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Black Mirror no blockchain – A distopia virando realidade

Black Mirror no Blockchain

Black Mirror é uma série do Netflix que mostra como a tecnologia pode criar situações e realidades distópicas. Se você ainda não assistiu, recomendo fortemente que veja depois de ler esse artigo.

Mas e se essa distopia estivesse virando realidade diante dos nossos olhos? Bom é disso que venho falar hoje, você pode estar fazendo parte dela e não sabe.

Vamos começar nossa primeira história de distopia um pouco longe das nossas realidades, mas não se preocupe, essa história chega em você.

10 unicórnios chineses que você ainda não ouviu falar

Aqui no Cointimes já falamos muito sobre os chineses, eles são os principais mineradores de bitcoin, os maiores compradores de matéria prima brasileira e os mais avançados na criação de distopias.

E é aí que entramos no episódio real do Black Mirror.

No vídeo acima podemos ver um aviso em um transporte público chinês, nele é alertado que os cidadãos que desrespeitarem as normas do transporte, serão punidos de acordo com a lei. Até aí tudo certo, nos metrôs de São Paulo e no transporte de outras capitais há também esses tipos de avisos, a diferença vem no final quando é alertado que o cidadão perderá créditos no sistema de crédito social chinês (SCS, na sigla em inglês).

Certo, então você está me dizendo que o governo chinês tem um sistema de crédito social? É isso mesmo, se você meu caro leitor já assistiu Black Mirror, vai se lembrar do episódio NoiseDive, lembra? Vou refrescar sua memória, para aqueles que não viram fica a chance de entender a história:

O episódio se passa em uma realidade alternativa, onde as pessoas podem se avaliar. Essas avaliações são tomadas como uma espécie de crédito e usadas para permitir financiamento, compra de casas de casas e até se você pode ou não utilizar de determinados veículos para se locomover.

Na China, 8 companhias foram autorizadas a coletar dados e criar sistemas distópicos de crédito. Alibaba, Wechat e Didi (o Uber da China) estão entre as mais avançadas na coleta de dados, pois contam com uma enorme base de usuários, só o Wechat tem mais de 850 milhões.

É bem provável que o governo chinês utilize a ideia de blockchain (DLTs) para transmitir os dados de maneira segura entre os entes governamentais e as empresas privadas que separadamente coletam esses dados. Aliás o governo chinês criou o Blockchain Industrial Park, com investimentos na casa dos bilhões de dólares.

O sistema de pontuação do governo chinês vai um pouco além da distopia imaginada por Charlie Brooker (criador da série Black Mirror). Coisas bem simples e triviais também são contadas no SCS, que te observa em todos os lugares.

Preparei uma lista com algumas coisas que poderiam fazer você perder pontos nesse gamification (a aplicação de técnicas usadas em jogos digitais para auxiliar na resolução de problemas muitas vezes reais) com 1 bilhão de pessoas.

1. Jogar muito vídeo game

games na china

Jogar muito vídeo game é deletério para a saúde, se o Partido Comunista diz, deve ser verdade.  Segundo a Wired, o Alibaba julga seus usuários que jogam muito como pessoas sem ter o que fazer.  E quanto é muito? Mais de 10 horas.

Ponto negativo para os gamers! Sabe aquelas longas partidas de LOL, CS Go ou seja lá o que você joga? Esquece!

2. Colar na prova

colar na prova

O Sesame System (desenvolvido pelo Alibaba) já está com conversas avançadas com o “Ministério” da Educação, eles querem a lista de estudantes que trapacearam em exames nacionais.

A ideia é fazer com que os estudante pague pelos seus erros no futuro.

3. Atravessar a rua com o sinal vermelho

AFP PHOTO/MIKE CLARKE (Photo credit should read MIKE CLARKE/AFP/Getty Images)

 

Qual pedestre nunca atravessou uma rua ou avenida com o sinal vermelho. Além de passar vergonha publicamente, seu score também é diminuído.

Como eles fazem isso? Com um sistema de reconhecimento facial avançado e geolocalização.

4. Ter amigos “chatos”

daniel fraga

Sabe aquele amigo que sempre fala mal do governo? Pois é, só pelo fato de ter um amigo assim já faria você perder pontos.

Os libertários que se cuidem.

Aliás, saiba quem são esses tais de libertários:

Você é um libertário? O que é libertarianismo

Não, a China não é a pioneira

Lembra lá no começo do texto quando eu falei que essa distopia já pode estar acontecendo no seu dia a dia. Vamos nos aproximando de você aos poucos, meu caro leitor.

O ocidente foi o verdadeiro pioneiro nesse tipo de sistema. Os alemães têm o Schufa, um sistema privado de crédito, ele analisa até mesmo o score de vizinhos antes de determinar a sua pontuação.

O governo norte-americano é especialista em dar score para seus cidadãos, principalmente aqueles que acessam ferramentas contra a censura. Conforme revelado por Edward Snowden, a NSA classifica seus cidadãos em uma lista, você sobre mais na lista conforme usa ferramentas de criptografia.

Sistema social de crédito é inevitável

A verdade é que o governo chinês está apenas oficializando e levando esse sistema de crédito a outro nível.

No Ocidente a briga por sistemas sociais de crédito serão mais acirradas, muitas empresas privadas estão utilizando de big data para para classificar e punir seus utilizadores.

O Facebook , por exemplo, utilizou seus algoritmos para encerrar contas de páginas de direita, um pouco antes das eleições. Vale lembrar que a empresa recebe recursos de propagandas governamentais.

Do outro lado da moeda temos alguns cypherpunks, como o ex-desenvolvedor do Bitcoin, Martti ‘Sirius’ Malmi. Ele está trabalhando em um projeto de sistema de score digital, o Identifi.

Essa ferramenta já seria pensada para evitar usos distópicos e se integrar em redes sociais descentralizadas.

“Você pode usar sua rede de confiança Identifi para filtrar spam, trolls e outros tipos de conteúdo indesejado sem recorrer à censura centralizada. Isso é útil para mídias sociais descentralizadas. ” – disse Sirius  ao portal Coindesk.

 

bitcoin Sirius DEv
Sirius ex-desenvolvedor do Bitcoin

Seja por meio de algoritmos escondidos, cypherpunks ou governos ditatoriais, os sistemas sociais de crédito são inevitáveis. Neto, mas por que?

A resposta é simples, custo de transação. Um dos maiores problemas em uma negociação é a questão da confiança, um sistema de crédito social, que envolve todas as esferas da vida de uma pessoa é a melhor maneira de diminuir esse custo. Esse conceito é algo semelhante ao que a empresa BanQu quer implementar no Brasil, porém apenas analisando a parte econômica da vida de uma pessoa, com esses dados ela consegue vender produtos financeiros para pessoas que não tem conta em banco.

Veja mais sobre a BanQu:

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Querendo você ou não, os sistemas de crédito social serão implementados. É bem possível que um algoritmo já tenha analisado seu perfil, seus hábitos e esteja vendendo para grandes empresas, o Serasa já faz parte do serviço (inclusive já houve parceria entre o Facebook e o Serasa).

Você acha que eles trarão um futuro distópico ou inclusão social?

O tema é interessante e há outros governos utilizando blockchain para fins não muito democráticos. Se quiserem a continuação da série compartilhe esse post nas redes sociais – FacebookTwitterInstagram

Fontes:

https://www.businessinsider.com/china-social-credit-system-punishments-and-rewards-explained-2018-4

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