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Itaú ataca XP, mas faz pior com seus clientes

Itaú vs XP

O Itaú Unibanco, o maior banco da América Latina, lançou uma campanha de marketing agressiva contra as corretoras independentes e ataca frontalmente a XP Investimentos, empresa que o banco é dono de 49%.

Itaú “vai para o pau com a XP”

Ontem, no intervalo do Jornal Nacional o Itaú veiculou uma propaganda na qual acusava produtos financeiros oferecidos por corretoras e assessores independentes de estarem enviesados e de não oferecerem os melhores produtos para seus clientes.

Assista a propaganda do Itaú, ao melhor estilo Mac vs. PC:

“Em 2019, a corretora fez muito investidor se achar o Rei de Wall Street. O que não estava claro é que eles ganhavam comissão por cada recomendação de investimento. Agora você já sabe a verdade. Em 2020, invista com os especialistas isentos do Itaú Personnalité. Em 2021, você vai se agradecer por isso.” diz o Youtube do Itaú Personalité.

A resposta da XP foi rápida e direta. O fundador e presidente da XP, Guilherme Benchimol, publicou uma nota dizendo que “se tem algo que o banco não é, nem nunca foi, é ser feito para você.” 

“Quem nunca recebeu uma oferta do seu banco com um cheque especial abusivo, um empréstimo com as mais altas taxas de juros do mundo, um “investimento” na caderneta de poupança, um título de capitalização desnecessário, um fundo com taxas exorbitantes, um consórcio para bater a meta do fim do mês e assim por diante?

….

A nova campanha do Itaú ataca o comissionamento dos assessores na distribuição de produtos financeiros, como se ganhar dinheiro com o trabalho fosse errado. Sempre fomos transparentes nisso. O assessor é um empresário, um empreendedor que tem a sua própria empresa e somente sobrevive se a visão for de longo prazo, com um cliente realmente satisfeito e muita ética em todas as suas atitudes. Se ele falhar, não poderá mudar de emprego, mas, sim, fechará o seu negócio.”, continuou Benchimol.

Mas toda essa briga pode não fazer tanto sentido assim.

Itaú fez pior e errou feio

itaú atacando XP, meme do homem aranha apontando pra si mesmo

Além do Itaú ser o maior acionista da XP, o que já torna a desavença sem muito sentido, o “bancão” também errou em suas recomendações de 2019 para 2020.

E não foi somente o fato de também não estarem prevendo a crise do coronavírus (mesmo com a epidemia fazendo vítimas na China), recomendando o aumento da exposição em ações nacionais em janeiro deste ano, mas errando também em previsões da taxa selic, por exemplo.

No vídeo de recomendações de investimento para janeiro, o gerente de recomendação do banco afirma estar zerando as recomendações em pré-fixado, pois a taxa de juros deveria cair somente mais uma vez em fevereiro, pois já havia caído demais.

Acreditava-se que após o corte de fevereiro, que de fato aconteceu, a selic ficaria parada por um tempo e o mercado começaria a discutir quando as taxas voltariam a subir. Mas o que estamos vendo é que o Banco Central já reduziu a taxa selic mais 2 vezes depois disso e talvez reduza ainda mais.

Um dos fundos recomendados no vídeo, o Itaú Ações Momento 30, teve rentabilidade de -23,43% em 2020. Enquanto isso, o Bitcoin, tão ostracizado pelo banco, enxergou alta de 69,88% no mesmo período.

Bitcoin YTD (de janeiro até hoje)
Em Real, a cotação da criptomoeda aumentou consideravelmente de janeiro até hoje (YTD). Fonte: Foxbit.
"em 2021 você vai se agradecer por [investir com o Itaú Personnalité]"
Será?

Itaú e sua guerra contra o Bitcoin

Falando em criptomoedas, o Itaú é conhecido no mercado de criptoativos como um dos piores bancos para negociadores autônomos de bitcoin e corretoras de criptomoedas. Você já viu uma grande corretora de bitcoin usando o Itaú?

Provavelmente não, pois o banco não permite movimentações de pessoas ligadas a esse mercado, uma censura velada que está sendo investigada pelo CADE. Em um processo na autarquia, o Itaú afirmou que as “moedas virtuais são potencialmente vulneráveis à lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo”.

Veja também: Itaú é multado em até R$4bi por fraude fiscal

Além disso, o maior banco da América Latina fez uma triste campanha de marketing sobre seus avanços com blockchain, sem mesmo citar o maior caso de uso da tecnologia até o momento, o bitcoin.

A criptomoeda já está sendo usada por investidores institucionais em Wall Street, por gurus do mercado financeiro como Robert Kiyosaki e até mesmo pelo gestor do Fundo Verde Luis Stuhlberger, além de já ter sido testada por 10 anos e vem ganhando adoção como política de estado em alguns países.

O Bitcoin já está mais que validado e o Itaú sabe disso, porém, o medo de perder o papel de intermediador tenha feito o banco ficar acuado. Com o bitcoin, você é o seu próprio banco.

E fica a pergunta: Será que algum dos gerentes do Itaú recomendam o melhor investimento da última década para seus clientes com perfil arrojado? Pelo menos a XP já tentou se aventurar nesse mercado.

*Matéria feita com colaboração de Neto G.

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