Entenda como a greve do banco central e a paralisação do pix poderiam ser evitadas.
- Servidores públicos do Banco Central anunciaram greve para o primeiro de abril e ameaçaram a paralisação do Pix, além de outros serviços financeiros.
- A paralisação do pix pode cortar o sustento de milhões de brasileiros que perderiam a capacidade de usar seu dinheiro no sistema de pagamentos mais popular do país.
Greve do Banco Central e reivindicações
A remuneração média de um analista do Banco Central, paga com dinheiro público “arrecadado” do “contribuinte”, é de R$ 26.200,00 ao mês. Que equivale a 1 ano de salário médio de toda a população – composta pelos pagadores de impostos que financiam os servidores.
O salário médio no Brasil é de R$ 1.921,19; de acordo com relatório divulgado pelo governo federal em 2021.
Ainda assim, os servidores do Banco Central parecem acreditar que 1 ano de salário médio brasileiro não é o suficiente para 1 mês de pagamento. Reivindicando aumento de 26,6% ao representante eleito desta mesma população.
O ajuste colocaria o salário mensal do servidor público do BC em R$ 33.169,20.
Não é nossa missão, neste artigo, julgar a legitimidade do aumento. Tire suas próprias conclusões sobre isso.
Quero focar a conversa em outro ponto… A paralisação do pix.
Paralisação do pix e de outros serviços financeiros
Independentemente da greve do banco central acontecer ou não e a paralisação do pix acontecer ou não, preciso que você entenda que isso é possível acontecer.
É bem provável que o ajuste realmente ocorra – se não integral, parcial. Encontrando um meio de campo entre o requerido e o atual – e que o pix não seja interrompido.
E como já vimos acontecer tantas vezes, com a ameaça postergada, as pessoas devem esquecer que ela um dia existiu.
Então, repito, é muito importante que você entenda que o grande problema nesta situação é exatamente o fato do Banco Central (e seus servidores) terem o poder de paralisar o principal sistema financeiro em execução no Brasil.
Isso é muito grave.
Sim, eles tem o poder de paralisar o pix
Fábio Faiad – presidente do Sindicato do BC – observou que a greve dos servidores do Banco Central será feita respeitando a lei de serviços essenciais, mas destacou que o Pix e outras atividades do BC não se encontram dentro do escopo dessa lei, “portanto podem sofrer paralisações parciais e até totais”.
Isso ocorre, não apenas por uma falha legal, como a maioria dos portais irá dizer, mas um problema que existe muito mais enraizado em nosso sistema financeiro:
O controle do dinheiro por uma instituição central; com poder absoluto sobre este dinheiro e sobre o sistema financeiro que o engloba.
Hoje a ameaça envolve o pix; no passado a ameaça envolveu o confisco das poupanças por Fernando Collor de Mello; no futuro a ameaça vai envolver o Real Digital (CBDC), que já está em desenvolvimento com apoio da maior exchange de criptomoedas do Brasil, a Mercado Bitcoin.
Saiba mais: Mercado Bitcoin e Aave são escolhidos para ajudar no Real Digital
A ameaça sempre existirá, enquanto existir centralização e/ou intermediários no processo
Saiba mais: Entenda o que é descentralização de uma vez por todas
É por este motivo que o dinheiro descentralizado se faz tão necessário e é tão importante, não apenas para enriquecer os investidores que entendem essa necessidade (como muitos parecem encarar o mercado de criptomoedas), mas como ferramenta imprescindível para a soberania financeira, a garantia da propriedade privada e dos direitos naturais dos indivíduos na sociedade.
Mas ser “apenas” descentralizado nem sempre é o suficiente, pois mesmo em uma rede descentralizada, caso exista a necessidade de intermediários para possibilitar as transações ou a custódia do dinheiro, estes intermediários podem ser obrigados a prejudicar os usuários, por pressão de uma instituição central, ou eles mesmos agirem de forma maliciosa em prejuízo das pontas que estão intermediando.
Por exemplo, no Canadá milhares de pessoas foram impedidas de utilizar seu dinheiro, não porque este dinheiro estava em um sistema centralizado que foi paralisado, mas porque o governo agiu através dos intermediários (os bancos) para que os bancos congelassem os fundos das pessoas se manifestando pacificamente contra o governo.
Saiba mais: Corrida aos bancos no Canadá; entenda o que está acontecendo
Olhar crítico é importante – faça suas próprias pesquisas
Como o mercado de criptomoedas foi construído sobre o ideal de descentralização, principalmente através da rede do Bitcoin (BTC), que utiliza uma blockchain pública e não-permissionada de primeira camada, muitas vezes os usuários podem se confundir e serem levados a acreditar que todas as soluções semelhantes (que às vezes levam nomes parecidos), oferecem as mesmas características.
O que não é verdade.
Existem milhares de projetos e redes que utilizam blockchains privadas; ou públicas, mas permissionadas (como a HBAR, por exemplo).
Saiba mais: HBAR não é descentralizada como dizem; entenda como funciona a Hedera Hashgraph
Ou ainda centralizadas, onde uma empresa detém controle sobre os fundos e contratos (são muitos exemplos).
Também existem redes de segunda camada que muitas vezes são custodiais, ou semi-custodiais, e precisam que intermediários disponibilizem liquidez para conectar duas pontas sem um canal direto entre elas. Como é o caso da Lightning Network.
Por isso é muito importante sempre pesquisar a fundo sobre os projetos e redes que se quer utilizar, para evitar que ameaças como a paralisação do pix afetem suas finanças e, pior, seu sustento e sua vida.
O Pix já é hoje a plataforma de pagamentos mais utilizada por milhões de pessoas físicas ou jurídicas que podem se tornar vítimas da ameaça de greve do Banco Central do Brasil.
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