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Até o Banco Central Europeu sabe que seu dinheiro vale nada

banco central europeu

Quem estuda um pouco sobre a história do dinheiro, sabe que o dinheiro sempre teve seu valor baseado em características específicas como: reserva de valor, escassez, reputação, divisibilidade, unidade de conta e entre outras.

Um pouco da história do dinheiro

As pessoas já chegaram a utilizar trigo, conchas, tecidos e ouro para ter pelo menos um bom conjunto dessas características, mas a principal delas era servir como uma reserva de valor e uma unidade de conta.

Ou seja, para aceitar uma mercadoria como moeda, ela precisaria conservar seu valor e ser contável. Dificilmente Ovos seriam uma moeda, porque eles estragam e quebram facilmente. Eu também não poderia aceitar abraço como pagamento, porque não existe meio abraço, por exemplo.

Resumidamente, as pessoas guardavam suas riquezas em objetos que pudessem ser utilizados como uma reserva de valor, como uma forma de tentar garantir que a minha riqueza amanhã valerá pelo menos a mesma coisa que vale hoje.

O ouro foi utilizado por milênios como reserva de valor e dinheiro, exatamente pelos motivos que foram expostos acima. Ele é divisível, confiável, escasso (difícil de obter), não enferruja ou estraga e pode ser utilizado como unidade de conta.

O começo do problema

O problema é que as coisas evoluíram para as moedas fiduciárias, que eram lastreadas em ouro, até o ex-presidente Nixon resolver acabar com isso.

Desde então, as moedas são baseadas na confiança da sociedade por seu emissor, isto é, o banco central do país que emite ela. A nossa moeda virou uma dívida do governo emissor contigo e como ele vai pagar essa dívida? Com a moeda dele. Genial.

Ou seja, de forma prática, os bancos privados e centrais podem criar dígitos no computador e pronto, dinheiro novo foi criado.

Além desse dinheiro não terem lastro, os bancos não são obrigados a manter sob custódia 100% dos depósitos efetuados nas contas. Eles podem manter uma parte desses depósitos e emprestar a outra parte, no que é chamada reserva fracionária.

Isso significa que existe mais dinheiro emprestado do que sob custódia, se todo mundo fosse resgatar seu dinheiro ao mesmo tempo, não teria dinheiro para todo mundo. O nome disso é corrida bancária.

Não coincidentemente depois da extinção do lastro em ouro, vieram duas grandes crises: a da Bolhapontocom em 2001 e a Bolha Imobiliária em 2008. Eu tenho um texto que explica o motivo de não ser coincidência, veja aqui.

Resumidamente, a criação de moeda através de crédito e políticas de incentivo econômico criam um descompasso na economia, levando a uma recessão econômica.

Todo esse dinheiro criado, necessariamente não vira nota de papel. Ele entra no mercado de ações, imóveis e ativos dos bancos. Sabe qual o problema disso? A maioria desses mercados está crescendo com um dinheiro que não existe. Uma hora a correção chega.

Não sou eu, um humilde estudante de Economia quem está dizendo isso, é o Banco Central Europeu, no tweet abaixo:

A pergunta no caso foi: “De onde vocês tiram dinheiro para financiar o Afrouxamento Quantitativo?”. A resposta do BCE foi: “Como um banco central, podemos criar dinheiro para comprar ativos”.

Afrouxamento quantitativo

O Afrouxamento Quantitativo foi uma medida desesperada que consistia em criar dinheiro para comprar títulos imobiliários e outros ativos podres dos bancos, para evitar falências e um colapso do sistema financeiro em 2008.

É isso que você está lendo, os bancos centrais criaram dinheiro do nada para dar para os bancos. Foi isso que motivou o Satoshi Nakamoto a criar o Bitcoin, que tem um limite de emissão a aproxidamente 21 milhões de unidades.

Nosso dinheiro, em teoria, não vale nada. Ele só é usado porque existem leis de curso forçado onde os governos obrigam pessoas a executarem contratos, pagarem impostos e fazer transações com a moeda emitida.

Na prática, ele só vale porque as pessoas acreditam nisso. Você sabia que muita gente acha que nossa moeda é lastreada em ouro? Quando ninguém acredita que a moeda vale alguma coisa, o país vira Venezuela. Chegamos perto disso nos anos 80.

Santinho de eleição? Não, é dinheiro mesmo.

Meu pai dizia que quando via uma nota de 10 cruzeiros no chão, não se dava ao trabalho de agachar para pegá-la. Não é porque ele é rico, é porque os 10 cruzeiros não pagavam o esforço necessário para isso.

Quando chegamos a esse ponto, o dinheiro perde o sentido. As pessoas correm para qualquer ativo que possa servir como reserva de valor. Não é por moda que os Venezuelanos correm para as criptomoedas.

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