich) March 25, 2020
Foi p sinalizar à esmagadora maioria da população q depende do próprio trabalho p sustentar a família q logo voltaremos à normalidade.
Foi p dar um alento ao desespero que aflige trabalhadores e empreendedores. 🇧🇷
Mais uma figura a se juntar a estas críticas é o Conselheiro da Casa da Moeda e do Instituto Mises Brasil, Fernando Ulrich. Além de criticar comentários contra o pronunciamento, diz que “são justamente (os tweets que estão aí) para fomentar histeria e pânico”.
Cara, vc pode ter críticas de palavras usadas pelo Bolsonaro, que o tom e as cutucadas não foram adequadas, mas não, o presidente não incitou atitudes irresponsáveis.
— Fernando Ulrich (@fernandoulrich) March 25, 2020
Este tipo de tweet é justamente para fomentar histeria e pânico. https://t.co/jr7Nh3cxfr
Posteriormente, postou tweets explicando melhor seu posicionamento, lembrando que estamos em “momento extremamente delicado”, e destacando que sua mensagem passada poderia transparecer “ausência de empatia com todos os afetados pelo vírus, direta ou indiretamente”.
Apesar de ter afirmado seu “descuido” com comentários, não alterou seu posicionamento e afirmou que “todos nós, brasileiros, estamos juntos nessa batalha”.
Eu errei. Gostaria de me retratar.
— Fernando Ulrich (@fernandoulrich) March 25, 2020
Embora o discurso do presidente tenha fornecido uma sinalização positiva e necessária — de que a economia não pode parar indefinidamente sem causar consequências ainda piores –, a truculência, a ausência de empatia com todos os afetados
Por fim, diversos outros empresários se manifestariam em redes sociais contra a quarentena, destacando Junior Durski (Madero), Luciano Hang (Havan), Roberto Justus e Alexandre Guerra (sócio do Giraffas).
Por fim, o Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta foi mais um que aderiu ao posicionamento contrário à prática de quarentena. Fez discursos contraditórios, que estão destacados nesta matéria do Estadão.
Continuar a Quarentena: Átila Iamarino e Drauzio Varella
Bacharel em Microbiologia pela USP, com pós pela mesma e Yale University, Átila Iamarino faz parte do Nerdologia, canal de divulgação científica sobre diversos assuntos, de Inteligência Artificial a Física e até Medicina, além de ser repleta de citações a artigos científicos.
Levamos pelo menos 3 meses (até 6 de março) para chegar a 100k casos de COVID-19 no mundo. Depois 12 dias pra chegar em 200k. E foram 3 dias pra chegar em 300k casos hoje.https://t.co/cRM6rvn7XT pic.twitter.com/RR41y6XrUZ
— Atila Iamarino (@oatila) March 21, 2020
Realizamos uma matéria comentando sobre uma de suas Livestreams do Youtube, onde Átila analisou diversos dados preocupantes de institutos médicos e científicos ao redor do globo, incluindo dados da Organização Mundial da Saúde. Você pode conferir ela aqui.
Assim como Átila, o médico oncologista Drauzio Varella também se posicionou à favor da quarentena. Em um de seus vídeos, chegou a criticar personalidades públicas que estariam “minimizando a situação e polarizando a pandemia”, de forma a utilizá-la para fins de publicidade.
Não é hora de polarizar politicamente a epidemia do novo coronavírus. É preciso deixar a Ciência ditar os próximos passos. Precisamos seguir as medidas de prevenção e compartilhar informação de fontes confiáveis. #COVID19 #CoberturaDV #imprensacontraovirus #FicaEmCasa pic.twitter.com/ne278wyOJ0
— Portal Drauzio Varella (@drauziovarella) March 24, 2020
Ademais, Varella está produzindo múltiplos vídeos, curtos, “bite-sized”, de forma a informar o público sobre assuntos variados e cruciais como “Como lavar as mãos corretamente”, “O que o Ministério da Saúde orienta sobre os testes” e outras informações.
Também relembrou que a desigualdade social pode ser um fator de agravação e um diferencial exponencial para o Brasil, considerando que este é um país subdesenvolvido; diferente de casos como a Europa, os Estados Unidos ou o Japão, três das regiões que brasileiros mais comparam com situação local atual, independente de grandes disparidades.
Nessa disputa, qual o seu lado? Quem te convenceu? Átila Iamarino e Drauzio Varella ou Fernando Ulrich e Jair Bolsonaro? Deixe nos comentários abaixo ou venha conversar na nossa Página e Grupo do Facebook!