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O que esperar do Bitcoin e criptomoedas em 2023? Veja opiniões de especialistas

Bitcoin

O Bitcoin (BTC) caiu 65% e o Ethereum (ETH) quase 69%. Esse foi o resultado mega negativo para as principais criptomoedas no ano de 2022 até agora. Diante deste cenário, o Cointimes perguntou para alguns dos maiores especialistas de criptomoedas no país sobre suas expectativas para 2023.

Em retrospectiva, com o colapso do ecossistema da Terra Luna, que balançou o mercado de bitcoin em bilhões de dólares, a queda de fundos como 3AC e a falência da FTX e outras empresas importantes do cenário cripto atual, não é surpresa que o ano tenha sido caótico.

Mas, segundo Marco Castellari, CEO da Brasil Bitcoin, os fundamentos das criptomoedas não são afetados por quebras de empresas centralizadas.

“Recapitulando um pouco de 2022, algumas coisas impactaram bastante o mercado cripto, como a queda da FTX. Mas a gente vê que as criptomoedas, como tecnologias, são coisas separadas das empresas. Assim como em qualquer setor, as empresas de cripto boas ficam para o longo prazo e as ruins acabam ruindo.

Aliás, tivemos exemplos bem piores do que esse, como em 2013 a Mt. Gox caindo, exchange que tinha aproximadamente 80% do volume global de BTC, e mesmo assim o Bitcoin se tornou cada vez mais forte, por ser uma tecnologia anti-frágil.”

Além de citar a quebra de empresas do setor, Rafael Izidoro, CEO e fundador da Rispar, também comentou o cenário macroeconômico para explicar as quedas de 2022.

“Além do cenário global e econômico nada favorável, o ano de 2022 foi marcado pela derrocada de diversos players do mercado de criptomoedas, a qual desestabilizou diversas frentes que vinham sendo desenvolvidas no ano de 2021”, explica Izidoro.

Para uma visão geral do que passou em 2022, leia o relatório completo do Cointimes sobre o assunto entrando na comunidade do Discord (ele está disponível em #relatórios-gratuitos).

O mercado de criptomoedas vai crescer no próximo ano?

Para 2023, a expectativa geral não é positiva. De acordo com Isac Honorato, CEO e cofundador do Cointimes, é esperado lateralização de mercado pois “ainda é um momento onde o cenário macroeconômico não está nada bom, o mundo está caótico.”

No entanto, embora o cenário seja muito ruim por um lado, Honorato acredita que nestes momentos surgem boas oportunidades, “não só cripto, mas também as bolsas estão com descontos em boas ações, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.”

“Está todo mundo sofrendo, e quem tem caixa pode se beneficiar muito bem neste momento de mercado. No cenário cripto, a gente tem um ambiente muito lateralizado, mas com bons projetos recebendo investimentos em 2022, com grande entrada de dinheiro de Venture Capitals (VCs). “Apesar da desaceleração de 8% dos investimentos no setor de startups de criptomoedas no final de 2022, se comparado com 2021, projetos de cripto e DeFi ainda levantaram US $4,6 bilhões, ficando atrás apenas do setor de pagamentos globalmente.”

“O investidor vai precisar prosseguir com cautela. É um bom momento para acumular projetos sólidos como Bitcoin e Ethereum, mas também será interessante observar o desenvolvimento de novas tecnologias e protocolos e suas aplicações.”, concluiu Honorato.

Rocelo Lopes, CEO da SmartPay, também mostrou confiança na lateralização do mercado cripto, e também explicou exatamente quais criptomoedas estão chamando a sua atenção para 2023.

“Com relação a preços em geral no mercado, vamos continuar neste mercado lateralizado. Não acredito que vamos ter uma corrida alta de preços novamente, muito pelo contrário. Acho que isso em 2023, vamos continuar sem grandes surpresas. Talvez veremos uma ou outra altcoin ganhando força por resolver problemas com novas atualizações.

A minha maior expectativa é o fork do Ethereum para reduzir as taxas, o que pode tornar o Ethereum mais interessante e ter uma melhoria de preço em relação a outras criptomoedas. Outras criptos como Polygon e Tron também prometem bastante, visto que vêm crescendo consideravelmente.

Acho que 2023 uma moeda que tem muito a brilhar mais do que já está no mercado é a Tether, por uma questão de adoção em novos mercados. A gente vê países onde passarão a usar Tether, como El Salvador, e cidades como Lugano que seguem o mesmo caminho. E a usabilidade do Tether e outras stablecoins fazem um papel de substituir importações e exportações.

Algumas preocupações que tenho com stablecoins é a maneira como o mercado enxerga as stablecoins. Uma stablecoin da Tron, por exemplo, perdeu a sua paridade com o dólar e não recuperou, teremos também a stablecoin da Cardano, veremos novos modelos de stablecoins e isso pode melhorar bastante o mercado.”, concluiu.

Para José Artur, CEO da Coinext, o bitcoin deve ficar entre 18 mil e 20 mil dólares, chegando até 21 mil em um cenário mais otimista.

“Infelizmente não estou tão otimista em relação a super valorização do bitcoin, acho que o mercado não volta a estar aquecido no ano que vem. Pelo menos até o próximo semestre vai continuar muito ruim para o mercado cripto, com baixo volume e baixa demanda.

