Em entrevista para o podcast de Douglas Tuman, o principal desenvolvedor da carteira Samourai Wallet, afirmou que o bitcoin não terá melhoria significativa de privacidade no protocolo e explicou os motivos para acreditar fortemente nisso.
Bitcoin não é privado?
O bitcoin é um sistema completamente transparente, você pode ir agora mesmo no blockchain.info e olhar todas as informações sobre tudo que aconteceu na rede desde sua ciração. É como se sua conta bancária estivesse aberta para todos e as pessoas soubessem apenas o número da conta, podendo ver os valores usados e os outros números de conta para quem você enviou os valores.
Em suma, a narrativa de que o btc é um criptoativo obscuro, usado por criminosos e perigoso para a sociedade é uma completa invenção da mídia. O Bitcoin é um sistema pseudo-anônimo com baixa privacidade.
Aliás, a primeira pessoa que identificou os problemas com o anonimato do bitcoin foi a primeira a receber uma transação de bitcoin na história, Hal Finney – ainda em 2009 – afirmou que “estava procurando maneiras de adicionar mais anonimato ao bitcoin”.
Looking at ways to add more anonymity to bitcoin
— halfin (@halfin) January 21, 2009
Desde então, muitas propostas foram criadas mas nenhuma mudança considerável foi feita.
Desenvolvedor da Samourai Wallet desabafa
Mesmo com problemas, alguns cypherpunks lutam para dificultar a vida de bisbilhoteiros no blockchain. Um deles é o principal desenvolvedor da Samourai Wallet, ele explicou em podcast com Douglas Tuman que está tentando lutar na layer da aplicação para confundir empresas que usam análise de dados em blockchain e adotam práticas de KYC e AML.
ChainAlysis e outras organizações utilizam de dados no blockchain do bitcoin para inferir com ótimo grau de certeza se as transações passaram por algum ente considerado ilegal por algum governo. Esses dados são muitas vezes usados para barrar transações em corretoras de criptoativos.
Mas nem sempre foi assim e por muito tempo boa parte da comunidade esperava que teríamos melhorias consideráveis na privacidade do bitcoin no nível de protocolo:
“Em 2012 nós acreditávamos que a questão da privacidade seria resolvida algum dia no protocolo do bitcoin, mas isso não aconteceu e nesse ponto eu não vejo melhoria de privacidade para o Bitcoin”, disse o desenvolvedor da Samourai.
Apesar de considerado um upgrade de privacidade, o desenvolvedor da Samourai acredita que o Taproot não cria vantagens significativas e as esperadas para o upgrade foram cortadas de última hora.
“Nós temos muitos maximalistas bem informados que falam que o Taproot é uma melhoria considerável de privacidade, mas não. A atual melhoria do Taproot era a agregação de assinaturas, mas essa parte foi retirada antes da sequência de ativação ter começado”
O desenvolvedor ainda afirmou que os defensores do compliance nas criptomoedas são contrários à privacidade, pois eles acreditam que isso pode afetar o preço da criptomoeda.
Um desses defensores é Tone Vay, banqueiro que ficou 10 anos em Wall Street e foi VP no JP Morgan, hoje um dos principais críticos da Samourai Wallet. No documentário Bitcoin: Beyond the Bubble, Vays afirma acreditar na teoria do valor do trabalho defendida por Karl Marx e no valor intrínseco de um ativo, duas ideias que são vistas como ‘terraplanismo‘ econômico por algumas escolas de economia. Nas últimas semanas a carteira foi atacada por maximalistas do bitcoin por integrar uma função que poderá dificultar a análise das transações públicas do bitcoin, o atomic swap com o Monero.
Para o desenvolvedor da Samourai a tecnologia e matemática por trás da moeda de privacidade Monero é “sound”, ou seja, muito boa e pode ser usada para confundir empresas de análise no blockchain do bitocin.
A Samourai irá implementar nos próximos meses a troca atômica entre Bitcoin e Monero, o que permitirá a negociação dos dois ativos sem um intermediário central.
Leia também: