Nano é descentralizada, porque é um sistema descentralizado, com subsistemas mais ou menos descentralizados do que outros. Vamos entender algumas dessas métricas.
Artigo da série: NANO É, onde explicarei alguns fundamentos sobre a criptomoeda nano (XNO).
Ao contrário do que muitos pensam, a descentralização não é um conceito absoluto. Existem diferentes graus de descentralização e diferentes categorias, ou subsistemas, a serem avaliados. A descentralização também é um estado dinâmico, que aumenta ou diminui ao longo do tempo.
Descentralização no desenvolvimento
Nano foi criada de forma centralizada por Colin LeMahieu, como todo sistema em seus estágios iniciais. Colin é diretor da Nano Foundation, a principal instituição colaboradora do código e que lidera o nano-node no Github. Um software de código aberto (OSS).
A nível de software, nano-node é o software mais usado pelos nodes para se conectarem à rede. É o equivalente ao Bitcoin Core (full node) que também é usado por mais de 98% da rede Bitcoin. Não tão descentralizado, certo? Precisamos de melhorias nessa área para aumentar ainda mais a descentralização na nano.
Mas, ao mesmo tempo, ambos são Open Source Software (OSS), então é fácil melhorar a descentralização neste subsistema, pois as pessoas podem bifurcar o código, alterá-lo ou mantê-lo seguro em outro lugar. Acho que a grande maioria dos projetos descentralizados precisam melhorar nessa área.
Uma rede descentralizada precisa de diferentes opções para configurar um nó e melhorar o código, sem pontos únicos de falha. Apesar disso, o nano-node tem mais de 82 colaboradores, a maioria independentes. Seu desenvolvimento, nesse sentido, é bastante descentralizado — e crescente.
Ecossistema da nano é descentralizado
O ecossistema da nano é altamente descentralizado e conta com a colaboração de mais de 435 desenvolvedores. Por se tratar de um ativo de baixa capitalização de mercado, é um número impressionante, devido à baixa capacidade de financiamento, contando majoritariamente com doações e desenvolvimento voluntário.
Comparando o número de “favoritos” no GitHub com outros projetos, ponderados pela capitalização de mercado, podemos ver que o nano realmente se destaca. Isso não afeta diretamente a descentralização na nano no momento, mas pode indicar um incentivo positivo, com mais capital entrando.
Descentralização na rede e no consenso
No momento temos 260 nós online, espalhados pelo mundo. Cada um desses nós são “peers” de uma rede peer-to-peer viva, totalmente descentralizada e não-permissionada. O que significa que qualquer pessoa pode executar um nó e colaborar ainda mais com esse subsistema, sem precisar de autorização de uma entidade central.
Se dividimos os 260 nodes por 0,143 bilhões, ponderando novamente pela capitalização de mercado, o resultado é 1.818.
Se calcularmos o mesmo índice para o Bitcoin (BTC), por exemplo, com 9.680 nodes por US $464,986 bilhões de market cap, o resultado é igual a 20. O que mostra a descentralização da nano em relação à moeda descentralizada com maior capitalização do mercado.
A mesma lógica poderia ser aplicada sobre o número de colaboradores do nano-node, para resultados comparativos semelhantes.
Consenso da nano é descentralizado
Talvez o subsistema mais importante ao avaliar a descentralização de um sistema. Existem, atualmente, 108 Representantes Principais (PRs) online na rede. Um PR é um tipo especial de nó que está configurado para votar e tem mais de 0,1% do peso online.
Lembrando que um PR não tem “benefícios extras”, além da capacidade da rede de identificar os “validadores” com mais peso. E os usuários podem alterar essa distribuição a qualquer momento por meio da delegação instantânea para outro representante.
A descentralização na Nano usa o mecanismo de consenso Open Representative Voting (ORV).
No ORV, todo endereço online pode votar abertamente na rede, mas muitos decidem escolher um PR para votar em seu lugar, emprestando seu poder de voto medido pelo saldo no endereço, sem staking. Isso é útil para manter a rede descentralizada, com votos online 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Coeficiente de Nakamoto da Nano
O Coeficiente de Nakamoto (NC) mede o número mínimo de entidades que precisam conspirar para atacar a rede através do domínio de consenso. Na nano, o Coeficiente de Nakamoto é medido de duas maneiras diferentes:
- Safety
- Liveness
Safety | NC = 10
Em Safety, é medido o número de entidades que precisariam conspirar para fazer um ataque de “51%”, que na nano poderia ocorrer com ~67% (⅔) o que representa a maioria no consenso. Neste ataca, pode-se, teoricamente, fazer um gasto duplo ou explorar outros vetores de centralização.
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O Coeficiente de Nakamoto Safety da nano é 10, faltando apenas 0,93% serem redistribuídos fora do top 10 para aumentar para 11.
Liveness | NC = 3
Em Liveness, é medido o número de entidades que precisariam conspirar para interromper temporariamente a rede, recusando-se a transmitir seu voto, impedindo que o consenso (67%) fosse alcançado.
Envolve ~33% dos votos (ou ⅓). E o status atual não é bom.
Como medida comparativa, o coeficiente de Liveness no Ethereum (ETH), que tem regras semelhantes ao da nano, está atualmente entre 1 e 2, com Lido tendo 31% do peso dos votos.
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Portanto, ambos precisam de melhorias, mas a nano é um pouco melhor do que a maior rede de proof-of-stake por capitalização de mercado.
Conclusão
Como eu disse no início, a descentralização na nano é um estado dinâmico que melhora ou piora com o tempo. A rede é um organismo vivo e devemos permanecer vigilantes para evitar um movimento de centralização. Sempre haverá “maus atores” tentando fazer isso.
Podemos dizer com segurança que o Nano é descentralizada. Há pontos em que é mais descentralizada do que a maioria dos projetos (Safety NC, por exemplo) e pontos em que é mais centralizado.
Mas um ponto onde a nano realmente se destaca é nos incentivos para mais descentralização no passar do tempo.
Ao não pagar recompensas financeiras diretas para os participantes da rede e os validadores, como ocorre na mineração de moedas proof-of-work ou no staking de moedas PoS, todos os Representantes Principais tem a descentralização como incentivo intrínseco. E não o aumento do lucro, independente de centralizar mais, com a atividade.
Além disso, ao transformar a validação (mineração ou staking) em um negócio, é criado um efeito de economia de escala, onde os maiores validadores ganham mais dinheiro, quanto maior for seu domínio sobre o consenso da rede.
Seu incentivo é conseguir aumentar sua participação, cada vez mais, para aumentar seu lucro. E por conta da economia de escala, isso é possível.
Os maiores mineradores, ou maiores stakeholders, ganham mais com o tempo, conseguem reinvestir mais dinheiro para aumentar sua participação (em equipamentos ou staking), conseguem melhores contratos de energia, capital mais barato, melhor locação ou diversos outros benefícios que só aumentam o efeito de economia de escala na centralização destas redes.
Nano é descentralizada e tem os incentivos corretos para que se torne cada vez mais descentralizada, ao ser um dos únicos protocolos que enxergou e resolveu esse problema. Manter a rede viva e mais segura, com maior descentralização na nano, é o único incentivo necessário.
“O argumento de descentralização na Nano é forte porque é o sistema mais simples e com menor risco em que as pessoas possam participar do consenso. De um ponto de vista econômico: a necessidade de se ter despesas de capital e oferecer recompensas monetárias resultará em economias de escala tentando minimizar o custo de capital e maximizar o retorno, o que leva inevitavelmente à centralização”.
– Colin LeMahieu, Fundador da Nano.
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