Os recursos ainda estarão muito direcionados para renda fixa, a minha expectativa é de que a taxa de juros nos Estados Unidos continue alta por vários anos, acima dos 4% ou 4,5%, o que para o cenário americano é alto.

Para o Brasil não vai ser diferente, ainda mais considerando o fato de que temos um novo governo que vai enfrentar uma necessidade fiscal e deve certamente aumentar a dívida para suportar o déficit no orçamento.

Então eu não vejo uma perspectiva no médio prazo, falando de até 2 ou 3 anos, no mercado de renda variável, e aí incluo as criptomoedas, voltar a ser atrativo.

Acho que o preço do bitcoin deve patinar nessa faixa entre 18 mil e 20 mil dólares. Ele já tem mostrado suportes interessantes em relação a isso, até mesmo com notícias extremamente negativas, como foi o caso da FTX. Claro que ele caiu, mas dentro de um suporte aceitável. Então tem mercado para manter o valor neste patamar em torno dos 20, até 21 mil dólares.”

Quem citou o cenário mais pessimista foi Ney Pimenta, CEO da Bitypreço:

“Minha expectativa é que o mercado em 2023, por ser um ano entre halvings, poderá intensificar o inverno cripto, especialmente imaginando que ainda ocorrerão desdobramentos dos impactos da FTX. Creio que será um ano bastante lateralizado, podendo atingir mínimas ainda menores que 2022, como 14 ou 12 mil dólares. 

No entanto, será uma excelente oportunidade para o investidor acumular criptomoedas, visando o próximo ciclo de alta de deverá ocorrer entre 2024 e 2025.”

Mas não são todos os grandes players brasileiros que compartilham do pessimismo, Castellari revelou uma visão positiva para os anos seguintes para as criptomoedas.

“Estou muito confiante com os próximos anos, como 2023, que as criptomoedas se estabelecerão como ativos globais, não somente para especulação, mas para aplicações reais. Stablecoins como Tether e Pax Gold, atrelados ao dólar e ao ouro, respectivamente, são exemplos claros disso.”, disse o CEO da Brasil Bitcoin.

Apesar dos períodos de queda, Castellari acredita que as criptos continuam sendo cada vez mais utilizadas como hedges para inflação e até protetores contra imposições estatais. “As criptomoedas vão além da especulação, já estão se tornando algo presente no dia a dia das pessoas e são proteções contra o autoritarismo do governo.”

E, na visão de Izidoro, apesar de 2022 ter sido um ano de bear market, tivemos diversas inovações e mudanças bastante aguardadas, como a mudança do algoritmo do Ethereum de Proof-of-work para proof-of-stake. “Em momentos de crise, o foco tende ser na criação de soluções inovadoras, por isso, acredito que 2023 trará novos produtos com maior segurança e transparência”, completa.

O executivo acredita em um cenário promissor para o mercado cripto em 2023, com a consolidação de projetos inovadores e a expansão do mercado de criptomoedas, mas destaca a importância de que sejam abordados os desafios enfrentados pelo mercado para garantir sua confiabilidade e segurança.

2023 é o ano da regulamentação do mercado cripto brasileiro

Um ponto comum entre diversas respostas era a presença da regulamentação como importante fator, tanto de impulsionamento do mercado para novos players, que aguardavam um cenário de maior segurança jurídica, quanto de preocupação de possíveis novas barreiras de entrada.

Para o CEO da Coinext, 2023 será um ano muito importante para o mercado cripto no Brasil. “O Projeto de Lei (PL) 4401 será certamente sancionado até o final do ano, imagino eu, pelo ainda presidente Jair Bolsonaro, e ano que vem teremos novidades regulatórias que virão tanto do Banco Central quanto da CVM, que tem sido bastante ágil com a possibilidade de trabalhar com ativos tokenizados, [por exemplo].” 

“A regulação é o que deve movimentar um pouco o mercado nacional no ano que vem. Será um desafio para todos nós, tanto para empresas, quanto reguladores, como investidores, passar por este processo regulatório.”, opinou Artur.

Marco Castellari acredita que o projeto de lei pode trazer mais segurança para os usuários que querem entrar para o mundo das criptomoedas. ‘Ainda não sabemos se a regulamentação vai acabar atrapalhando o desenvolvimento de inovação e de tecnologia’, disse ele, “mas estamos muito otimistas na Brasil Bitcoin sobre os próximos anos.”

Já para Rocelo Lopes, a regulamentação brasileira é um início, mas não é boa, pelo menos não da maneira como foi feita. “Uma coisa bastante importante ainda para 2023 é a possível regulamentação em outros países, melhores que a brasileira.”, disse Rocelo.

Por outro lado, o empreendedor acredita que “se o Banco Central vier a ser a agência reguladora vai ser muito bom pela capacidade de entendimento, é um dos melhores departamentos do governos onde entendem realmente.”

“Não acredito que [a PL das Criptos] vai ficar como está, terá muitas mudanças. Com a regulamentação, a entrada de mais algumas fintechs no mercado de criptoativos é esperada, e o início da exploração de aplicações das finanças descentralizadas para os usuários.”, concluiu.

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