Se você já assistiu A Grande Aposta (The Big Short), certamente já entendeu como o sistema financeiro anda lado a lado com o governo, para resgatá-lo quando tudo dá errado.
Na crise de 2008, nos Estados Unidos, foram 29 trilhões de dólares gastos, emprestados ou garantidos às empresas privadas por parte do governo, utilizando, claro, o dinheiro dos pagadores de impostos.
Depois de inúmeras fraudes inflando o mercado imobiliário, a bolha finalmente estourou e resultou em 351 processos legais e apenas cerca de US$ 200 bilhões em multas e acordos. Mas, mesmo após dez anos e muitas batalhas legais, ninguém foi julgado ou preso, disse o jornal France Presse.
Salvar banqueiro, um negócio de trilhões de dólares desde 1930
Um relatório da Better Markets explica que os resgates aos bancos (bailouts) existem desde 1930 para bancos comerciais e de varejo tradicionais, “principalmente porque fornecem serviços financeiros essenciais, como contas correntes e de poupança, bem como empréstimos para pessoas físicas e empresas de pequeno, médio e grande porte”.
Como essas instituições financeiras eram vistas como “o combustível” da economia, elas passaram a ter uma proteção que nenhuma outra empresa poderia ter. Em contrapartida, os reguladores bancários deveriam “policiar suas atividades para promover práticas bancárias seguras e sólidas, tornando os resgates menos prováveis”.
No entanto, os 29 trilhões de dólares em bailouts não foram dados somente aos bancos regulados que recebiam depósitos e faziam empréstimos, explica o relatório, mas o resgate foi estendido virtualmente para todas as instituições financeiras, “incluindo aquelas envolvidas nas atividades mais perigosas e de alto risco que realmente causaram a crise financeira.”
E não eram apenas atividades legítimas de alto risco, mas praticamente todos os tipos concebíveis de crime de colarinho branco que um banco poderia cometer. “Eles abrangem tudo, desde fraude, lavagem de dinheiro e manipulação de mercado a abusos de execução hipotecária, práticas ilegais de cobrança de dívidas, violações antitruste, conflitos de interesse e esquemas de propina.”, diz o relatório.
Satoshi Nakamoto e os bailouts
O criador do Bitcoin de pseudônimo Satoshi Nakamoto marcou uma manchete do jornal The Times no blockchain do Bitcoin, provavelmente como um protesto: “Chanceler à beira de um segundo resgate para bancos”.
Isso sugere que Satoshi poderia estar em Londres durante o lançamento do Bitcoin, pois somente o jornal impresso trazia esse título. Na época, o Reino Unido acabava de entregar um pacote de aproximadamente US$ 850 bilhões para salvar os bancos, e discutia mais um bailout.
Com a moeda digital de Satoshi sendo amplamente adotada, porém, essa distribuição do dinheiro dos pagadores de impostos seria impossível. O bitcoin elimina a necessidade de intermediários como bancos e outras instituições financeiras e entrega toda a autonomia e soberania de volta na mão dos usuários.
Curiosamente, hoje em dia são os bancos que buscam o Bitcoin para lucrar com o avanço dessa tecnologia disruptiva. Entenda o que é Bitcoin e leia o artigo “Conheça o único bem não confiscável do mundo” para entender mais sobre o assunto.
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