Com o blecaute de Xinjiang, na China, o poder de mineração da rede do Bitcoin caiu cerca de 20% e transações não confirmadas se acumularam. Com isso, a taxa média de transação subiu para picos de US$ 28,39, de acordo com dados do BitInfoCharts, o equivalente a R$ 155,92 ou por volta de 14,17% do salário mínimo no Brasil.
A mudança de poder computacional direcionado à mineração é percebida pela rede Bitcoin com um algoritmo que ajusta a dificuldade de encontrar o próximo bloco, para que eles sejam minerados de 10 em 10 minutos, aproximadamente.
No entanto, os ajustes de dificuldade acontecem a cada 2016 blocos, o que pode demorar mais de duas semanas. Nos últimos dias, a rede notou o maior intervalo entre dois blocos em quase 10 anos, quando o bloco 679.786 demorou duas horas para ser encontrado.
Por vários momentos de congestionamento, a menor taxa possível que você poderia pagar para confirmar sua transação em um próximo bloco era de mais de 266 sat/vB (satoshis por virtual bytes), conforme reportou o Mempool Space em um tweet de 19 de abril.
A partir desta quinta-feira, a situação já está melhorando significativamente conforme mineradores retomam suas atividades. O próximo ajuste de dificuldade na rede do Bitcoin deve acontecer por volta de 2 e 3 de maio segundo o site CryptoThis.
Taxas de transação alcançam 14% do salário mínimo no Brasil, Bitcoin é inviável para a maior parte da população?
Realizando apenas 7 transações, um brasileiro gastaria um salário mínimo para pagar pelo serviço dos mineradores. E se o Bitcoin fosse adotado em massa, a demanda por espaço nos blocos elevariam as taxas ainda mais.
E considerando a cotação crescente do BTC, é normal que percebamos uma taxa de rede cada vez maior em real ou dólar. São por essas e outras razões que as transações onchain não são suficientes.
Para os desenvolvedores do explorador de blocos Mempool Space, é hora de começar a migrar para soluções de segunda camada como Lightning Network e Liquid, caso você enxergue as taxas onchain como proibitivamente altas.
“O mercado de taxas de transação em rede do Bitcoin foi projetado para subir para sempre, assim como o preço do próprio Bitcoin”, tuitou o perfil @Mempool.
Os desenvolvedores da carteira Electrum ecoaram essa necessidade, escrevendo que “com a situação atual do memory pool do bitcoin, agora é um bom momento para aprender para que servem as taxas de transação (dica: não são para desenvolvedores de carteiras) e como evitá-las usando a rede Lightning”.
As soluções de segunda camada são baseadas em contratos inteligentes e servem como formas de transacionar bitcoin sem precisar ocupar espaço no bloco. No caso da Lightning, são canais de pagamentos integrados que podem transacionar o quanto quiserem instantaneamente e quase sem taxas, necessitando apenas uma transação de abertura de canal e outra para fechá-lo.
Veja também: Carteira Electrum agora dá suporte a Lightning Network