A principal empresa por trás do desenvolvimento da Lightning Network do Bitcoin, Lightning Labs, levantou cerca de R$ 325 milhões para “bitcoinizar” o dólar e tornar a rede capaz de movimentar trilhões de dólares anualmente, competindo com a Visa, por exemplo.
Enquanto o Bitcoin está conduzindo US$ 50 bilhões em volume diário, a rede pública só é capaz de lidar com algumas transações por segundo, em comparação com os 65.000 da Visa.
Desde 2016, a Lightning Labs vem trabalhando para solucionar esse problema desenvolvendo a Lightning Network, uma solução de segunda camada que funciona acima do blockchain do Bitcoin.
Com o investimento, a Lightning Labs, com sede na Califórnia, planeja construir o Taro, um protocolo que abrirá a Lightning Network para outros ativos além do bitcoin (BTC), incluindo cripto-dólares/stablecoins.
“Isso é realmente significativo porque o potencial aqui é que todas as moedas do mundo encaminhem o Bitcoin pela Lightning Network”, disse Elizabeth Stark, CEO e cofundadora da Lightning Labs, à Forbes antes do anúncio.
Para realizar essa visão e garantir o crescimento adicional da empresa, a startup de pagamentos de Bitcoin levantou uma rodada de financiamento da Série B, liderada pela Valor Equity Partners e pela gestora global de ativos Baillie Gifford, ambos os primeiros apoiadores da Tesla e da SpaceX.
Entre outros investidores de alto nível estão o CEO da Robinhood, Vlad Tenev, o NYDIG e o CEO da Silvergate, Alan Lane. Isso segue uma Série A de US$ 10 milhões (~ R$ 46,4 milhões) em 2020, após um investimento ainda anterior do cofundador do Twitter e do Block, Jack Dorsey. Stark se recusou a divulgar o valuation pós-investimento da empresa.
Em 2018, a Lightning Labs lançou o que muitos viram como uma solução para a lentidão das transações de bitcoin – a Lightning Network. Originalmente descrita em um white paper pelos acadêmicos Joseph Poon e Thaddeus Dryja, a rede agora opera por meio de mais de 30.000 nós e permite transações de BTC baratas e rápidas, realizando pagamentos pequenos e frequentes fora da camada principal do Bitcoin.
Stark compara a rede com a Visa, um sistema global online que lida com pagamentos eletrônicos entre mais de 100 milhões de comerciantes e 15.000 instituições financeiras. Mas, ao contrário de sua contraparte, a LN depende da liquidez do bitcoin e qualquer pessoa pode executar um nó da Lightning.

O crescimento na capacidade da rede, ou a quantidade de bitcoin bloqueado em seus canais, vem aumentando expressivamente desde os primeiros meses da rede. Mais de 300 empresas e startups estão desenvolvendo a tecnologia de código aberto da Lightning Labs.
Na semana passada, a gigante exchange de criptomoedas Kraken se juntou à Lightning Network com seu próprio nó. No início de setembro, o Twitter adicionou suporte para recursos de pagamento baseados em bitcoin, incluindo carteiras com suporte à Lightning.
O primeiro passo no plano da Lightning Labs de transformar a rede em uma camada de vários ativos em cima do Bitcoin é adicionar stablecoins. Com o lançamento do novo protocolo, os desenvolvedores poderão emitir esses ativos (que estão atrelados a outros ativos, como o dólar americano) no blockchain do bitcoin e depois movê-los para o Lightning para velocidade e escalabilidade, explicou Stark.
De acordo com um comunicado fornecido à Forbes, “a Lightning Labs já está conversando com vários grandes players sobre a emissão de stablecoins e a construção de sua plataforma usando essa tecnologia”. A Stark se recusou a divulgar detalhes adicionais, mas compartilhou que o protocolo pode oferecer suporte para vários tipos de ativos, incluindo colecionáveis de jogos e NFTs (a Lightning Labs não está, porém, trabalhando ativamente nesses ativos).
O lançamento do Taro é o mais recente de uma série de esforços para desvendar o potencial do blockchain que deu início a todo o ecossistema de criptomoedas. Em fevereiro, Muneeb Ai, cofundador da Stacks, uma rede de contratos inteligentes ligada ao Bitcoin, levantou quase R$ 700 milhões para trazer aplicativos e ativos como NFTs que decolaram em cadeias como Ethereum e Solana para o Bitcoin.
O desenvolvimento de Taro, de acordo com Stark, foi facilitado pelo Taproot, uma atualização recente para bitcoin que introduziu uma série de melhorias para as transações de bitcoin.
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