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Ações da Coinbase entram na carteira dos investidores mais conservadores

Ações da Coinbase

Gestores de ações estão olhando com mais atenção o mercado de moedas digitais. Seja por conta da inovação disruptiva no mercado de capitais ou pela segurança da criptografia que tornou os criptoativos uma alternativa de reserva de valor contra a inflação de base monetária.   

Depois de muito insinuar que o Bitcoin era mania entre millennials e entusiastas, o mercado tradicional “queimou a língua” e está correndo atrás de empresas do setor. Esse é o caso das ações da Coinbase.  

Barreira regulatória 

Primeiro alegavam que o Bitcoin não era regulamentado e usado para transações ilegais na internet, mas isso já foi desmistificado.

Uma grande barreira regulatória foi superada quando, em julho do ano passado, o Office of the Comptroller of Currency dos EUA (OCC) permitiu que bancos nacionais poderiam custodiar criptoativos. 

Aqui no Brasil, o Leão já arranjou um jeito de tributar os investimentos. Com a Instrução Normativa RFB nº 1.888, fica obrigatória a prestação de contas de todas as operações que envolvam criptoativos, de qualquer tipo. 

Com a adoção de um código de autorregulação – a exemplo do Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária, o Conar – corretoras brasileiras buscaram garantir mais segurança e transparência ao investidor. As exchanges eram, então, as únicas opções para negociar bitcoin e outras criptomoedas.

Agora, através de Exchange Traded Funds (ETF), você já consegue se expor a esse mercado. Os ETFs são fundos de investimento que reproduzem um determinado índice.

Diferente das corretoras, os ETFs são negociados na B3 (B3SA3) e possuem regulamentação da CVM. Portanto, a diferença é que teoricamente agora o investidor terá uma segurança extra, mas ele paga pela taxa de administração do fundo.

O primeiro ETF de criptomoedas do Brasil na B3 estreou dia 22 de abril. O Hashdex Nasdaq Crypto Index (HASH11), e dá acesso aos investidores de varejo aos principais criptoativos do mercado. Além dele, a QR Asset Management pretende lançar o ETF QBTC11 que terá sua exposição 100% em bitcoin.

Para o investidor não qualificado que ainda tem medo de se expor ao mercado de criptoativos, os fundos de criptomoedas têm se mostrado uma boa opção, já que oferecem um pouco mais de proteção por terem parte do portfólio investida na renda fixa, o que sacrifica um pouco do rendimento comparado com o investimento direto nos ativos.

Quem está comprando esses papéis 

Com um preço de oferta de U$381 e valor de mercado de aproximadamente U$100 bilhões, a Coinbase foi uma das maiores aberturas de capital já feitas na Nasdaq. Um marco bastante relevante para o mercado financeiro tradicional.

A G2D, a holding de venture capital da GP Investimentos para negócios globais, acaba de receber uma bolada de US$ 5,9 milhões, ou mais de R$ 30 milhões com essa listagem da Coinbase na Nasdaq. A empresa era investidora da corretora por meio de fundos e com a venda das ações fez um lucro de US$ 5,2 milhões — algo equivalente a 700% do valor do ativo registrado no balanço de dezembro.

Atualmente o papel está cotado abaixo dos preços ofertados no seu IPO.

Qual a tese de investimento

Vou mencionar alguns pontos importantes que tornam a tese de investimento na Coinbase uma boa escolha na carteira dos investidores mais conservadores. 

Estamos só no início da história do mercado cripto

Você já deve estar ciente que tudo começou em 2008, quando Satoshi Nakamoto criou o protocolo do Bitcoin. Desde então, entusiastas e Cypherpunks transacionam suas moedas digitais no Blockchain. Os mesmos trataram de também criar o ecossistema que hoje suporta os instrumentos financeiros de câmbio, empréstimo, contratos, derivativos, custódia e outros. 

Com o mesmo intuito, a Coinbase se forjou como a casa de câmbio digital para facilitar a compra e venda de criptoativos. Criada em 2012, hoje ela pretende disponibilizar esse serviço para todos os 3,8 bilhões de smartphones no mundo.

Muita inovação por vir

Basta você acompanhar as notícias que saem no Cointimes para perceber que a todo momento novas tecnologias são introduzidas nesse setor. 

Criptomoedas de todos os tipos fazem uso da tecnologia conhecida como blockchain. As cadeias de blocos agem como sistemas descentralizados para registrar e documentar transações que ocorrem envolvendo uma moeda digital específica. 

