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Um forte relatório de empregos pode tornar as taxas do Fed mais agressivas

Prédio do banco central dos EUA

Após um relatório de empregos surpreendentemente forte para o mês de julho, alguns economistas esperam que o banco central dos EUA (Fed) possa ser mais agressivo do que o mercado esperava.

A expectativa em relação aos empregos nos EUA era bastante negativa, os economistas esperavam que o crescimento tivesse desacelerado em relação a junho, e que continuasse a desacelerar nos próximos meses.

No entanto, o relatório apresentou cerca de 528.000 empregos em julho, o dobro do esperado. A queda na taxa de desemprego também aturdiu os economistas, ainda que mínima, o número foi de 3,6% para 3,5%. 

Os salários, similarmente, eram uma preocupação, economistas esperavam uma desaceleração ao invés de números mais promissores. Ainda assim, o salário médio por hora saltou 0,5% no mês passado.

As consequências do relatório

As notícias parecem boas, mas elas podem levar por água abaixo a esperança dos especialistas de que o Fed diminuísse o ritmo de aumento das taxas de juros para meio ponto percentual em setembro. Segundo a economista-chefe da KPMG, Diane Swonk, “para o Fed, a melhoria nos empregos significa outro aumento de 75 pontos base.” 

Os economistas da JPMorgan disseram que agora esperam uma subida de 75 pontos base em setembro, e mais dois aumentos de 0,25% em novembro e dezembro. Segundo eles, “os números de hoje devem apaziguar os temores de recessão, mas ampliar as preocupações de que o Fed tem muito mais trabalho a fazer.” 

Para Michael Gapen, economista chefe do Bank of America, “este relatório diz que o Fed não teve muito efeito na desaceleração das condições do mercado de trabalho doméstico.” Ele adiciona ainda que “este relatório diz que o Fed tem mais trabalho a fazer.”

Os economistas do Bank of America ajustaram suas previsões de aumento das taxas do Fed, adicionando mais um quarto de ponto nas subidas este ano. 

Eles esperavam um aumento de 50 pontos base na taxa de juros do Fed para setembro, seguido por um aumento de 25 pontos base em novembro. Mas agora esperam um aumento de 50 pontos base, ou meio ponto percentual, também em novembro. 

Gapen disse ainda que o debate sobre as decisões do Fed continuarão em torno do índice de preços ao consumidor na próxima semana, esperado para a quarta-feira. Ele espera ver a inflação do IPC cair de 9,1% em junho para 8,7%. 

Os preços principais, excluindo energia e alimentos, estão previstos para aumentar em 6,2% em relação ao ano anterior, acima de um ritmo de 5,9% em junho.

“Acho justo dizer que os preços da energia atingiram um pico no curto prazo, mas não está claro se as pressões sobre os preços básicos também o tenham atingido,” disse Gapen.

Os fundos futuros do Fed refletiram imediatamente as expectativas de uma política ainda mais rígida após o relatório de empregos. De acordo com Peter Boockvar, diretor de investimentos do Bleakley Advisory Group, os futuros para outubro tinham 68% de chances de um aumento de 75 pontos base em setembro, muito acima das expectativas de 18% antes do relatório.

“O IPC obviamente será a chave,” disse Boockvar. “A pressão vai manter sua persistência, acho que as pessoas vão ficar atentas à moderação que vimos nos preços das mercadorias e à aceleração que temos visto nos serviços”.

Swonk disse que também estará atenta ao aumento dos custos médicos no próximo relatório de inflação. A saúde foi uma área forte para o crescimento do emprego em julho, somando 70.000 trabalhadores.

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