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O que é o Voto Monetário?

Urna de votação - vote com seu dinheiro

O segundo turno das eleições de 2022 se aproxima e muitos já decidiram em quem irão votar nas urnas, ou se é que irão votar em alguém. Neste artigo vou abordar o que seria o conceito de Voto Monetário –  que não interfere em nada sobre sua decisão no domingo, mas que pode te fazer refletir sobre como se proteger de decisões diferentes da sua.

Democracia e o voto – Lula contra Bolsonaro

Ao olhar para a etimologia da palavra democracia, sua origem vem do grego ​​dēmokratía, de dêmos ‘povo’ + kratía ‘força, poder’. A ideia do conceito é de construir um sistema onde o povo tenha o poder sobre seus governantes.

Na definição do dicionário, democracia é definida como:

  1. Governo em que o povo exerce a soberania.
  2. Sistema político em que os cidadãos elegem os seus dirigentes por meio de eleições periódicas.
  3. Regime em que há liberdade de associação e de expressão e no qual não existem distinções ou privilégios de classe hereditários ou arbitrários.
Definição de democracia do Google, conforme matéria.
Definição de democracia

O voto, então, é uma forma do povo demonstrar suas crenças, intenções e expectativas de acordo com o que ele [o povo] deseja. É uma forma de externalizar essa voz e atingir o consenso sobre algumas decisões.

Na democracia representativa do Brasil e da maioria dos países que utilizam sistemas democráticos, o poder não é diretamente exercido pelo povo, como acontece, por exemplo, nas Organizações Autônomas Descentralizadas (DAOs) baseadas em blockchain. Este poder é aplicado para escolher governantes e representantes que deveriam, em teoria, atender às demandas do povo.

Não entrando no mérito de se isso realmente ocorre e da teoria dos jogos e incentivos que existem nesse sistema, muitas vezes criando situações de conflito de interesse entre o representante eleito e os desejos daqueles que o elegeram, o que acontece com a outra parte do povo que optou por outros representantes?

Eles perdem a batalha do consenso e são obrigados, pelos próximos quatro anos, a obedecer às decisões das quais eles eram, normalmente, contrários.

E é neste cenário onde criamos um ambiente de conflito – e até mesmo confronto – entre os pólos mais incompatíveis. Muitas vezes gerando medo no povo, em um sistema onde ele deveria ter força. Para as disputas presidenciais atuais, por exemplo, existe medo real de cerca de metade da população perante a eleição de Bolsonaro; e existe medo real de cerca da outra metade da população perante a eleição de Lula.

Ainda não sabemos quem irá vencer, mas sabemos com certeza que será apenas um deles, já que porcentagem de abstenções, brancos e nulos não contam como “voz do povo” – o que é errado, na minha opinião, e não reflete um sistema democrático, mas tudo bem, as coisas são assim.

Se você tem medo do Bolsonaro ser eleito; ou se você tem medo do Lula ser eleito, como você se protege de cada uma destas ameaças percebidas pela sua opinião?

Este é um assunto complexo e não acredito que existam respostas fáceis. De uma forma ou de outra, estaremos mais ou menos vulneráveis enquanto continuarmos vivendo sob este sistema, mas existem sim algumas formas de minimizar os impactos negativos que as decisões ruins de cada um deles possam trazer para a sua vida.

Este post não tem a intenção de ser um manual completo sobre todas elas, pois não existe espaço e tempo hábil para isso, mas quero apresentar uma das possíveis soluções. Que não resolvem o problema como um todo, mas ajudam.

Quero falar sobre o voto monetário.

O conceito de voto monetário

Uma das ferramentas que mais criam dependência do governo eleito e o que possibilita com que muitas políticas sejam aplicadas, é o controle do dinheiro. O dinheiro é (ou era) ainda uma das poucas coisas que são (ou eram) completamente estatizadas.