O relatório Trend Insight da empresa de análise Gartner fez a seguinte previsão:

Até 2022, apenas 10% das empresas conseguirão qualquer transformação radical usando o blockchain; Até 2022, pelo menos um negócio inovador construído sobre a tecnologia blockchain valerá US $ 10 bilhões; Até 2026, o valor comercial agregado pela blockchain aumentará para pouco mais de US $ 360 bilhões, depois até 2030 aumentará para mais de US $ 3,1 trilhões.

Com certeza a Coinbase também se beneficiará com esta tendência. 

Defi: acesso de produtos financeiros à população. 

As finanças descentralizadas (Defi) oferecem instrumentos do mundo financeiro tradicional para o universo das criptomoedas. É parte fundamental do ecossistema cripto que mencionamos acima. Elas oferecerão tudo que um banco tradicional oferece – transações, empréstimos, hipotecas – mas sem a necessidade de um mediador. Funcionam também como Bolsas de Valores, onde não há nenhum intermediário entre o investidor e o investimento. As transações, então, são garantidas por “smart contracts”. 

Bem parecido com a proposta da Coinbase, não acha?

Os investidores institucionais estão só começando a investir

O Bitcoin iniciou uma alta em outubro de 2020, e seu crescimento foi impulsionado principalmente por instituições e grandes corporações. Nesses vários meses, o preço do bitcoin aumentou cerca de seis vezes após compras massivas de empresas como MicroStrategy, Tesla, MassMutual e outras.

Investidores institucionais, em sua maioria são usuários que estão comprando valores muito altos e têm um perfil de longo prazo com custódia feita fora das corretoras. O que causa uma redução na oferta de bitcoins disponíveis para a venda nas maiores corretoras do mundo, gerando a valorização da moeda.

Atualmente, estima-se que cerca de 6,5% da oferta monetária do Bitcoin está sob posse do mercado institucional, segundo o site Bitcoin Treasuries.

Esse argumento só faz sentido se você perceber que o Bitcoin e as ações da Coinbase estão correlacionadas.

Segurança 

A rede e a moeda Bitcoin provaram ser seguras, funcionais e eficientes. A tecnologia usada para construir o Bitcoin é matematicamente protegida por criptografia e está sendo constantemente aprimorada pela comunidade de código aberto. O software é inspecionado ativamente e auditado por esta comunidade crescente.

Além disso, a Coinbase pode se gabar que nunca foi hackeada. Ela disse que 0,004% de seus usuários experimentaram “invasões de conta” no ano passado, onde alguém violou seus dispositivos e, em seguida, obteve acesso às suas contas Coinbase. A empresa disse que educou seus usuários sobre como manter suas contas seguras e investe fortemente em segurança da informação. 

Vou adicionar um importante aviso. Se você não tem acesso às suas chaves privadas, você não tem a custódia dos seus satoshis. Fique esperto!

Valuation 

O “valuation”, que foi de US$ 8 bilhões em 2018 e de US$ 77 bilhões em fevereiro, chegou a US$ 100 bilhões no processo de IPO da empresa. Também a base de clientes mais que dobrou nos últimos meses. 

Escorado em taxas de corretagem, o faturamento também disparou, chegando a US$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre – é mais do que o total em 2020, de US$ 1,3 bilhão, que, por sua vez, já havia sido mais que o dobro da receita em 2019 (US$ 533,7 milhões).

O lucro líquido pulou para US$ 730 milhões, também acima do lucro registrado no ano passado inteiro, de US$ 527,4 milhões.

O volume negociado pela exchange foi de US$ 193 bilhões em todo o ano passado para US$ 335 bilhões no primeiro trimestre, e o total de ativos sob gestão disparou de US$ 90 bilhões em dezembro passado para US$ 223 bilhões em março.

O “bom aluno” do mercado

Muitos elogios dos investidores vão para o CEO da Coinbase, Brian Armstrong. Tendo um gestor competente, compliance regulatório, licenças adequadas e transparência de governança, o “bom aluno” do mercado somou alguns créditos entre os investidores que escolheram a ação da empresa. 

O bilionário de 38 anos foi engenheiro de software na Airbnb por cerca de um ano (começou em 2011). Antes disso, por quase uma década ele foi CEO e fundador da UniversityTutor.com, um site de tutoria online. Recebeu um diploma de mestre em ciência da computação na Rice University em 2006.

Conclusão

Todos estes pontos embasam a tese de investimento na empresa, assim como reforçam a tendência de alta para o mercado de criptomoedas. Isso pode explicar a correlação entre os dois. 

Nenhuma informação divulgada aqui é uma recomendação de investimento. A única coisa que eu recomendo é você guardar bem suas chaves privadas para não acabar que nem esse cara aqui: Político perde R$140 milhões em bitcoin, veja o que aconteceu.

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