Através de um comunicado no Medium, uma das primeiras exchanges de bitcoin do Brasil anunciou o encerramento de suas atividades nesta quarta-feira (8)
Na nota, a Walltime agradeceu a confiança dos usuários. A corretora destacou que, em 8 anos de operações, nunca passou por um incidente que culminasse na perda de fundos dos clientes, diferentemente de gigantes como a infame FTX e a Crypto.com.
“De fato, a Walltime foi uma das primeiras exchanges de Bitcoin no Brasil e no mundo, quando criptoativos ainda eram novidade, uma grande aposta e muita incerteza. Hoje é clara a importância dessa economia digital para mais soberania, independência e liberdade financeira”, diz a declaração.
O comunicado não esclarece o motivo do encerramento. Porém, em resposta ao questionamento de um usuário, a exchange afirmou que a decisão se deve à tendência do mercado de adotar um modelo de taxa zero, o que a corretora não considera sustentável. A Walltime é uma das poucas corretoras brasileiras que apenas negocia bitcoins, o que pode ter interferido na decisão.
O legado da Walltime
Segundo dados do site Cointrader Monitor, a Walltime representa apenas 0,13% da fatia do mercado brasileiro. Entretanto, as reações dos usuários nas redes sociais deixam claro que a comunidade brasileira tem muito carinho pela pioneira corretora.
“Vão deixar saudades! Os melhores do mercado, com uma galera das antigas por trás da criação e das operações. Tenho até hoje a ColdWallet e a camiseta/adesivo que o Mica me enviou e vou guardar com todo carinho, vocês fizeram história”, disse um usuário.
Felipe Mica, fundador da corretora, é bitcoiner há 11 anos. Conhecido e bem quisto na comunidade, ele sempre foi claro em relação às expectativas grandiosas que tinha para a moeda digital.
“Para mim, [o bitcoin] é uma forma de poupança, armazenamento de valor, assim como o ouro. É uma forma de fugir da volatilidade, inflação e incerteza estatal. Eu não confio no governo, então não vou manter meu dinheiro em uma moeda emitida e controlada por alguém que eu não confio”, disse, há 9 anos, Mica. À época, um bitcoin valia menos de R$ 2.000.
Muitos novatos chegam ao Bitcoin com a impressão de estarem atrasados. Ao perceberem que a moeda valorizou 10, 20 ou 100 vezes nos anos anteriores, acreditam “ser tarde” para adotá-la. Combatendo esse mito, Micaroni fez uma declaração que até hoje circula na comunidade brasileira:
“Só será tarde para comprar quando todas as nações já tiverem adotado o bitcoin como lastro de reserva”. A previsão parecia parecia excessivamente otimista quando foi feita. Não mais.
Hoje, dois países já possuem o bitcoin como moeda oficial: El Salvador e a República Centro-Africana.
Prazos para retiradas
A empresa optou por não passar a operação adiante sob a justificativa de não ser possível “terceirizar” a confiança que adquiriu ao longo de todos os seus anos de funcionamento.
Com isso, os usuários terão até o dia 10 de abril para efetuar saques na plataforma. Após esse prazo, as retiradas serão processadas manualmente por mais, pelo menos, 6 meses, com taxas administrativas adicionais. Confira o cronograma abaixo:
10/03/2023 — Todas as ordens ativas na plataforma serão CANCELADAS e haverá a suspensão das seguintes atividades: 1) criação de novas contas. 2) criação de novas ordens. 3) depósitos em Reais e Bitcoin. 4) fechamento de turno do livro de ofertas. 5) fechamento do livro de ofertas. O atendimento passará a ser apenas através do email [email protected] e terá prazo de 10 dias úteis para resposta. Retiradas em Reais e Bitcoin passam a ter o prazo de 10 dias úteis bancários.
10/04/2023 — PRAZO FINAL para a retirada de todos os ativos da plataforma, Reais e Bitcoin, com as taxas atuais.
Obs.: Após o prazo final ainda será possível realizar retiradas, que serão processadas manualmente, com as seguintes taxas administrativas que se manterão por pelo menos 6 meses:
– CUSTÓDIA: 0,5% / mês de custódia.
– RETIRADA:
– REAIS: R$ 200,00 + 5%.
– BITCOIN: 0,001 BTC + 5%.