A exchange “descentralizada” de derivativos, dYdX, bloqueou a conta de diversos usuários com alguma ligação com a plataforma Tornado Cash, que foi banida pela Secretaria do Tesouro dos EUA.
dYdX bloqueou contas, o que isso diz sobre descentralização?
A dYdX é uma plataforma que se identifica como “exchange descentralizada” (DEX) de operações com derivativos (fora do mercado à vista, com alavancagem, contratos futuros, opções e aplicação de margem).
Após o banimento do protocolo Tornado Cash, pela Secretaria do Tesouro dos Estados Unidos – que levantou importantes discussões sobre constitucionalidade e liberdade de expressão, com o governo dos EUA banindo códigos de um software livre e aberto, que nada mais são do que mensagens compartilhadas e, portanto, expressão. A dYdX bloqueou contas de usuários, obedecendo à decisão do governo e levantou questionamentos sobre sua própria descentralização.
Investigando um pouco mais sobre a dYdX, descobri que são três entidades que compõem seu modelo de governança:
- dYdX Foundation (sem fins lucrativos e centralizada);
- dYdX Trading Inc. (com fins lucrativos e centralizada); e
- dYdX DAO (com fins lucrativos e descentralizada).
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Quando uma exchange “descentralizada” bloqueia contas de usuários, fica bastante claro que ela não é realmente descentralizada, já que parte dos benefícios da descentralização é a impossibilidade de uma entidade central banir, censurar ou agir de forma direta contra usuários que interagem com esse sistema descentralizado e não-permissionado.
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No caso da dYdX, o que acontece é que apenas uma pequena parte de sua infraestrutura é descentralizada e isso deveria ser melhor comunicado pela plataforma, evitando levar usuários ao engano.
As operações na exchange “descentralizada” ocorrem em segunda camada do Ethereum, oferecendo uma experiência parcialmente descentralizada, em blockchain de Layer 2, e os investidores de sua DAO podem fazer staking para participar de pequenas decisões relacionadas às interações nessa segunda camada.
Além disso, eles conseguem uma participação sobre os lucros da plataforma, que decorrem normalmente de taxas operacionais pagas pelos usuários, além de emissão (inflação) do token DYDX, pago aos stakeholders.
Todo o restante das interações, no entanto, são centralizadas e permissionadas. Os usuários precisam de contas, as listagens de ativos requerem autorização e a própria companhia dYdX Trading Inc., é uma empresa tradicional de investimentos.
No comunicado oficial, a empresa afirmou que possui um scanner sobre as contas de seus usuários, identificando e bloqueando operações suspeitas de estarem vinculadas com atividades criminosas e também contra plataformas e ativos sancionados pelos Estados Unidos, Reino Unido e outros grandes governos mundiais.
Quando a Secretaria do Tesouro dos EUA baniu o Tornado Cash, a exchange “descentralizada” bloqueia, não apenas as contas que diretamente já passaram pela plataforma, mas a dYdX também bloqueou contas que receberam frações (pequenas ou não) de outras contas que em algum momento passaram por lá.
Como usuários comuns normalmente não verificam o rastro das transações que recebem, muitos foram pegos desprevenidos, impossibilitados de realizar suas operações na exchange.
A empresa comunicou que ainda é possível sacar os fundos, já que não existe custódia – o que é um ponto a favor da suposta “descentralização”.
Além disso, muitas contas que foram “bloqueadas por engano” podem ser desbloqueadas sob solicitação através do e-mail: [email protected].
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