Segundo o empresário e CEO da corretora BitcoinToYou André Horta, o governo brasileiro e grandes bancos estão preocupados com duas criptomoedas: Monero e Dash.
Ao anunciar as novas criptomoedas disponíveis do aplicativo para celular da BitcoinToYou, que incluem Paxos Gold, Nano, Stellar e ChainLink, alguns clientes perguntaram pelo Monero (XMR). Horta então falou publicamente que os governos e bancos não permitem a listagem não só do Monero como também da Dash.
Sem citar nomes, o empresário disse que grandes bancos o perguntaram se sua exchange listava as criptomoedas XMR e DASH, pois se listasse, teria sua conta encerrada. A suposta conversa com o agente do governo não foi contada em detalhes.
Por outro lado, na mesma publicação, a BitcoinToYou promete EOS, Binance Coin, DogeCoin, Tron, NEO, ADA Cardano, Tezos, IOTA, Maker, DAI, Compound, BAT, ZRX (0x), BitTorrent (BTT), Decred (DCR), e Waves.
Alguns entusiastas das criptomoedas de privacidade Monero e Dash não gostaram da notícia, porém, a preocupação de bancos e governos podem, na verdade, destacar o potencial destas criptos.
Por que os bancos e o governo temem Dash e Monero?
Não é de hoje que moedas como Monero e Dash dão calafrios em bancos e agentes governamentais. O Ministério da Economia da Alemanha indicou que o Monero é uma ameaça maior que o Bitcoin ao sistema bancário atual.
Antes mesmo da declaração dos alemães, o Japão fazia pressão velada desde o começo de 2018 para que as corretoras retirassem a XMR dos livros de oferta. O movimento de retirada da XMR passou pelo Japão, Coreia do Sul e a moeda ainda é tabu para corretoras norte-americanas e recentemente chegou no Brasil.
Até o mês passado não existia corretora que suportasse Monero no Brasil, as vendas eram feitas completamente de pessoa para pessoa em canais de Telegram, IRC e em sites especializados como LocalMonero.
Dash, Monero e Zcash têm funcionalidades que protegem a privacidade e o anonimato dos seus usuários, o que pode se tornar um problema para bancos e governos.
Criptomoedas completamente anônimas são preocupantes para o governo, pois com elas é impossível rastrear as transações e taxar os cidadãos, além de dificultar investigações criminais. Já para os bancos, a ideia de ter uma moeda que respeite sua privacidade pode soar contra regras de KYC e AML.
Os bancos e governos estão errados? Parcialmente sim! E não somos nós que estamos falando, segundo o chefe de desenvolvimento do Monero, uma grande empresa de advocacia irá mostrar nos próximos meses como uso de View Keys (chaves que permitem a visualização das transações) tornam a criptomoeda compatível com as regras de KYC e AML.
Of course it can satisfy traceability requirements. It is fully compliant with legislation through functionality like viewkeys and tx keys. And that’s not just my opinion, that’s the opinion of a large, well-known law firm who is putting out a guide for exchanges that add Monero.
— Riccardo Spagni (@fluffypony) September 14, 2019
Enquanto existir Bitcoin os esforços para banir Monero serão inócuos
Apesar dos esforços para banir o Monero, será impossível fazê-lo enquanto o Bitcoin existir. Novas pesquisas na área de criptografia, financiada pela própria comunidade do Monero, mostraram que é possível a criação de Atomic Swaps, ou seja, transferência sem intermediários entre Monero e Bitcoin.
Como resultado, o Monero pode continuar existindo sendo alimentado apenas pelo mercado de Bitcoin. Talvez, até mesmo servido como uma sidechain para quem precisa de mais privacidade e anonimato.
Banir o Monero é impossível, o que os bancos e governos estão fazendo é atrasar o inevitável.
Matéria escrita em colaboração com Neto G.