Hoje marca o primeiro aniversário de El Salvador adotando o bitcoin como moeda de curso legal dentro de suas fronteiras. Neste artigo vamos explorar o que “deu certo” e o que “deu errado” no experimento.
A pequena nação centro-americana fez história exatamente há um ano quando oficializou o BTC como moeda corrente, tornando-se o primeiro país a fazer isso.
Desde então, a República Centro-Africana seguiu o exemplo de El Salvador, mas chamou muito menos atenção midiática.
Como o bitcoin se tornou moeda legal?
Em 2021, o bitcoin estava marcando novas altas históricas em relação ao seu preço, e portanto estava chamando atenção do mundo. A adoção institucional tinha acabado de chegar para o BTC, com Microstrategy, Tesla e outras gigantes comprando grandes fatias do mercado.
Então, durante a Conferência Bitcoin 2021, que aconteceu em Miami, o presidente de El Salvador, Nayib Bukele anunciou seus planos para legalizar o bitcoin ainda naquele ano. Em 9 de junho, o projeto de lei foi votado e aprovado pelo Congresso com “super maioria” (62 de 84 votos).
Em 7 de setembro, a “Ley Bitcoin” se tornou vigente, e o bitcoin ganha curso forçado no país. As consequências de não aceitar a moeda permaneceram não claros, embora um agente do governo tenha explicado que a negação da aceitação poderia violar os direitos dos consumidores.
Para tornar o bitcoin mais facilmente utilizável (e rastreável), o governo ofereceu uma carteira estatal de bitcoin, a Chivo. Com dinheiro público, ela entregava um airdrop de US $30 para cada novo usuário cadastrado. Além do BTC, o dólar americano seguiu como moeda oficial do país.
Um lado da moeda
A resposta da indústria de criptomoedas foi imediata, com várias empresas e influenciadores elogiando o país por sua bravura. Muitos investiram na área e a promoveram através de seus amplos círculos sociais, enquanto alguns até afirmaram ter se mudado para lá, como os podcasters Max e Stacy Keiser.
Com este interesse crescente, os investimentos estrangeiros e o preço crescente do BTC, El Salvador iniciou várias iniciativas relacionadas ao bitcoin.
A nação entrou no negócio de mineração de bitcoin, mas optou por uma abordagem mais inusitada. Começou a usar seu poder vulcânico excessivo para minerar novas moedas, e o primeiro BTC minerado veio no início de outubro de 2021.
Outro viu a construção de um enorme hospital de animais de estimação alimentado pelos supostos lucros de seus negócios com bitcoin, embora o presidente tenha admitido que utilizou dólares para isso. O hospital veterinário abriu no início de 2022, e cada procedimento custa US $0,25 em BTC.
Pouco tempo depois, surgiu também um centro de educação.
Os funcionários do país também convidaram representantes de outros 40 bancos centrais para falar sobre a adoção do bitcoin, a inclusão financeira do ativo no estado-nação, e muito mais.
Mas talvez a ideia mais ambiciosa tenha surgido no final do ano passado quando El Salvador revelou planos para construir uma cidade inteira dedicada e focada no bitcoin. Além disso, disse que financiará a Cidade Bitcoin angariando US $1 bilhão na forma de títulos apoiados por BTC – US $500 milhões para mais compras de BTC e o restante para a própria cidade.
Separadamente, o país usou várias oportunidades para comprar BTC, e atualmente detém 2.381 moedas.
Tudo isso parece ter ajudado vários setores locais, especialmente o turismo. O Ministro do Turismo – Morena Valdez – afirmou recentemente que o número de pessoas chegando ao país e gastando mais nele havia aumentado em 30% desde a adoção do BTC.
O outro lado da moeda
Mas nem tudo tem sido arco-íris. El Salvador gastou pouco mais de 100 milhões de dólares para acumular sua “pilha de satoshis”, mas o mercado caiu fortemente nos últimos meses, evaporando bilhões de toda a indústria.
Como tal, os 2.381 bitcoins do país estão agora avaliados em US $44,6 milhões – o que significa, uma perda massiva não realizada. Apesar de algumas garantias do Ministro da Fazenda de que o risco fiscal é “extremamente mínimo”, a Fitch baixou a classificação de El Salvador citando esses mesmos riscos da adoção do BTC.
O Fundo Monetário Internacional é outra organização global que teve algumas palavras duras a dizer ao líder de El Salvador. Mais uma vez, ele tocou no “grande risco” que era a adoção do BTC, que poderia criar “passivos contingentes”, e instou as autoridades a reverterem sua decisão. Entretanto, Bukele não parece muito ofendido.
Vários senadores americanos conhecidos, incluindo James Risch e Bob Menendez, propuseram um novo projeto de lei com o objetivo de investigar os efeitos da adoção do BTC em El Salvador.
Apesar do interesse inicial no BTC, talvez alimentado pelos 30 dólares gratuitos prometidos pelo governo, um estudo mais recente revelou que os habitantes locais ainda não se voltaram totalmente para a criptomoeda.
E, tocando nos já mencionados US$ 1 bilhão de bitcoin bonds – ainda estão para ver a luz do dia. As autoridades do país atrasaram seu lançamento em várias ocasiões, citando as condições desfavoráveis do mercado.
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Este artigo é uma adaptação do CryptoPotato, sempre note quando há uma fonte abaixo da matéria para checar o link do conteúdo original.