A população do Líbano se revoltou completamente e incendiou o Banco Central na noite desta quinta-feira (11/06), em uma revolução que aparentemente só está começando.
Segundo a jornalista e correspondente Joyce Karam, a noite de ontem no Líbano foi marcada por protestos contra a “corrupção massiva, quebra da economia e estagnação política“.
“Desemprego maciço, corrupção entre todos na classe política do país.
twittou a jornalista Joyce karam
Libra libanesa sangrando a cada dia. Agora são mais de 5.000 contra o dólar (costumava ser 1500 em janeiro). Difícil pagar o básico.
As pessoas já tiveram o suficiente e isso está aparecendo nas ruas hoje à noite.”
Ruas foram bloqueadas, o prédio do Banco Central foi incendiado em Tripoli e o fogo chegou ao centro da cidade:
#Lebanon is rising up tonight, protests from Beirut to Tripoli against massive corruption, economic bankruptcy and political stagnation.
— Joyce Karam (@Joyce_Karam) June 11, 2020
Roads blocked, central bank set on fire in Tripoli & fires downtown: pic.twitter.com/JWWVama279
Não é a primeira vez que o BC libanês é atacado, em outubro ele foi cercado por manifestantes revoltados com a situação econômica do país, que enfrenta uma dívida de 150% do PIB e tinha acabado de dar default na dívida externa.
Banco Central e o centro da corrupção

Para piorar a situação, a população do Líbano teve seu dinheiro confiscado pelo governo para manter os bancos privados funcionando, um “bail-In” que explicamos no texto “Bancos confiscam dinheiro, fecham e são queimados no Líbano“.
Enquanto isso, o governo continua criando dificuldades para os produtores e importadores tentando manter artificialmente uma cotação pareada com o dólar e prendendo quem vende a moeda americana pelo preço do mercado.
O governo libanês chegou ao absurdo de banir aplicativos de cotação para tentar diminuir o impacto da queda na Libra Libanesa – que deveria ser cotada a L£1.507,5 por dólar, mas já passa de L£5.000,00
Há 3 semanas, Mazen Hamdan (diretor de operações monetárias no BC) foi preso, acusado de fraude em uma tentativa de achar um culpado pela crise.
Segundo a Bloomberg, o libanês teria “manipulado a cotação do dólar”. Como? Ele teria vendido US$12,7 milhões no mês passado, dos quais US$470 mil foram para corretoras.
O BC se defendeu afirmando que as transações foram limitadas e que esse valor não seria o suficiente para a moeda estatal cair 4 vezes perante o dólar desde dezembro.
“Evidentemente, e depois de analisar os números e ao contrário dos rumores, não houve manipulação no mercado de câmbio como resultado das operações do banco”, disse o banco central.
A revolta contra as políticas econômicas abusivas do governo e de seu Banco Central foram catalisadas pela pandemia e mostram mais uma vez que o Estado é incapaz de gerir sua própria moeda.
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