O Banco Mundial está preocupado com o plano da República Centro-Africana para criar um polo cripto por falta de transparência e efeitos na inclusão financeira.
A República Centro Africana (RCA), que depende de doadores para mais da metade de seu orçamento, aprovou em abril uma lei que torna o bitcoin legal no país. A adoção ocorreu de maneira abrupta e não-consultiva, e tem sido cercada de mistérios, principalmente dado que o acesso a internet no país é apenas cerca de 11%
Nessa semana, por meio das redes sociais de seus representantes governamentais, a RCA anunciou que agora planeja uma zona econômica de criptomoedas, chamada Sango. Os posts incluíam uma apresentação do plano, que mencionava uma doação de US$ 35 milhões pelo Banco Mundial para digitalizar o setor público da nação.
O Ministro da Economia Digital da RCA, Justin Gourna Zacko, destacou que as criptomoedas podem ajudar a contornar o controle das transferências internacionais pelo banco central. As remessas mais baratas também foram uma das forças motrizes por trás da adoção do Bitcoin em El Salvador.
“Temos preocupações com a transparência, bem como com as implicações potenciais para a inclusão financeira, o setor financeiro e as finanças públicas em geral, além das falhas ambientais”
Banco Mundial sobre o projeto
O Banco dos Estados da África Central, que estabelece a política monetária para seis países da região, disse que não estava ciente, mas se opôs ao plano. O banco atualmente rege a política monetária do franco CFA da África Central – descendente de uma moeda colonial francesa. Por isso, o presidente da RCA alegou que a “economia formal não é mais uma opção.”
Segundo o Banco Mundial, o financiamento de $35 milhões de dólares aprovado destina-se a melhorar o sistema de gestão financeira pública existente através da digitalização de processos, tais como pagamentos de salários e arrecadação de impostos, e não o projeto cripto.
O Banco Mundial não está apoiando Sango, o empréstimo não está relacionado a nenhuma iniciativa de criptomoedas.
A volatilidade do Bitcoin, que registrou uma queda de 30% este ano, também pode ser uma má notícia para a RCA. O quinto país mais pobre do mundo, rico em reservas de ouro e diamantes, tem sido vítima de violência civil por anos.
Com uma economia de cerca de $2.3 bilhões de dólares, a RCA está buscando maneiras de desenvolver seus recursos. O governo espera que o novo plano ajude a financiar projetos de infraestrutura.
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