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Binance anuncia sobrinho de Haddad como Diretor-Geral no Brasil

Guilherme Haddad Nazar

Na sexta-feira (23), por meio de nota oficial, a Binance anunciou a contratação de Guilherme Haddad Nazar para o cargo de Diretor-Geral da empresa no Brasil.

Guilherme é sobrinho de Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo e ministro da Educação, que foi confirmado por Lula como seu futuro ministro da Fazenda. O novo diretor da Binance é bacharel em Administração de Empresas pela ESPM e já trabalhou em cargos de prestígio na Lift e na Uber. Ele estava trabalhando na maior corretora do mundo desde o início de setembro.

Tio ou sobrinho, quem vai influenciar quem? 

A recente decisão da Binance deixou o mercado dividido. Isso se deve ao fato de que Fernando Haddad é um conhecido crítico das criptomoedas. Há quase cinco anos, em janeiro de 2018, ele compartilhou um artigo do Washington Post que debocha das moedas descentralizadas e dos conhecimentos econômicos de seus proponentes. 

Mais recentemente, na véspera da entrada em vigência da Lei Bitcoin em El Salvador, ele fez o seguinte post:

O comentário feito por Haddad denota um indefensável desconhecimento do assunto sobre o qual o futuro ministro da Fazenda resolveu palpitar. El Salvador não possui moeda própria há duas décadas. Além disso, antes da Lei Bitcoin, o dólar americano era sua única moeda oficial. A acusação de que a medida era um instrumento do imperialismo americano parece ser só um discurso pronto para fazer média com a esquerda, porque não é nenhuma vantagem para os EUA abrir mão do monopólio da moeda no país da América Central. 

Seria injusto, porém, atribuir a Guilherme Nazar os deméritos do seu tio. Talvez tenha sido para evitar isso que a Binance omitiu seu sobrenome do meio na nota em que divulgou a notícia. Guilherme, ao que a colaboração com a corretora de Changpeng Zhao indica, está trabalhando em prol do aumento da adoção de criptomoedas e blockchain no Brasil. 

Sendo assim, é inevitável que a seguinte pergunta surja: será que a relação familiar entre os dois terá alguma interferência nas suas atuações? Será que o tio mudará de ideia sobre as criptomoedas por conta do entusiasmo do sobrinho? Ou será que o sobrinho tomará medidas mais cautelosas por conta da hostilidade do tio em relação ao tema? 

A resposta, infelizmente, só surgirá no futuro. O que sabemos é que esta não é a primeira vez que a Binance contrata alguém relacionado à elite da política brasileira. Em setembro, a corretora havia contratado Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e ministro da Fazenda, para compor seu conselho consultivo. Meirelles chegou a ser especulado para o Ministério da Fazenda no terceiro governo de Lula, tendo perdido justamente para Fernando Haddad.

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