Paulo Ardoino diz que o Ethereum não apresenta nenhuma comparação com a “narrativa sólida” do Bitcoin em relação ao dinheiro, mesmo depois da fusão (The Merge).
Ardoino, Diretor de Tecnologia (CTO) da Bitfinex e da Tether, comentou recentemente sobre a utilidade do ether (ETH) como dinheiro após o “The Merge”. Ele acredita que a criptomoeda não pode competir com o Bitcoin como forma de dinheiro, devido a escolhas de design que priorizaram outros objetivos.
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Bitcoin é dinheiro, Ether não?
Como o CTO disse ao Crowfund Insider na terça-feira (13), o Ethereum está “preso entre as alegações de ser uma forma de dinheiro e as alegações de ser uma plataforma.”
Como formulado em seu white paper, o Ethereum foi projetado como um “protocolo alternativo para construir aplicações descentralizadas,” que o Bitcoin não era adequado para suportar. Desde os contratos inteligentes até os stablecoins e tokens não fungíveis (NFTs), toda transação do ecossistema é alimentada pelo Ether, agora a segunda maior criptomoeda por capitalização de mercado.
Mais recentemente, algumas pessoas da indústria também passaram a chamar o ether de “dinheiro de ultra-som” devido à forma como sua estrutura tokenômica ficará após a fusão. Seu mecanismo de queima de transação, aliado a uma diminuição substancial de ETH por bloco, o tornará efetivamente uma moeda deflacionária.
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Isto poderia teoricamente colocá-lo em concorrência com o Bitcoin, uma criptomoeda bem conhecida como hedge de inflação a longo prazo devido a sua oferta fixa. Entretanto, Ardoino pensa que a história tem mais a ver com outra coisa:
“O ETH não pode competir com o Bitcoin na questão do dinheiro porque não há oferta fixa, e ainda não é realmente um world computer porque tem um global state compartilhado e, portanto, muito lento para ser escalável,”
explicou ele.
O CTO acrescentou que a fusão não consertará as taxas de transação relativamente altas do Ethereum, o que os desenvolvedores do Ethereum confirmaram, nem o tornará mais descentralizado.
Na verdade, as preocupações estão aumentando com a alta concentração da participação do Ethereum 2.0 nas mãos dos provedores de staking centralizados. Lido, Coinbase, Binance e Kraken controlam coletivamente 60% da participação, e são todas entidades em conformidade com a OFAC, a Agência de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA.
Em geral, Ardoino acredita que a fusão não resolverá o congestionamento da rede e, portanto, não tornará o Ethereum mais útil como uma rede monetária.
“O fato é que o Bitcoin é o único ativo que tem uma narrativa sólida, uma que não mudou. O Ethereum ainda não corresponde ao Bitcoin porque sua narrativa continua mudando.”
Objetivos demais
O ex-CEO da BitMEX, Arthur Hayes, compartilhou uma opinião semelhante na semana passada. Ele disse que o ether não pode ser dinheiro porque já serve como token de gás do Ethereum.
Por outro lado, “o Bitcoin serve pouco para além das transações, e é por isso que é uma boa forma de dinheiro, porque seu valor não pode ser confundido com a utilidade real de outras coisas.”
Hayes acrescentou que o Ethereum pode ser forçado a mudar a política monetária do ether no futuro se a deflação se tornar “muito severa.” Em outras palavras, as altas taxas de transação necessárias para tal deflação podem afastar os usuários que procuram uma rede barata e utilizável.
A estrela do Shark Tank, Mark Cuban, fez a mesma observação durante uma entrevista sobre a fusão no mês passado. “Se a utilização aumenta, e o valor de um token sobe, então o custo para fazer algo sobe,” explicou ele. “Então você tem estes dois interesses conflitantes.”
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