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Léo Lins desafia o sistema e queima “dinheiro”, outro crime cometido?

Léo Lins queimando dinheiro

O humorista, escritor e comunicador Léo Lins foi condenado a pagar R$15 mil em uma disputa judicial. Logo após a condenação ele, aparentemente, pode ter cometido outro crime. Talvez um crime que todos os brasileiros deveriam cometer.

Léo Lins: o rei do humor negro 

Léo Lins é considerado o rei do humor negro no Brasil e um dos humoristas responsáveis por trazer a comédia de stand-up para o cenário do entretenimento nacional.

O humor negro não tem a ver com a cor de pele de qualquer ser humano, ele está relacionado a um estilo de comédia marcado por temas polêmicos, muitas vezes considerados “intocáveis” pela sociedade como religião, doenças, morte e sexualidade. 

Com temas tão delicados, já era de se esperar que ele fosse alvo de processos e ataques de todos os espectros políticos. Além disso, o humorista também sofre com frequentes cancelamentos no Twitter, o que não parece abalar seu trabalho, muito pelo contrário.

Léo Lins, o humorista mais censurado do Brasil?

Léo Lins censurado

O último ataque veio da Justiça, que condenou o humorista a pagar R$15 mil por um possível uso “indevido” da imagem de uma pessoa conhecida publicamente na cidade de Jacareí, no interior de São Paulo. 

Ele, Danilo Gentili e outros humoristas não alinhados com a agenda política progressista sofrem perseguição da Justiça brasileira, que recorrentemente tenta restringir a atividade humorística por meio de multas, censura e até mesmo ameaças de prisão. A cultura da censura também acontece no poder Executivo e Legislativo, o rei do humor negro brasileiro já teve seu show censurado em 25 cidades.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, o Brasil se posiciona em 6° lugar entre o ranking das nações mais perigosas para jornalistas e comunicadores, atrás somente da Síria, Iraque, Paquistão, México e Somália. 

Segundo dados do Google, desde 2009 o governo brasileiro já pediu para remover mais de 91.272 itens do buscador, dos quais 2,1% eram referentes a remoção política. Em comparação, os Estados Unidos tiveram apenas 0,3% das requisições relacionadas a remoção política de conteúdo. 

Outro crime sem vítima de Léo Lins?

No vídeo “×͜× – Fui condenado a pagar 15 mil para um”, no qual Léo explica os motivos da condenação na cidade de Jacareí, o humorista pega um charuto cubano e acende em uma nota de R$100,00, aparentemente falsa. 

Léo Lins queimando dinheiro

Se a nota fosse real, Léo Lins poderia enfrentar detenção de seis meses a três anos de acordo com a interpretação majoritária de alguns juristas.

“Rasgar dinheiro é crime (destruição, inutilização), riscar dinheiro ou escrever em nota também é crime (deterioração). Se o próprio agente (particular) rasga, suja, inutiliza ou destrói (uma cédula de dinheiro pode ser destruída literalmente pondo fogo sobre ela, por exemplo), papel-moeda ou metálico, ainda que seja de sua propriedade, configura-se o crime de dano qualificado, previsto no artigo 163, parágrafo único, inciso III, do Código Penal, segundo a doutrina majoritária.” – afirmou Jesseir Coelho de Alcântara, juiz e professor de direito. 

Isso significa que o dinheiro na sua carteira, na verdade, não é completamente seu. Você tem a posse, mas não a propriedade para fazer o que quiser. 

Aliás, o governo pode a qualquer momento confiscar seu dinheiro. A Constituição autoriza a criação do “empréstimo compulsório”, medida na qual o governo “pega emprestado” o dinheiro de todos os brasileiros sem autorização expressa do cidadão. A medida, contudo, só pode ser decretada pelo Congresso por meio de Lei Complementar, com maioria absoluta e em três situações:

  • Quando o Brasil estiver envolvido em situação de guerra externa;
  • Na realização de investimentos públicos que se entendam como urgentes;
  • Em caso de calamidade pública;

O empréstimo compulsório foi sugerido por um deputado do PL no começo da pandemia, mas descartada pelo Congresso. Não podemos esquecer também do confisco da poupança em 1990 pelo então presidente Fernando Collor de Melo. O Brasil definitivamente não passa uma boa impressão quando o assunto é segurança jurídica.

Bitcoin, o gigante da liberdade de expressão

Podemos dizer que a segurança jurídica da Justiça brasileira é tão pequena que se quisesse poderia entrar facilmente em um UFC de anões. 

O “UFC” de anões se chama Rough N Rowdy (RNR)” | Foto retirada do Youtube

Do outro lado do octógono da segurança temos o bitcoin, uma rede gigantesca com o poder computacional maior do que todos os supercomputadores combinados. O bitcoin é o primeiro ativo do planeta que é impossível de ser confiscado por força física do governo.

Leia também: Conheça o único bem não confiscável do mundo

Além da segurança computacional, o bitcoin te dá segurança monetária. Serão emitidas apenas 21 milhões de moedas até ~2140, sendo que a cada 4 anos a emissão é cortada pela metade. A criptomoeda é utilizada por ativistas e por organizações de direitos humanos pró-liberdade de expressão, como a Freedom of the Press Foundation.

Com bitcoin o dinheiro é completamente seu, você pode usar para comprar qualquer coisa sem precisar de autorização. Aliás, você pode até queimá-lo no “fogo criptográfico” do blockchain ao enviar uma transação para o criador da criptomoeda, explicamos o porquê das pessoas fazerem isso no texto “Pessoas ainda continuam mandando Bitcoins para Satoshi Nakamoto”, vale a pena ler.  

Enquanto não tivermos a liberdade de queimar ou colocar o Spock de Star Trek no nosso próprio dinheiro, não seremos livres. ‘Vandalizar’ o dinheiro não é coisa de brasileiro, os canadenses (conhecidos pela sua extrema educação) entraram na mania, que seria crime no Brasil, de desenhar Spock nas notas de 5.

Se não podemos vandalizar nosso dinheiro, o governo faz um papel pior ao destruir literalmente o valor da moeda. Desde 1994, o real já perdeu 84% do poder de compra e isso não está parando, o governo Bolsonaro já diluiu o valor da nossa moeda ainda mais, principalmente após imprimir em 3 anos mais dinheiro que Lula em 7.

Talvez, Léo Lins esteja correto em simbolizar a destruição de um dinheiro que financia o fim da liberdade de expressão, corrupção e que vale cada vez menos. É hora do plano ₿?

Ouça também o nosso podcast sobre como uma moeda meme está mudando o mercado financeiro financeiro no episódio “Dogecoin: a piada mortal” dos Bits Semanais.

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