Não há (ou havia) opção. Ou você usa (ou usava) o dinheiro do Banco Central, com uma administração independente, mas influenciada pelo político eleito em seu mandato, ou você está (ou estava) fora do sistema econômico do país. Cada país tem sua própria moeda e obriga por lei as pessoas a usarem a sua própria moeda – e nenhuma outra.

Algo muito semelhante ao que acontecia no sistema feudal, onde cada senhor feudal possuía sua própria moeda de ouro.

Com o controle total da governança sobre o dinheiro, o Banco Central, aliado ao governo democraticamente eleito, toma decisões administrativas que favorecem este governo e, teoricamente, a parcela do povo que votou a seu favor.

A “impressão do dinheiro”, que na realidade é a inflação da oferta de moedas em circulação, que causa aumento dos preços e outras consequências econômicas, é feita com base nessa mesma administração e o que possibilita todos os outros programas do governo.

Com o avanço da tecnologia e dos sistemas econômico-sociais, hoje já é possível escolher entre outras moedas – e é aí onde entra a questão do voto monetário.

O autor Friedrich Hayek trata sobre isso em seu livro: “a desestatização do dinheiro”; onde ele apresenta uma tese de que, caso o dinheiro fosse tratado como qualquer outro produto, em um mercado competitivo, as pessoas naturalmente escolheriam o melhor dinheiro, com as melhores características e emitidos e controlados pela entidade que eles mais confiam.

No mercado de criptomoedas, temos diversas opções de moedas que podem ser utilizadas como dinheiro, com diferentes características, que atraem diferentes entusiastas e usuários; da mesma forma que com diferentes propostas de governança, como a governança descentralizada.

Entre elas poderíamos citar:

  • Bitcoin (BTC), pioneiro e precursor de todas as outras;
  • Bitcoin Cash (BCH), resultado de uma divisão na governança do bitcoin, por discordâncias naturais que podem surgir em qualquer projeto;
  • Ripple (XRP), com foco em operações interbancárias;
  • Monero (XMR), com foco em privacidade e anonimato;
  • Nano (XNO), com foco em eficiência e transações sem taxas;
  • Ethereum (ETH), com foco em servir de base para a criação de outros projetos;
  • Entre tantas outras.

Ao se falar de escolha, cada pessoa decide utilizar a moeda que mais se adequa para sua necessidade naquele momento, ou com a governança mais alinhada com suas próprias crenças e desejos. É uma espécie de voto. As pessoas podem votar com seu dinheiro, ou com sua escolha de qual dinheiro usar. Enriquecendo o ecossistema que elas mesmas escolhem.

É o voto monetário.

Quando trazemos esse conceito para a realidade dos bancos centrais e democracia, podemos votar também contra o governo eleito, ao decidir utilizar outras moedas que não a emitida sob sua governança.

Com o voto monetário, ao decidir guardar seu patrimônio financeiro em outra moeda que não o real (BRL), por exemplo, o povo reconquista o verdadeiro poder e demonstra sua verdadeira força. Afinal, dinheiro precisa ser utilizado e adotado para que tenha valor. E ele precisa ter valor para que o governo consiga governar.

Com o voto monetário, as decisões deles têm menos impactos em sua própria realidade. Pelo menos no quesito financeiro – existem outros pontos a se observar, mas como falei, não vou entrar em detalhes.

Vote com seu dinheiro

Neste 2022, uma das eleições mais polarizadas da história do Brasil e mais dominada pelo sentimento de medo e repulsa entre os pólos, te convido a votar com seu dinheiro. Tomar uma decisão financeira de se proteger e demonstrar suas escolhas.

Independente do resultado, te convido a buscar soberania financeira através do voto monetário. Escolha sua moeda preferida. Leia sobre ela, estude suas propostas e entenda o que cada uma está tentando resolver. Aprenda!

Reflita se a solução proposta faz sentido para você… E vote com seu dinheiro.

Para te ajudar nessa caminhada, te convido também a participar de nossa comunidade, com diversos entusiastas de diferentes moedas, para discutir ideias, propostas, problemas e soluções.

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